*Por Luiz Costa
O cenário governamental no Brasil tem passado por transformações profundas nos últimos anos, impulsionadas pela ascensão das GovTechs. O contexto atual é marcado pelo estabelecimento do tripé regulatório, composto pela Nova Lei de Licitações (n° 14.133/2021), a Lei do Governo Digital (n° 14.129/2021) e o Marco Legal de Startups e do Empreendedorismo Inovador (Lei Complementar n° 182/2021). Essas leis têm catalisado avanços significativos, tornando o setor público mais acessível e integrado digitalmente.
Tecnologias transformadoras
As práticas e tecnologias inovadoras desenvolvidas pelas GovTechs têm desempenhado papel fundamental na otimização do trabalho realizado em níveis municipal, estadual e federal. Isso é evidenciado pelo aumento significativo dessas organizações em nosso país, conforme apontado pelo Mapa GovTech Brasil 2024, um estudo conduzido pela BrazilLAB com o suporte da Oracle. O relatório revelou crescimento impressionante de 500% no número de companhias entre 2020 e 2023. É interessante notar que a maior concentração dessas empresas está na região Sudeste, representando 51,79% do total.
Atualmente, por exemplo, há tecnologias que estão revolucionando o setor de saúde, oferecendo soluções inovadoras para melhorar o acesso e a eficiência do que está sendo ofertado para a população. Já é possível agendar consultas médicas por meio deaplicativos de mensagens como o WhatsApp. Além disso, startups estão utilizando recursos modernos para reduzir as longas filas de espera por consultas com médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS). Na área da educação, por sua vez, há sistemas que permitem aos cidadãos reservar ou realizar a matrícula de seus filhos sem sair de casa. Outros serviços, como solicitar segunda via de documentos ou reparos na iluminação das vias públicas, agora também podem ser feitos com maior agilidade, praticidade e simplicidade.
Superando barreiras
Contudo, ainda existem desafios a serem enfrentados. A resistência cultural e organizacional por parte dos servidores públicos representa um obstáculo significativo, uma vez que muitos colaboradores desenvolveram suas atividades de maneira específica ao longo dos anos. Ao serem introduzidos à inovação, que apresenta abordagens mais ágeis e eficientes, é natural que haja um período inicial de adaptação. Por isso, é essencial promover capacitação e mudança de mentalidade para que os avanços sejam devidamente assimilados. Isso não apenas os capacitará a serem mais ágeis, inovadores e resilientes, mas também garantirá uma transição suave para novas práticas. Além disso, o excesso de burocracia continua sendo um desafio crucial a ser superado, constituindo uma barreira significativa para a eficiência de processos.
Medindo o progresso
Para medir o efeito e a agilidade dessas iniciativas, é necessário estabelecer indicadores de desempenho, como aumento da produtividade, redução de custos e maior disponibilidade de serviços. Uma gestão financeira responsável também é fundamental para garantir que os investimentos sejam direcionados para as áreas prioritárias.
É importante ressaltar que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito. O setor público brasileiro está em constante evolução, impulsionado por plataformas digitais que promovem o engajamento do cidadão e a transparência. As mudanças não apenas melhoram a efetividade dos serviços, mas também fortalecem a democracia, permitindo um diálogo mais amplo entre governo e sociedade. As GovTechs representam uma revolução na forma como as ações são prestadas no Brasil. Com inovação e colaboração, é possível continuar progredindo rumo a uma gestão pública mais eficiente, ágil e transparente.
*Luiz Costa é head de inovação da Dome Ventures, uma venture builder GovTech que nasceu com o propósito de transformar o futuro das instituições públicas no Brasil.
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