* Por Luiz Alberto Ferla
A “Geração Y”, também chamada de Millennials, já representa metade da população ocupada no Brasil, o equivalente a 47 milhões de pessoas, segundo o mais recente levantamento sobre mercado de trabalho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse grupo de trabalhadores, com idades que vão de 19 a 39 anos, presenciou a maior das revoluções da história: a massificação do uso da internet. É um grupo significativo da população, que se desenvolveu junto com a tecnologia e entendeu que os avanços por ela proporcionados permitem uma maior interação, participação e acesso a conhecimentos. Os Millennials mudaram padrões e renovaram as relações de trabalho, educação, consumo e comportamento.
Essas pessoas cresceram com os recursos tecnológicos à disposição. Foram iniciadas no desktop, migraram para o mobile e estão sempre conectadas. Por isso, estão acostumadas com um grande fluxo de informações, as consomem com facilidade e rapidez e também gostam de aprender informalmente. Com isso, a ideia de aprender somente durante certo período da vida, para depois se dedicar a uma carreira, ficou obsoleta. Deu lugar ao lifelong learning, conceito que no Brasil tem o nome de educação continuada ou aprendizagem ao longo da vida.
Em razão do crescimento do número de pessoas da “Geração Y” no mercado de trabalho, esse é um tema cada vez mais em foco, apesar de não ser novo. Já na década de 1990, a ideia de aprendizagem constante era tratada como uma necessidade por profissionais que desejavam se manter atualizados – os lifelong learner, ou eternos aprendizes. A grande diferença é que, antes, essa ideia estava centrada em uma aprendizagem formal, que dependia de uma figura que ensinasse algo. Aos poucos, ela passou a ser centralizada também em quem aprende, uma necessidade dos Millennials.
O espanhol Juan Ignacio Pozo, especialista em Psicologia da Aprendizagem, costuma observar em sua produção científica que “nunca houve tantas pessoas aprendendo tantas coisas ao mesmo tempo como em nossa sociedade atual”, e que essa aprendizagem se tornou não apenas uma exigência social crescente, mas também uma “via indispensável para o desenvolvimento pessoal, cultural e mesmo econômico dos cidadãos”. Nesse contexto, cada pessoa assume a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento, considerando aonde quer chegar ao unir perspectivas pessoais e profissionais.
O levantamento de Tendências Globais de Capital Humano 2020 da consultoria Deloitte — elaborado a partir de entrevistas com 9 mil líderes de negócios e de Recursos Humanos de 119 países — também indica que os profissionais classificam a “oportunidade de aprender” como uma das principais razões para procurar um emprego, e os líderes empresariais sabem que mudanças na tecnologia, longevidade, práticas de trabalho e modelos de negócios criaram uma grande demanda por desenvolvimento contínuo e duradouro.
Os avanços tecnológicos têm sido fundamentais para tornar o lifelong learning mais acessível, pois têm resultado em soluções de metodologia e acesso fácil e que permitem ao colaborador escolher o que ele quer aprender, quando e como. Graças à popularização dos dispositivos mobile, o ensino, antes restrito ao ambiente formal da sala de aula, ganha novas possibilidades e espaços por meio da educação digital.
Além disso, a interação propiciada pela internet permite uma modalidade de ensino a distância mais dinâmica, que investe em novas formas de aquisição de conhecimento. Elas ultrapassam a relação professor e aluno e se estabelecem também na troca de experiências e aprendizado colaborativo, princípios fundamentais para o lifelong learning. Para proporcionar uma boa jornada de aprendizagem, as empresas precisam fornecer mais ferramentas que ajudem os colaboradores a gerenciarem a carreira.
A LXP, sigla para Learning Experience Platform ou Plataforma de Experiência de Aprendizagem, é uma das principais tecnologias que vem ao encontro dessa necessidade. A ferramenta oferece experiências de aprendizagem online personalizadas para os usuários, permite acessar conteúdos de fontes diferentes (conteúdos desenvolvidos pela própria companhia ou outros disponíveis no mercado) em um único portal e ajuda os colaboradores a descobrirem oportunidades de aprendizagem.
O principal ganho é o empoderamento do colaborador, que faz escolhas a partir de sua projeção de carreira e não simplesmente de um plano de carreira traçado pela organização. Esse protagonismo e a liberdade de poder desenhar a própria carreira, em sintonia com a estratégia da empresa, estimulam à aprendizagem e à atualização contínua — duas condições fundamentais para as empresas aumentarem a competitividade no mercado.
* Luiz Alberto Ferla, fundador e CEO do DOT digital group.