Onde há um problema a ser sanado, quase sempre ali também está uma oportunidade para inovar e fazer negócios apresentando a solução ao mercado. No segmento da saúde, não é diferente. Esse foi o foco da palestra ‘Transformando Problemas de Saúde em Soluções Para o Mercado’, ministrada por Francisco Irochima, gerente de inovação da Liga, dentro da programação do primeiro dia do Go!RN, maior evento de inovação do Nordeste.
Este é o segundo ano consecutivo que a Liga Contra o Câncer reserva um espaço exclusivo dentro do Go!RN para abordar e incentivar a inovação dentro da área biomédica e em setores correlatos. A instituição é uma das correalizadoras do evento e participa do Go!RN, apresentando uma série de palestras no espaço Healthtechs.
Por meio das atividades desenvolvidas neste espaço, a expectativa é afastar a ideia de que inovação está sempre relacionada e restrita para pessoas que dominam a tecnologia, e aproximar as pessoas inovadoras ao ambiente de criação. Outro objetivo é apresentar soluções na área da saúde, incentivando o aumento de projetos no setor.
Segundo Irochima, a saúde é uma das maiores vocações do Rio Grande do Norte no âmbito da inovação. A Liga, uma instituição com 74 anos de experiência, possui ampla experiência nesse campo, contribuindo com soluções na área. “Há cerca de cinco anos, nós estabelecemos o escritório de inovação no Instituto de Ensino, Pesquisa e Inovação da Liga, com o objetivo de identificar problemas e criar soluções para resolver nossas dificuldades internas, transformando essas criações em produtos para o mercado”, enfatiza.
No contexto das inovações, o gerente explica que, ao contrário do senso comum, mais importante do que encontrar uma solução para um único problema é selecionar uma dificuldade que afeta uma grande quantidade de pessoas. Isso ocorre porque, à medida que a solução é encontrada, ela pode ser compartilhada com outros setores da área ou até mesmo vendida como produto ou serviço. Um exemplo real disso na Liga foi a criação de um dissolutor de medicação para pacientes que utilizam sonda para se alimentar.
“Identificamos esse problema entre os pacientes atendidos e, a partir disso, desenvolvemos um dispositivo que dissolve o medicamento com segurança, permitindo que seja injetado pela sonda. Esse foi nosso primeiro produto de saúde com patente depositada”, explica.
De acordo com o médico Francisco Irochima, gerente do Escritório de Inovação da Liga, foram seis meses de pesquisa entre a ideia e o protótipo. O instituto participou de todas as etapas do desenvolvimento do produto, dando suporte intelectual e técnico desde a avaliação da sua viabilidade, passando pela prototipação e depósito do pedido de registro de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI).
“A primeira etapa consistiu na ideação e aplicação dos métodos inventivos, seguida pela busca patentária realizada por um escritório credenciado contratado. Os desenhos vetoriais, a modelagem e a impressão 3D representaram, juntas, a terceira etapa. A quarta etapa consistiu dos testes e ajustes no protótipo, seguidos da elaboração e depósito do pedido de registro de patente”, afirma Irochima.
Os dispositivos promovem a dissolução do comprimido para que possa ser administrado de forma alternativa. O medicamento é colocado em uma câmara que, após ser conectada hermeticamente à uma seringa com diluente, promove a dissolução do comprimido por meio de movimentos de vai e vem do êmbolo da seringa. Também foi desenvolvido um obturador para ser utilizado da mesma forma, porém com o comprimido inserido dentro da seringa. Dessa forma, não há risco de vazamento, contaminação ou exposição do profissional que manipula a preparação de medicamentos potencialmente tóxicos.
“Para a Liga, que entra no rol das raras instituições com esse perfil, que têm um processo criativo interno materializado de forma formal em uma patente de invenção, é um incentivo para que nossos colaboradores tenham cada vez mais o olhar criativo, inovador e empreendedor para os problemas que enfrentamos no dia a dia”, finaliza.