Essa semana o Bitcoin, principal criptomoeda do mundo digital, atingiu o pico mais alto da história. De acordo com dados da Coindesk, site especializado no assunto, o preço da moeda aumentou 5,68% em um dia e ultrapassou o valor de US$ 63 mil a unidade, o que equivale a cerca de R$ 358.770.
No Twitter, o Document Bitcoin chegou a publicar que a moeda virtual passou a valer US$ 1,19 trilhões, número maior do que todo o mercado de ações da bolsa brasileira B3, que é de US$ 1,17 trilhões. Confira:
#Bitcoin is now worth more than Brazil's entire stock market. pic.twitter.com/XhfMNsHoma
— Documenting Bitcoin 📄 (@DocumentingBTC) April 13, 2021
Altos e baixos do Bitcoin
Em outubro do ano passado, o Bitcoin chegou a atingir a sua máxima histórica em reais, sendo negociada a R$ 70 mil. Após queda de quase 50% do preço em março, no início da pandemia, o ativo acumulava valorização que passa de 130% na moeda brasileira. No mês seguinte, novembro, superou a marca de US$ 18 mil, atingindo seu maior valor desde dezembro de 2017 e ampliando seu rali em 2020.
Logo no início do ano, em 2 de janeiro, chegou a valer US$ 30 mil pela primeira vez depois de ultrapassar US$ 20 mil em 16 de dezembro. Já no dia 8, a moeda virtual chegou aos US$ 41.530.
O que dizem os especialistas
Ricardo Dantas, co-CEO da Foxbit, corretora de bitcoin brasileira, atribui a grande valorização da moeda a dois eventos principais: o halving, que acontece de 4 em 4 anos e a entrada do mercado institucional diversificando caixa e investindo em cripto. “O mercado todo espera o período pós-halving do Bitcoin. É o momento que temos menos bitcoins sendo minerados e a escassez do ativo entra em evidência. Menos bitcoin, mais procura, o preço sobe”.
Ainda de acordo com Dantas, para o investidor de pessoa física, o Bitcoin é visto como um novo ativo e que possui um grande potencial de crescimento para compor sua carteira, já o investidor tradicional vê a moeda virtual como uma nova reserva de valor com características únicas. Ele acredita na possibilidade de haver novos recordes históricos ainda este ano. “Estamos vivendo um ciclo de alta do mercado e isso é algo normal do mesmo jeito que aconteceu em 2017 e do mesmo jeito que teremos outro ciclo após o próximo halving de 2024”, diz.
Já Bernardo Teixeira, CEO da BitcoinTrade, corretora brasileira de criptomoedas, concorda com Ricardo e acrescenta que é muito provável que ocorram crescimentos bastante expressivos nos próximos anos. “O importante é lembrar que essa escalada jamais será linear, ou seja, sempre haverá momentos de quedas e momentos de euforia”.
Teixeira também acredita que a alta é apenas uma consequência, mais uma vez, de tudo o que tem acontecido no mundo, tanto nas criptomoedas quanto no mercado financeiro tradicional. “Muitas empresas grandes, algumas listadas nas maiores bolsas, estão se mostrando cada vez mais pró-cripto, inclusive montando posições relevantes em Bitcoin e Ethereum, por exemplo. Por outro lado, as constantes medidas de resgate financeiro, com impressão de trilhões de dólares, acaba forçando uma natural corrida pelo Bitcoin que, ao contrário do dólar, é deflacionário por definição”.
Como ficam as bolsas brasileira e mundial depois deste novo recorde?
Bernardo destaca que o simples fato de uma empresa 100% cripto estar sendo listada na Nasdaq já cria uma enorme credibilidade para o mercado, lembrando o lançamento do IPO da Coinbase, uma das maiores corretoras de criptoativos do mundo, ocorrido recentemente. Para ele, é possível que ocorram mais movimentos semelhantes durante o ano de 2021 nos Estados Unidos e Europa, o que pode ter uma influência direta também no mercado nacional.
“No futuro, teremos empresas de criptomoedas listadas na B3 da mesma forma como temos outras empresas financeiras, e isso só tem a ajudar o mercado como um todo, garantindo cada vez mais seriedade e segurança para os clientes e empresas envolvidas”, afirma.
Por fim, sobre o fato do Bitcoin ter superado a Bolsa Brasileira, Bernardo acredita que as duas classes de ativos têm algumas semelhanças mas também muitas diferenças. “Não acredito que sejam ativos concorrentes, mas sim complementares. Ninguém recomenda que um investidor esteja posicionado 100% em bolsa, nem 100% em criptomoedas”.
Assim, acha que a alta da moeda pode ter um efeito positivo de médio prazo na B3. “Se o momento servir para atrair mais investidores, muitos dos quais jamais haviam investido em ativos de renda variável, essa parcela pode, em algum momento, começar a olhar também para algumas ações da bolsa como forma de diversificação. Assim, o Bitcoin pode servir como “porta de entrada” para o mundo dos ativos mais voláteis”.
Procurada, a B3 não se manifestou sobre o caso.