* Por Lilian Primo
Sabe a sensação de quando você está lendo um livro e se vê dentro da história, acompanhando os protagonistas, sob o olhar de um observador? O metaverso promete criar uma imersão mais poderosa, onde você não vai estar apenas observando, poderá viver, sentir e até mudar a história que você está acompanhando. E o que seria o termo metaverso? O prefixo “meta” em grego pode se traduzir como “além”, e “verso” de “universo”, em tradução livre seria “Além do universo”.
A primeira vez que se foi usado esse termo foi no livro chamado “Snow Crash” do autor “Neal Stephenson”, uma história sobre um futuro distópico, onde os Estados Unidos que conhecemos deixou de existir e após o colapso do governo, o país se dividiu em cidades-estados controladas por corporações privadas, mafiosos e mercenários de todo tipo. Para escapar desse caos a população passa a maior parte do tempo no metaverso, uma realidade virtual onde vivem como avatares. Junto com o livro “Neuromancer”, do autor “William Gibson”, esses livros são marcos do gênero cyberpunk, que inspirou futuras histórias.
Na prática o conceito de metaverso é muito ligado a palavra imersão, algumas pessoas consideram os jogos como um metaverso, pois depende do nível de imersão do jogador ao entrar no “mundinho” do jogo, mesmo sem um óculos de realidade aumentada. Por alguns momentos você esquece da realidade de tão imersivo que é o jogo, como por exemplo o “Red redemption 2”, “Watch Dogs 2”, “Grand Theft Auto V”, Fortnite, entre outros.
Por falar em jogos e metaverso, não poderia deixar de mencionar o jogo “Second Life”, lançado em 2003, criado pela “Linden Labs”.
Tratava-se de um jogo, que como o nome sugere, era possível criar uma segunda vida a partir de um personagem chamado “Avatar”. Na época muitas empresas e até países mostraram interesse em investir nesse mundo virtual, criando estabelecimentos dentro do jogo, até mesmo bandas realizando shows. O atrativo para as empresas foi que nesse mundo já possuía uma moeda virtual em circulação chamada “LINDEN” que poderia ser trocada pelo dinheiro do mundo real, além do crescente número de pessoas na plataforma, chegando a ter cerca de 2 milhões de avatares.
Me recordo de uma matéria no Fantástico da Rede Globo, sobre pessoas que estavam vivendo da renda dentro do jogo, criando objetos para outros Avatares ou até mesmo trabalhando para empresas que possuíam cedes virtuais. Essas pessoas chegavam a ficar no mínimo 5 horas todos os dias, imersivas nessa segunda vida.
Porém da mesma forma que ele chegou sem uma explicação, cada vez mais as pessoas deixaram de entrar no jogo ou falar sobre ele. E apesar do jogo permanecer vivo, inclusive você pode experimentar essa experiência no site da Second Life, a verdade é que ele perdeu a relevância que tinha na época. Recentemente por conta da pandemia foi possível conhecer pessoas que trocaram as reuniões por zoom pelo ambiente do jogo.
Outros classificam como um verdadeiro metaverso ou como uma imersão mais completa, usando tecnologias de realidade aumentada através de óculos e manoplas para interagir com essa nova realidade. Independente da classificação, a ideia é que essa seja a nova revolução da Internet.
Realidade onde os usuários poderão trabalhar, encontrar com os amigos, jogarem e socializarem através de um avatar customizável em 3D e é claro como não poderia faltar, em um novo universo, uma economia baseada em bens de consumo, como NFTs, um ativo digital criado a partir de um blockchain. O dinheiro se torna a criptomoeda, e com ela é possível comprar bens e consumir serviços assim como acontece em nosso mundo real.
Uma referência recente sobre como seria a ideia desse universo, foi o filme “Jogador Nº 1” dirigido por “Steven Spielberg”, baseado no livro de mesmo nome escrito por “Ernest Cline”, onde conhecemos esse metaverso, onde pessoas se conectam através de óculos de realidade virtual e manoplas, o filme aborda muito bem toda a questão de se viver em uma outra realidade.
Uma das empresas que mais tem investido nesse conceito de metaverso foi o Facebook, inclusive que mudou o nome da empresa para META. O próprio Mark Zuckerberg (Fundador e CEO da META) informou que passaria a focar no desenvolvimento desse novo ambiente virtual.
Isso chamou a atenção de muitas empresas que buscaram uma forma de explorar esse novo universo, apesar de ainda não estar claro em como se aproveitar esse potencial todo, tivemos ações como por exemplo:
– Desfiles do Fashion Week no metaverso;
– Os participantes do BBB Arthur e Paulo André entraram num elevador virtual que os levaram até a cobertura de um arranha-céu através de um óculo de realidade virtual;
– Heineken lançou sua primeira cerveja virtual no metaverso;
– Coca-Cola criou uma bebida de edição limitada chamada Byte dentro do jogo Fortnite;
– Nvidia com o seu Nvidia Omniverse está lançando uma série de novas ferramentas para criadores e desenvolvedores tornar o Metaverso mais realista.
– Startups e centros de ensino criando salas virtuais de estudo e ensino.
Se você quiser entrar dentro desses mundos de uma forma mais imersiva você vai precisar de óculos virtuais, que darão a sensação de você estar completamente em um lugar novo e ver outros avatares, assim como manoplas ou luvas de realidade virtual, que atualmente já podem dar a impressão de sensações táteis como pressão ao segurar um objeto, está havendo um aumento de empresas investem nessas tecnologias.
Vale lembrar que o metaverso não é um mundo único onde uma empresa específica é dona, empresas como a META, estão apostando alto para que seu universo seja o escolhido pelas pessoas e empresas investirem.
As possiblidades no metaverso são tão ilimitadas assim como nosso mundo, ou melhor, talvez até mais, visto que nesses universos podemos manipular até as leias da física da forma que conhecemos, nesse universo podemos fazer qualquer coisa ou criar qualquer coisa.
Mas as questões que ficam em aberto são, será que o mundo virtual é mesmo melhor que o real? Assim como no “Second Life” será apenas uma bolha ou os mundos virtuais vieram para ficar?
O que você escolheria, a realidade ou a simulação?
Lilian Primo é CEO e cofundadora da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.