* Por Caio Bretones
Há um tempo, termos como Banking As a Service (BaaS), ou melhor, Banco como Serviço, têm se tornado cada vez mais comuns quando o assunto é mundo financeiro. Mas afinal de contas, vocês sabem o que ele faz?
Apesar do nome parecer complexo, o Banking as a Service é o oposto disso, é a simplificação da estrutura bancária, possibilitando que qualquer empresa possa oferecer serviços financeiros aos seus clientes de forma personalizada e eficiente.
Para quem busca diversificar o portfólio de produtos oferecidos, criando seu próprio banco digital com um braço financeiro na companhia, o BaaS é uma alternativa válida para iniciar a jornada, sem muita complexidade.
A implementação da ferramenta tem como principal característica a facilidade, uma vez que empresas sérias de BaaS do mercado oferecem a solução completa dentro de uma “caixinha”.
O serviço financeiro é integrado ao sistema da empresa, e não é preciso passar, por exemplo, por uma regulamentação rígida e burocrática nos órgãos reguladores.
A partir da disponibilização de uma biblioteca de APIs (Interface de Programação de Aplicativos), a companhia consegue montar seu banco com serviços agregados aos seus usuários e trazendo diferenciais ao seu negócio.
Junto das empresas de BaaS, é imprescindível contratar também empresas de tecnologia especializadas em estruturar a operação do banco, como os aplicativos e Internet Banking para os usuários conseguirem realizar suas movimentações por meio de TED, arrecadação, pagamentos de boletos de cobrança, contas individualizadas, Pix, entre outros. O mais relevante: não precisa ser uma fintech para aderir.
É importante entender que o BaaS não é a mesma coisa do que open banking. Esse último conceito foca na descentralização das informações dos clientes para que possam ter mais liberdade, por exemplo, ao decidir consumir produtos financeiros de outras instituições financeiras, sem a necessidade de mudar de instituição bancária.
Os dados pessoais, histórico financeiro e outras informações se tornam mais fáceis de serem acessados por novas companhias no mercado, com ofertas de produtos mais aderentes aos mais variados perfis.
Tanto o Open Banking como o BaaS possuem APIs abertas que permitem com que soluções sejam ofertadas por terceiros.
A diferença é que Open Banking é coordenado pelo Banco Central e torna a informação mais acessível para um maior número de organizações, seguindo o consentimento dado pelo cliente para as instituições.
Segundo pesquisa realizada pelo Introspective Market Research (IMR), atualmente, o Brasil representa 73% do mercado de BaaS na América do Sul, com uma Receita de USD 1,392 bilhões em 2021.
Com todo esse avanço, o consumidor é o maior beneficiário. Em um ambiente onde as empresas buscam oferecer mais disponibilidade de produtos e serviços financeiros, ofertados com maior facilidade, até a inclusão financeira é viabilizada. O consumidor irá escolher aquele que oferece a melhor experiência.
Qualquer empresa pode identificar a real necessidade entre o seu público e decidir oferecer algum benefício a partir de um serviço financeiro, como por exemplo, uma rede de supermercados pode fidelizar mais clientes ao disponibilizar um cartão de crédito personalizado.
Além de oferecer melhores taxas, o supermercado passa a ter acesso a informações relevantes sobre os clientes. Em longo prazo, isso pode acabar gerando insights valiosos sobre como fazer o seu negócio render mais.
Sempre de forma personalizada, a empresa ganha opções para se diferenciar no mercado. Tudo isso, sem precisar passar por um longo processo de regulamentação do serviço. Afinal, ele é associado ao seu banco parceiro, evitando que o negócio perca tempo e recursos com processos burocráticos.
A ideia é permitir com que mais empresas possam participar do mercado financeiro de forma segura e eficiente. Mas além de possibilitar que qualquer organização possa adicionar serviços financeiros ao seu portfólio, o processo como isso é feito se torna um diferencial interessante.
Afinal, a burocracia costuma ser um problema quando falamos do mercado financeiro como um todo. Com o BaaS, nenhuma organização precisa se tornar um banco, melhor ainda, sem precisar passar por uma longa jornada até poder oferecer os serviços aos clientes.
Assim, de forma simples, a transformação digital possibilita atender às expectativas dos consumidores e se destacar em seu segmento.
Caio Bretones é sócio-fundador e CEO da Mobile2you, mobile-house especializada no desenvolvimento de aplicativos financeiros sob medida (tailor-made), com especialidade em fintechs e soluções digitais.