* Por Dagoberto Hajjar
Comecei a trabalhar com computadores em 1980, foi o começo da popularização dos microcomputadores. Eita época boa. Fizemos a automação dos escritórios, dos bancos, escolas, indústrias, comércio. O Bill Gates falava que ele via “um computador em cada mesa de trabalho e residência”, e foi o que aconteceu.
Pegamos todos os processos de automatizamos. Os computadores e microcomputadores passaram a fazer tudo mais rápido e mais eficiente. A maioria das empresas tinha um profissional de O&M (Organização e Métodos) que desenhava os processos e passava para o pessoal de TI automatizar. E então surgiram duas ferramentas que revolucionaram, ainda mais, a automação: o Dbase e o Clipper.
De uma hora para outra, surgiram um mundo de programadores fazendo tudo que era programinha e automatizando tudo que passava pela frente. Eu trabalhava no Citibank e o banco, em poucos meses, ficou infestado de programas feitos em Dbase e Clipper.
Em 1999, o Peter Weill disse que a tecnologia ia virar serviço e seria tão fácil de ser utilizada, pelo usuário, quanto a energia elétrica. O usuário aperta um botão e a luz acende, só isto. O usuário não tem que saber o que está por detrás daquele botão. A tecnologia, até então relativamente complexa para o usuário, seria redesenhada. E veio o iPhone para provar que é possível operar um computador e fazer tarefas complexas usando um único dedo. A nuvem tirou a complexidade de perto do usuário e o Wi-Fi permitiu que o usuário acessasse a informação em qualquer lugar, a qualquer momento e de vários dispositivos diferentes.
Tudo isto é história, mas é importante para gente entender o que virá pela frente.
Sobre a camada de infraestrutura da nuvem construiu-se uma infinidade de apps ajudando os usuários e as empresas a efetuarem qualquer tarefa de maneira digital. E hoje, já existem ferramentas de desenvolvimento “low code” ou “no code”, onde o próprio usuário pode desenvolver apps, ou seja, a nuvem será infestada de bons apps.
O celular, agora, é nossa carteira de cartões de crédito, credenciais, identificações e controle de acesso. Ele é nosso despertador, agenda, e-mail, WhatsApp e redes sociais. Ele é a porta de acesso para nossos sistemas corporativos. Com ele fazemos compras eletrônicas. Tudo na palma da sua mão.
Veio a covid-19 e acelerou todos os processos de transformação digital das empresas e das pessoas. Tivemos que aprender a viver e conviver de maneira digital. É claro que para as empresas foi um desafio enorme colocar o colaborador em casa e fazê-lo acessar os sistemas e dados da empresa de maneira segura.
Hoje, já seria possível eu ir a uma loja de shopping center. A hora que eu passasse pela porta, o sistema da loja me reconheceria como um cliente, e mandaria para um vendedor minha ficha com foto e recomendações de oferta de produto que o vendedor deveria fazer para mim.
O sistema da loja poderia ter Inteligência Artificial analisando meu perfil de compras, as últimas postagens que eu fiz na rede social, e mandando mensagens para o meu celular com promoções e produtos que poderiam me interessar. Eu iria até um quiosque onde eu poderia interagir com os produtos ou até mesmo provar, virtualmente, algum produto. Feita a compra os robots do armazém separariam e embalariam o produto.
Parece futurista, mas não é! A tecnologia já está toda disponível. Talvez o desafio esteja em ter profissionais de negócios trabalhando junto com os profissionais de tecnologia e desenhando projetos para atender os clientes de maneira mais tecnológica e melhor, por exemplo, como são as lojas AmazonGO, ou como fazer compras através de um bate papo com a Alexia ou o Google Assistant.
Estamos saindo de um passado onde usávamos a tecnologia para automatizar processos já existentes, fazendo com que eles ficassem mais rápidos e baratos. Estamos indo para um mundo novo onde a tecnologia pode criar novos negócios e modelos de negócios. A próxima e grande busca será em achar profissionais que conheçam tecnologia e negócios, e que consigam pensar nestas inovações.
Será que você seria um destes novos profissionais?
Dagoberto Hajjar trabalhou 10 anos no Citibank em diversas funções de tecnologia e de negócios, 2 anos no Banco ABN-AMRO, e 9 anos na Microsoft exercendo, entre outros, as atividades de Diretor de Internet, Diretor de Marketing e Diretor de Estratégia. Atualmente é sócio fundador da ADVANCE – empresa de planejamento e ações para empresas que querem crescer.