* Por Ana Wadovski
São diversas as empresas que têm flertado com as novas tecnologias como forma de se posicionarem dentro da Web3. Seja por meio do metaverso, das NFTs, ou seja, os tokens não fungíveis, a ideia dessas companhias é testar o terreno e se preparar para o que promete ser não apenas o futuro da internet, mas também dos negócios como um todo. Vimos grandes companhias como Carrefour, Pedigree, Calvin Klein e Porsche entrarem na Web3, mas cada um à sua maneira.
Quando as empresas buscam enxergar sua maturidade dentro da Web3 isso pode impactar e muito o tipo de projeto que será desenvolvido. Temos diversos exemplos que nos permitem avaliar como empresas têm buscado entender os espaços que podem ser ocupados nessa nova realidade de negócio.
Carrefour, por exemplo, anunciou que vai entrar no The Sandbox com um projeto com NTFs que já está em desenvolvimento. É sem sombras de dúvidas uma linha mais segura e objetiva: as famosas lojas no metaverso.
Trata-se de uma forma de explorar o terreno que foi comprado na plataforma gamer por meio do que costumamos chamar de product placement, e entender de que forma o negócio pode prosperar nesta nova realidade. É uma ótima oportunidade para começar a se comunicar com um público mais jovem que será um potencial consumidor em um futuro próximo.
São muitas empresas que optaram por trilhar esse mesmo caminho, uma vez que é mais seguro e já está validado por outros players, com roadmap bem mais seguro. Explorar as oportunidades de negócios na Web3 por meio da presença nos games e no investimento no metacomerce é algo que tem dado bastante certo.
Outro exemplo interessante é o da marca Pedigree, que lançou uma iniciativa de acolhimento virtual no metaverso do Decentraland para encontrar lares para cães reais. A ação Fosterverse, como foi batizada, tem como objetivo arrecadar fundos para abrigos e incentivar as pessoas a dar um lar aos animais de estimação na vida real.
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A meu ver, trata-se de um movimento bastante interessante e que vai além de só estar presente no metaverso por meio de avatares, mas sim com iniciativas que, de fato, promovem impacto no mundo real no curto prazo. Sem contar que está bastante alinhado com o posicionamento de branding da empresa, o que mostra que é possível que as marcas inovem e ao mesmo tempo mantenham sua identidade.
A Calvin Klein, por sua vez, mirou na comunidade asiática e naqueles que comemoram o ano novo lunar, e lançou uma parceria com a plataforma Ready Player Me. Trata-se de um game no formato play to earn, que permite que os clientes da marca participem de jogos e customizem as peças.
Web3: como essa tecnologia ajuda a fomentar novos negócios
Assim como comentei anteriormente no caso do Carrefour, trata-se de uma aposta segura e já validada, principalmente pelo fato de a indústria da moda ser uma das que mais investe em possibilidades como NFT, metaverso, gamificação, proporcionando novas experiências virtuais imersivas que transformam a relação dos consumidores com marcas. São muitos os players deste segmento que têm direcionado esforços para a Web3, e isso vai abrindo cada vez mais espaço para a fomentação de novos negócios.
Mas nem tudo são flores. Como vimos acima, são muitos os exemplos bem-sucedidos de primeiros passos na nova era da internet, mas há também aqueles que não tiveram tanta sorte. E aqui falamos da Porsche, que viu seu lançamento da coleção de NFTs se tornar um verdadeiro fiasco.
Os tokens colocados à venda pela marca alemã teve pouca aderência de interessados e os preços ainda despencaram na OpenSea, plataforma utilizada para compra e venda de NFT. Acredito que a soma de alguns fatores fizeram com que a iniciativa não fosse bem sucedida, entre eles o péssimo time para o lançamento, em meio ao Bear Market, o alto preço dos tokens, algo em torno de US$ 1.500, e o grande volume de unidades, eram 7.500 disponíveis, o que por sua vez não gera exclusividade.
Vimos que a Porsche nada aprendeu com outras empresas pioneiras que enfrentam dificuldades semelhantes. Quando falamos em maturidade das marcas ao flertarem com a Web3 é muito importante termos em mente quais companhias estão fazendo dar certo e seguir esses passos, como é o caso da Nike que já possui plataforma própria e tem se associado a outras marcas nativas da Web3 como forma de seguir seus roadmaps e acelerar seu crescimento. Estar maduro para a nova era da internet é justamente reconhecer essas oportunidades e aproveitá-las, algo que a Porsche infelizmente não fez.
Com exemplos acima podemos perceber que há espaço para todo e qualquer tipo de empresa e também para os mais variados segmentos dentro da Web3. No entanto, trata-se de algo novo, onde quase todos os movimentos podem ser encarados como testes. Isso, por sua vez, não impede que as companhias percebam o que mais tem dado certo e busquem recalibrar a rota quando necessário, como forma de investir em iniciativas mais assertivas.
E aqui vale chamarmos atenção para a força que a gamificação tem ganhado nessas últimas ações. Para além do metaverso, onde acredito que a gamificação seja quase que obrigatória, estamos vendo essa aplicação em muitos projetos da Web3. Acredito que os novos negócios logo serão orientados pela gamificação e isso exigirá que as pessoas não só dominem essa questão, como também a encarem como uma skill essencial para não ficar de fora das novidades que estão por vir.
As empresas, por sua vez, têm de estar atentas às movimentações da Web3, ao que deu certo e, principalmente, ao que não funcionou para que suas tomadas de decisão não sigam o caminho contrário ao da transformação digital que temos observado nos negócios.
* Ana Wadovski é fundadora da Go Digital Factory, empresa que desenvolve soluções para educar pessoas sobre Web3, Metaverso e a Nova Geração de Tecnologias
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