O setor de árvores cultivadas, já possui mais de 50 anos unindo sustentabilidade e visão de futuro, e vem aumentando seus esforços para levar inovação dentro e fora de suas operações.
Diversas empresas do setor possuem em seu modelo de negócio estratégias que miram a atuação junto a startups e grandes investidores. De acordo com o levantamento da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), as organizações de base florestal possuem investimentos em curso no valor de R$ 610 milhões para parcerias com startups.
Responsáveis pela fabricação de produtos essenciais como embalagens de papel, tecidos, fraldas, pisos laminados e painéis de madeira originados de árvores plantadas para fins produtivos, as companhias do setor investem em startups e companhias inovadoras para auxiliar em melhorias de seus processos e produtos que envolvam toda a cadeia de valor.
Segundo dados da 100 Open Startups, entre julho de 2021 e junho de 2022, o número de companhias que contrataram startups cresceu 30% e os negócios somaram R$ 2,7 bilhões em contratos no período, colocando o Brasil no topo do modelo de open innovation (inovação aberta) no mundo.
Dentre as estratégias a longo prazo, as iniciativas das empresas estimulam soluções de bioeconomia a partir de florestas cultivadas, que ressaltam aplicações de tecnologias para produtos e processos, contribuindo para a promoção de uma economia de baixo carbono e a expansão do setor florestal em diferentes mercados, com diferentes itens e novas rotas tecnológicas, tanto que os negócios investidos têm ampla atuação nacional e internacional, nos quatro cantos do mundo como Brasil, Canadá, Estados Unidos, Finlândia, Israel, México, Singapura, Suécia, entre outros países.
“A inovação está no DNA do setor de árvores plantadas. Este olhar para o futuro aliado com o trabalho sustentável nos permite dizer que estamos com os dois pés na bioeconomia. O ambiente de empreendedorismo contribui para o movimento por meio de ações diretas com comunidades vizinhas ou devido a ganhos de eficiência na cadeia produtiva que fazem avançar a fabricação de itens sustentáveis”, comenta o Embaixador José Carlos da Fonseca Jr., diretor executivo da Ibá.
No trabalho de acelerar rotas de desenvolvimento disruptivo, as organizações entendem que o processo de inovação é conjunto e mais eficiente se realizado entre esforços. O caminho é acompanhar essa transformação, que deve estar na mentalidade da liderança e no cotidiano da empresa, compartilhar valor e estar em sintonia com as necessidades da sociedade com o planeta e o meio ambiente.
O amplo investimento da indústria no ecossistema de startups fomenta um ambiente de pesquisa e inovação, oportunidades para jovens empreendedores e cientistas. São essas ações que ajudam no desenvolvimento de bioprodutos, compartilhamento de riquezas e soluções com as comunidades, além de melhoria na eficiência das operações.
Juntas, as empresas geram ganhos em diversas áreas como floresta, indústria, logística, jurídico, backoffice e até na etapa pós-consumo com inovação na reciclagem; mas também impactam positivamente os brasileiros e brasileiras com operações que auxiliam a superar alguns desafios de infraestrutura básica.
Algumas iniciativas valem destaque. A Dexco, por meio de parceria com o ecossistema de inovação brasileiro “AgTech Garage”, promove pilotos com startups para, com tecnologia, mensurar em tempo real a qualidade da madeira que está no pátio, levantando dados como umidade, densidade, entre outros.
Já a Gerdau tem parceria com as startups nacionais SIATEL, BRISA ROBÓTICA, M&M e RGA para, em diferentes etapas, diminuir os finos de carvão vegetal, um subproduto sustentável da indústria, com a finalidade de aumentar a qualidade e rendimento.
A parceria com estas startups foi iniciada por meio de programas de inovação aberta, que têm como objetivo buscar soluções para os desafios de negócio da empresa. A Irani, com o trabalho conjunto com as startups suecas, Katam Technologies e AgroData, busca, por meio de dados, aumentar a qualidade de seu plantio e sua colheita, chegando ao exato diâmetro de madeira desejado.
De olho em prover alternativas ainda mais amigáveis ao meio ambiente, a Klabin adquiriu parte da israelense Melodea, especialista em extração de celulose nanocristalina. Uma possível aplicação da nanocelulose é em barreiras para gases e líquidos em embalagens de papel, substituindo camadas de plástico ou alumínio em caixas de leite, por exemplo. Isto torna o produto ainda mais reciclável e biodegradável. A empresa também atua com a LedCorp, visando monitorar os ativos em rota de manutenção via tecnologia RFID.
O Brasil já é considerado o maior reciclador de papel do mundo e, a Papirus, junto à também brasileira CleanTech Polen, implantou um projeto para estimular ainda mais a recuperação do material. A partir da parceria foram criados os créditos de reciclagem, um modelo de rastreabilidade da origem dos materiais reciclados recebidos das cooperativas e de outras fontes, que permite ao consumidor rastrear de onde vem o material reciclado e possibilita às marcas a utilização dos créditos gerados nesse processo de reciclagem.
A Softys foi além de seus muros e olhou para uma fragilidade da comunidade vizinha, em Caieiras (SP). Juntamente com a mexicana Isla Urbana beneficiou mais de 200 pessoas que não tinham acesso à água tratada. Com o projeto, foi possível implantar um sistema de captação de água da chuva, tratamento para tornar a água potável e armazenamento adequado.
A Suzano, ao lado da startup brasileira B2Blue, está implementando um projeto para aperfeiçoar o controle dos resíduos gerados em seus armazéns logísticos – por meio da venda e redirecionamento desses resíduos para reciclagem –, visando garantir a destinação correta e uma mensuração mais adequada a esse material. Em setembro de 2022, início dos testes, foram coletados 750 kg de resíduos como tampa pallets, filme strech, entre outros materiais. A expectativa é que esse número salte para 2 milhões de toneladas já no acumulado do mês de outubro e, para 2023, a ambição das empresas é escalar este controle para todos os armazéns logísticos da Suzano.
Com o avanço das parcerias com startups, o setor florestal desponta com projetos e ações que caminham sobre os trilhos do conceito ESG. Essa indústria é um exemplo de como é possível aliar produção, tecnologia, inovação e sustentabilidade para solucionar desafios do campo e da indústria, atendendo também o consumidor. As empresas possuem práticas de sustentabilidade conectadas às metas globais e a tendência é que o país avance nessa agenda.