* Por Lilian Primo
Por diversas vezes abordamos assuntos como o Metaverso, inclusive temas como a expectativa dos especialistas em despontar essa tecnologia neste ano. Se você gostaria de entender mais sobre o metaverso, sugiro a leitura do artigo “Bem-vindo a Matrix, você vai precisar de óculos virtuais”. Nesse artigo explico em mais detalhes sobre o conceito da tecnologia e a origem do termo.
Porém, o que vimos neste ano foi justamente o contrário, a principal big tech que investiu muito nessa tecnologia foi a META, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, que inclusive tem esse nome a partir da palavra “Metaverso”. Desde o final do ano passado a empresa começou uma onda de demissões em massa.
Em maio deste ano houve outra rodada de demissões que, segundo fontes internas da empresa, afetou até 6 mil funcionários. Além das demissões, o próprio CEO da META, Mark Zuckerberg, informou que “Nosso maior investimento agora é desenvolver inteligência artificial e incorporá-la em cada um de nossos produtos”, ou seja, a empresa que mudou seu próprio nome a mais ou menos um ano e meio atrás e seria a referência em Metaverso, já está mudando seu foco, após amargar prejuízos.
Outra notícia sobre esse tema envolve a Disney, uma das maiores empresas de entretenimento do mundo, dona das marcas: ABC, Pixar, LucasFilm, Fox, Marvel, ESPN, National Geographic, Hulu, entre muitas outras, fora o seu próprio acervo de filmes e produções. Em março deste ano a empresa encerrou as operações de sua divisão dedicada ao desenvolvimento do metaverso, o que incluiu a demissão de 7 mil funcionários em dois meses.
Antes disso, em março, a Microsoft encerrou seu projeto de metaverso e demitiu toda a equipe, segundo o site The Informativo. O motivo, priorizar outras iniciativas dentro da empresa, que não dependam tanto do tempo para gerar receita, como desenvolvimento de inteligência artificial.
Nesse cenário desfavorável se imaginava que nenhuma empresa iria investir dinheiro em grandes projetos que estariam ligados à realidade virtual. As grandes empresas voltaram seus investimentos para desenvolvimentos de IAs, após o sucesso do ChatGPT.
Porém, neste mês de junho, a Apple anunciou, durante o seu WWDC23 (Worldwide Developers Conference), a Conferência Anual para Desenvolvedores e entusiastas, o seu óculos de realidade mista (Ele terá realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR)), chamado Apple Vision Pro, o seu primeiro grande lançamento de hardware em quase uma década. O produto chegará nas lojas apenas em 2024.
Antes do lançamento, as ações da Apple estavam operando em ligeira alta de 2%, tendo uma queda de 1% ao final do pregão. Essa possível queda está ligada a alguns fatores sobre o lançamento do produto que não agradou o mercado. Um dos fatores que mais contribuíram para essa queda foi o preço do produto. Para quem se interessou pelo novo gadget da empresa, vai ter que desembolsar US$ 3.499 (Dólares) nos Estados Unidos e segundo o jornal o Globo, segundo fontes internas, o produto deverá chegar ao Brasil custando algo em torno de R$ 34 mil (Reais).
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Vale lembrar que a Meta recentemente lançou os seus óculos de realidade mista, o Quest 3, que será muito mais barato, custando a partir de US$ 499 (Dólares). Segundo o site The Verge, o CEO da Meta fez um discurso após o lançamento da concorrente Apple e disse: “Acho que o anúncio deles realmente mostra a diferença nos valores e na visão que nossas empresas trazem”.
O Quest é sobre “pessoas interagindo de novas maneiras e se sentindo mais próximas”, ao mesmo tempo que “ser ativo e fazer coisas”. “Por outro lado, cada demonstração da Apple foi uma pessoa sentada em um sofá sozinha”. Apesar das palavras de Mark Zuckerberg, na prática o lançamento dos óculos da Apple é um fôlego para a empresa META, que tem perdido cada vez mais interessados em realidade virtual e, apesar de concorrentes, a atenção trazida pelo lançamento da Apple foi muito bem-vinda.
Outro concorrente que já lançou os seus óculos foi a Sony, com o seu “PlayStation VR2”, focado em jogos. O valor do aparelho está em torno de US$ 549,99 (Dólares) nos Estados Unidos e R$4.499 (Reais) no Brasil. Porém esses óculos de realidade virtual não funcionam sozinhos, você precisa adquirir o PlayStation 5, e mesmo assim, ainda custa mais barato que os óculos da Apple. Vale lembrar que esses óculos são destinados para o público “Gamer” e fechados dentro da plataforma de jogos da Sony, sendo uma proposta diferente dos óculos da META e Apple. Devido a baixa procura do PlayStation VR2, a Sony registrou menos da metade de sua projeção de vendas.
O caso da Sony nos ajuda a entender outro fator que não faz as vendas desses óculos de realidade virtual decolarem, o que preocupa muito o mercado de investimento desse setor. Além do preço alto do investimento na solução, após a compra não há muito conteúdo para explorar. No caso da Sony, até o momento, existem poucos jogos disponíveis e com a baixa venda do dispositivo, não temos estúdios apostando em desenvolver mais conteúdo para a plataforma.
Apesar do propósito dos óculos da Apple e da Meta ser outro, eles possuem o mesmo problema, conteúdo para explorar a solução. Além de lançar os equipamentos, precisamos de que mais empresas se interessem em lançar conteúdo para usar com os aparelhos, pois se torna apenas uma coisa divertida a princípio, mas que logo perde o interesse.
Agora resta saber se a Apple terá a força necessária para ressuscitar esse mercado, que nos últimos meses só teve notícia ruim. Por mais que os usuários, geralmente muito fãs da marca, querem experimentar todos os lançamentos, o custo muito alto e a possível falta de conteúdo podem representar o fracasso da empresa que há tempos não ocorria.
Como já dizia Steve Jobs, criador da Apple: “As pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas…”
Lilian Primo é CEO e cofundadora da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.
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