* Por Cristovão Wanderley
A pandemia acelerou de tal forma a evolução tecnológica no Brasil que uma pesquisa recente da Catho revelou um aumento de 671% nas oportunidades de emprego na área, em relação a 2019. E, obviamente, trata-se de um fenômeno mundial. Do Vale do Silício aos grandes centros de produção de conhecimento, passando pelos laboratórios da indústria farmacêutica e chegando aos marketplaces, startups e até aplicativos de entrega de comida em domicílio, o fato é que a vida como conhecíamos mudou.
Em muitos sentidos, tornou-se mais rápida e mais conectada, estabelecendo novos patamares para a nossa relação com as pessoas, com os espaços físicos habitados e com o nosso comportamento como consumidores e cidadãos. Tudo impulsionado pelo uso da tecnologia.
Ao traçar as principais tendências para 2021, o Gartner dá um exemplo bastante ilustrativo desse salto tecnológico: operários de várias indústrias, ao retornarem a seus postos de trabalho, foram surpreendidos por dispositivos que controlavam o uso de máscara e a frequência na lavagem das mãos de cada trabalhador. Pesquisadores, como o brasileiro Silvio Meira, classificam esse avanço como uma “mudança de era”, que desafia os negócios a seguir seus clientes na velocidade das mudanças.
Podemos dizer que esse chacoalhão tecnológico está servindo como um intensivão do que vem por aí. No final de fevereiro, a Anatel aprovou o edital de licitação do 5G. Sim, ainda é preciso esperar o parecer do Tribunal de Contas da União e aguardar o leilão, previsto para julho.
Ou seja, os efeitos práticos dessa aprovação só vão ser sentidos mesmo lá para 2022; o que dá a muitos negócios a oportunidade de “arrumar a casa” e reprogramar as estratégias. É hora então de arregaçar as mangas, afinal, há muito pela frente.
Imagine o que um sistema que escancara as portas para a inteligência artificial é capaz de fazer pelo seu negócio? Considere agora todas as modalidades que podem vir a reboque, como a internet das coisas e de comportamento (IoT), a realidade virtual e a robótica elevada a outra dimensão. Quem achava que teria apenas uma internet mais rápida, pensou pequeno.
O Movimento Brasil Digital, o IDC estima que o impulso dado pelo 5G a tecnologias associadas – incluindo robótica, segurança da informação, nuvem pública, internet das coisas (IoT), Big Data e Analytics, realidade aumentada e virtual (AR/VR) e inteligência artificial – vai gerar aproximadamente US$ 22,5 bilhões em receitas para o país entre 2020 e 2024. Isso representa um crescimento anual médio de impressionantes 179%.
Até aqui falamos sobre a velocidade com que as coisas estão caminhando, de certo modo atropelando os gargalos analógicos. Mas, é sempre bom lembrar: aceleração não é apenas uma questão de tecnologia. Ela requer também o esforço de repensarmos as formas como o trabalho é executado, os processos são realizados e as decisões são tomadas, a fim de permitir maior agilidade e melhor adaptação às novas culturas de trabalho e negócio.
Para cada byte e para cada algoritmo, há pessoas com diferentes hábitos e diferentes graus de percepção, habilidades e envolvimento com a tecnologia. Isto é, os líderes têm que correr com o arcabouço digital, mas não podem abrir mão de uma gestão antropocêntrica.
Eles precisam não somente estruturar as mudanças para os funcionários e definir os novos valores, como também estar preparados para lidar com frustrações pois nem tudo vai funcionar logo nas primeiras tentativas. O processo de integração e aprendizagem é gradativo, queiramos ou não.
A velocidade de uma decisão deve, portanto, ser determinada pela velocidade com a qual ela pode ser revertida. Os novos tempos vão cobrar tudo isso e ainda doses industriais de resiliência e coragem para testar, repensar e aprender tudo de novo.
Cristovão Wanderley é responsável por inovação, estudo de tendências de tecnologia e adoção de novas ferramentas, além de desenvolver estratégias de negócio por meio do marketing digital na Stratlab Inteligência Digital. Faz a análise de dados dos clientes e seus concorrentes, transformando essas informações em ações que resultam em aumento de ROI, receita e geração de leads. Formado em Design Gráfico pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e com especialização em MKT, Comunicação, Gestão de Mídias Sociais, DMB, Digital Transformation & Big Data – todos pela Escola Superior de Propaganda e MKT (ESPM), Cristovão tem ainda larga experiência em Growth Strategy, SEO estruturado para vendas e Social Selling.