* Por Adriano Meirinho
Segundo dados da ABStartups, de 2015 a 2019, o número de startups no Brasil quase triplicou. E, embora essas empresas surjam no mercado com o propósito de criar modelos de negócios com tecnologia e inovação que melhorem a vida das pessoas, o que elas têm feito, de fato, para causar um impacto social relevante?
O papel dessas startups vai além de facilitar o dia a dia das pessoas, resolver ou otimizar problemas corriqueiros. Uma companhia que tem como propósito o impacto social, precisa chegar em lugares que as demais empresas não têm interesse em alcançar. Isto é, a solução da startup é modificar uma situação social real e complexa, com resoluções legítimas para o problema. Ou seja, mitigar uma situação de vulnerabilidade social, aumentar o acesso aos direitos básicos, além de promover ações que visam a diminuição de problemas para determinadas regiões.
Uma fintech que tem alcançado 2,7 vezes mais a população que as próprias lotéricas e 1,6 mais que as agências bancárias, onde atua, causa um impacto social muito relevante, uma vez que reduz o tempo, deslocamento e até o valor gasto para efetuar algum tipo de transação financeira, como pagamento de contas. Além de auxiliar microempreendedores a movimentarem seus próprios negócios, ao disponibilizarem atividades financeiras em seus comércios, por exemplo, levando para as regiões onde atuam um serviço que não chega facilmente até eles.
Além das startups unirem inovação e tecnologia no desenvolvimento de um negócio, é preciso ter como principal meta a geração de uma mudança positiva na sociedade, alterando o ambiente onde atua. Considerando as questões sociais alarmantes no Brasil, da precariedade de acessos à própria desigualdade social, essas empresas devem surgir, cada vez mais, para engajar e mudar o cenário.
De alguns anos para cá, essas startups têm ganhado força. Um bom indicador disso é o fato da Vox Capital, responsável pela gestão de grandes investidores que buscam aplicar em companhias que tenham propósito social ou ambiental, ter investido, até 2019, em mais de 30 startups com esse propósito, alcançando mais de 13 milhões de pessoas.
Só a Celcoin, já atinge quase 3 milhões de pessoas por mês, em mais de 60% das cidades brasileiras, sendo 76% dessas, regiões não-metropolitanas. Desta forma, é possível afirmar que, quem busca entrar no mundo das startups, ou até quem já está nela, tem como aliar sucesso profissional e resolver problemas eminentes da sociedade, enquanto se importa com os rumos que o país está tomando. A tecnologia pode ser a revolução, basta inovar em favor de quem mais precisa.
Empreender, afinal, pode não ser apenas um ato de sucesso próprio, de lucro e crescimento, mas um meio de concretização de direitos e oportunidades.
*Adriano Meirinho é CMO e cofundador do Celcoin. Executivo de Marketing com MBA em Administração de Negócios do Varejo pela FIA, Meirinho acumula experiência de mais de 20 anos em marketing e propaganda. Tem passagens em importantes empresas, como Catho Online – por 14 anos, onde foi sócio -, Oppa e sob sua gestão, recebeu seis prêmios Top Of The Mind de 2006 a 2012 e três prêmios Ibest, nos anos de 2002 e 2004. Também é Mentor e Advisor de startups.