* Por Fabiany Lima
Empreender é um caminho solitário, que exige uma série de precauções e competências daqueles que levarão aquela ideia ou solução para frente, transformando-o em algo tangível e vendável. Não adianta ter uma ideia, uma startup é uma empresa. E se você quer que sua empresa seja investida no futuro, você tem que passar um tempo cuidando das partes burocráticas.
É chato? Sim, mas se você não fizer, pode dizer adeus ao sonho de receber um aporte. Entre as habilidades, é necessário entender, minimamente, de administração e formalização para transformar um bom projeto em um negócio rentável e atraente para investidores.
Não é preciso ser um mago das finanças ou um entender a fundo leis e tributos, mas, é importante sim saber calcular, precificar, mensurar resultados, quantificar lucro, recortar corretamente a fatia do bolo e, acima de tudo, manter as projeções financeiras sempre em dia e devidamente assinaladas. E isso, desde o início do projeto – acredite, ainda mais se você precisar de investimento profissional no seu negócio!
Isso porque, validar seu projeto, prestar um serviço de qualidade ou vender um bom produto são tão importantes quanto um bom processo administrativo e financeiro, ainda mais no universo das startups e empresas de inovação, no qual modelos de negócios ainda estão não estão tão claros ou consolidados nos primeiros meses.
Seja para entender seu mercado, enfrentar a concorrência, fazer contratações, investir em novas plataformas, lançar novas soluções ou qualquer outra decisão, o caixa da empresa tem que estar devidamente em dia e atualizado. Só com o controle adequado das finanças e um planejamento detalhado é possível criar um cenário mais positivo para o futuro e ter recursos adequados para fazer seu negócio ganhar forma e passar tranquilo pelas agitações no caminho.
Por isso, realizar projeções são um verdadeiro exercício de viabilidade: ao se colocar em programas, como o Excel, suas perspectivas de receitas e despesas para os próximos anos, muitas respostas surpreendentes podem aparecer, seja a necessidade de aumentar o volume de vendas ou pivotar a ideia. E esse caminho só se torna concreto a partir de um acompanhamento diário desses números, que permite a tomada de decisões rápidas e sólidas, garantindo a saúde do negócio.
As projeções financeiras atualizadas também são a base para avaliação do potencial da sua startup para investimento. Com base nisso, também é possível verificar a possibilidade de escalar um produto, seja aumentando a margem ao longo do tempo ou expandindo sua distribuição para outros lugares – características que os investidores buscam nas startups, junto a um crescimento acelerado e sustentabilidade financeira.
A maturidade nesse quesito ainda falta ao empreendedor brasileiro, que acaba perdendo oportunidades por não tratar a parte financeira com o mesmo cuidado que dedica às demais áreas. É essencial, portanto, “se jogar” nas planilhas e fazer delas sua melhor amiga.
E quanto mais sua startup cresce, mais precisas devem ser suas projeções! Se esse caminho é trilhado desde o início, tendo uma visão clara de quanto você precisa vender, em que formato, entendendo quanto é preciso investir para atingir esse volume de vendas, pagar os custos envolvidos e ainda demonstrar crescimento consistente e/ou lucro, será mais fácil mudar suas estratégias de marketing, negócio ou captação, antes que seja tarde demais. Pense nisso!
* Fabiany Lima é diretora-geral da DiliMatch, uma consultoria estratégica para investidores brasileiros e estrangeiros que aportam em iniciativas nacionais, e para startups que procuram por investimento.