* Por Luciana Ogusco
A educação à distância, o conhecido EaD, não existe por conta da tecnologia. Ela tem na sua origem a necessidade de oferecer conhecimento a pessoas que não tinham ou podiam ter acesso presencial ao espaço em que eram lecionadas as aulas. Não obstante o EaD não ter surgido com a tecnologia, esta tornou-se uma facilitadora da modalidade de ensino.
O mesmo acontece com a heutagogia, processo no qual quem almeja aprender tem autonomia para buscar as melhores fontes de informações, com a intenção de superar desafios próprios e particulares. O processo em si também não depende da tecnologia, mas atualmente ela é um canal importante de conexão entre o indivíduo e as fontes de informações.
É bem provável que você já tenha empregado o método de heutagogia algumas vezes no seu cotidiano, sem se dar conta, como, quando você procurou na internet algum assunto que desejava aprender, encontrou – dentre as várias opções que o buscador trouxe, cursos online gratuitos e/ou pagos, selecionou aquele que mais tinha sinergia com seus critérios de busca (seja duração do curso, preço, quem ministrava etc.) e adquiriu um curso online. Todo esse percurso é parte da heutagogia: processo em que você, como protagonista, define o quê, como e quando aprender.
Em um mundo alterado pela pandemia, com um grande número de pessoas trabalhando remotamente, os desafios propostos pela heutagogia se tornam cada vez mais presentes. Uma pesquisa realizada pela Adecco, empresa global de recrutamento e seleção, com 8 mil funcionários, gerentes e executivos ao redor do mundo, mostra que 75% dos entrevistados desejam manter uma jornada de trabalho flexível pós-pandemia e 69% têm interesse no aprimoramento de habilidades digitais.
Neste cenário, somos impulsionados, cada vez mais, a sermos protagonistas da aprendizagem. Isso porque a jornada híbrida de trabalho, que deve permanecer após o fim da pandemia – com uma mescla de trabalho remoto e presencial – implica numa relação assíncrona entre colaboradores, ou seja, sem todos os treinamentos presenciais que aconteciam antes da pandemia. Toda essa mudança requer que tenhamos a consciência do que nos falta ou do que vai nos acrescentar já que o tempo é um recurso precioso e limitador.
A tecnologia permite justamente facilitar essa tarefa por meio de conteúdos relevantes e de plataformas que simplificam o desenvolvimento do indivíduo. É possível, por exemplo a implementação de recursos como assessment, quiz e mapeamento de consumo de materiais que direcionam as organizações para entender a evolução e o engajamento e, porque não, a recomendação de conteúdo.
A tecnologia na educação à distância é um meio, mas não um fim. São as pessoas que fazem com que tudo aconteça, tanto na produção de conteúdo com especialistas e professores, quanto na transformação que acontece a partir do interesse do usuário em consumir um assunto. É por isso que é tão importante reconhecer esse protagonismo na aprendizagem, construindo jornadas que sejam mais personalizadas e que gerem transformação em menos tempo.
* Luciana Ogusco é cofundadora e CPO na Gentelab, edtech que oferece um ecossistema de aprendizagem com conteúdo, tecnologia e analytics. É fã de tecnologia, uniu a sua paixão por conteúdo com o desenvolvimento de soluções para educação.