A ACE Cortex, a boutique de M&A ACE Advisors e a edtech Future Dojo acabam de anunciar a edição anual do relatório Innovation Survey. O objetivo do estudo é realizar uma fotografia do mercado de inovação corporativa no Brasil, considerando as estruturas das companhias em corporate venture capital, relacionamento com startups, governança, desafios e prioridades de negócios.
O estudo analisou que, cada vez mais, as empresas reconhecem a inovação como uma questão de sobrevivência. Mais da metade dos respondentes do estudo (52%) considera a inovação como prioridade em suas organizações, em contraste com os 39% registrados em 2023. A pesquisa entrevistou C-level, Diretores, Conselheiros, Gerentes e Coordenadores de mais de 300 companhias de 40 setores da economia brasileira, em sua maioria com faturamento anual acima de R$ 1 bilhão.
“Identificamos, a partir do levantamento, que os três principais fatores apontados pelos executivos que contribuem para a geração de resultados são: ter uma estratégia clara de inovação atrelada aos objetivos da empresa (34%), possuir cultura consolidada para promover e apoiar a inovação (30%), além de uma liderança empresarial forte e visionária (23,6%)”, afirma Milena Fonseca, sócia e COO da consultoria ACE Cortex.
Segundo o estudo, quando abordado quais as principais prioridades para as corporações a curto prazo, destaque para o aumento de receita através do portfólio de produtos existentes (35,1%); exploração de novas formas de gerar receita (26,4%); e criação de cultura forte (19%). Já quanto aos objetivos, de médio ou longo prazo, os respondentes mencionaram: evolução de produtos/serviços existentes (47,1%); desenvolvimento de novos produtos (40%); eficiência operacional e automação de processos (39%); novos modelos de negócios (30,6%); e estratégicas de marketing e experiência do cliente com 29,4%.
Para Milena, há um movimento das empresas em relação aos objetivos, principalmente em curto prazo. ”Chama atenção a mudança de rota em relação à experiência do cliente. Enquanto na Innovation Survey do ano passado este aspecto era uma prioridade para 46% dos executivos, em 2024 caiu para 29%”, completa. Segundo Fonseca, o que os dados indicam é para uma “necessidade de equilibrar melhor a relação de alocação de capital para otimizar processos internos (eficiência) e o aprimoramento da experiência do cliente em todos os canais”, conclui.
Programas de inovação e investimento em startups
Ao retratar o cenário de Corporate Venture Capital, chama atenção que poucas empresas possuem maturidade ou capacidade de atuarem no tema, mencionada apenas por 15,2% dos respondentes, demonstrando que o mercado está apenas começando.
Este dado sugere que, embora o mercado tenha amadurecido em muitos aspectos, a esfera de Corporate Venture Capital ainda é relativamente nova para muitas empresas, indicando que há um caminho de aprendizado e adaptação a ser percorrido. “Este cenário reflete um desejo genuíno das empresas em estarem perto das startups, o desafio é encontrar o melhor formato de relacionamento e investimento”, afirma a executiva.
Ao analisar os respondentes que afirmaram realizar investimentos nessas startups, descobrimos que 65,1% utilizam os recursos da própria empresa, seguido por envolvendo-se em parcerias estratégicas (38%).
Porém, comparando os dados deste ano com os do ano passado, percebe-se uma tendência de cautela. Enquanto no ano passado 60% das empresas indicaram não ter um fundo de investimento dedicado a startups, este ano esse número cresceu para 71%.
Além disso, também reflete na estratégia de fusões e aquisições (M&A) das empresas. Observa-se que 37% das empresas não possuem uma estratégia clara de M&A, enquanto 23% nem sequer planejam realizar M&A. Esses números indicam que muitas corporações ainda estão desenvolvendo ou definindo suas abordagens para investimentos estratégicos e fusões e aquisições. No entanto, apesar dessa abordagem cautelosa, 21% dos respondentes já enxergam uma estratégia clara de M&A como uma vantagem competitiva potencial para seus negócios.
Obstáculos para a inovação
Ao analisar os desafios que as empresas enfrentam no caminho para se tornarem mais inovadoras, fica claro a diferença de desafios enfrentados pelas pequenas versus as grandes corporações. Uma das principais restrições identificadas é a falta de recursos financeiros, citada por 46% das organizações. No entanto, essa é a realidade de 41% dos respondentes que faturam até 10 milhões de reais por ano.
Quando fazemos um recorte apenas para corporações com faturamento acima de R$ 1 bilhão, recurso financeiro é citado apenas por 21,6% dos entrevistados. No caso dessas companhias, a cultura organizacional continua sendo a principal restrição para a inovação (52,2%), seguido por aversão ao risco (43,5%) e governança e sistema de gestão (43,5%). Outros motivos citados no gráfico abaixo:
Grandes corporações
Interessante notar também a evolução no que diz respeito ao engajamento com a liderança. Na ACE Innovation Survey de 2023, este fator foi identificado como o terceiro principal desafio, com 34%. Neste ano, observa-se uma redução para 23%, sugerindo que a liderança tem se envolvido mais de perto com as iniciativas de inovação e que estas têm se tornado pautas mais estratégicas para as empresas.
Investimento em IA
A era digital nas empresas tem sido marcada por transformações significativas, impulsionadas por avanços tecnológicos. Em 2023, a introdução e adoção crescente da Inteligência Artificial (IA) sinalizou uma onda de mudanças sociais e empresariais ainda mais profundas.
Neste ano a IA assumiu um papel ainda mais central. Isso é evidenciado pelos resultados do estudo, onde 53,5% das empresas indicaram a IA como a principal tecnologia adotada em seus processos de transformação.
“É crucial destacar que a IA apresenta desafios culturais significativos. Não se trata apenas de aprender sobre as aplicações da tecnologia, mas também de entender os impactos comportamentais e as mudanças que ela implica tanto na vida das pessoas quanto nos negócios”, diz Milena Fonseca.
“Está claro que ficar parado é retroceder, que o movimento do mercado é constante e a velocidade de mudanças é cada vez maior. A Inteligência Artificial é um dos grandes motores dessa transformação do mercado, sem dúvida, diminuindo (algumas vezes eliminando) a barreira de entrada e potencializando o surgimento de novos concorrentes. Portanto, vale destacar que a tecnologia é meio e não fim, nesse sentido, o desafio das empresas está na criação e captura de valor para clientes, colaboradores e stakeholders, bem como garantir performance e perenidade do negócio com crescimento e relações sustentáveis”, finaliza Milena.
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