Enquanto escrevia sobre os 10 anos como agente independente e fundador da Wintepe, minha empresa de serviços, e sobre uma década lecionando em cursos de pós-graduação e MBAs, o final de 2023 chegou e fiz uma pausa.
Decidi interromper meu artigo cheio de histórias para compartilhar o processo de revisão dos meus planos profissionais. Esse processo, aliado a aprendizados recentes, oferece uma abordagem que considero valiosa para empreendedores, profissionais e organizações de todos os tamanhos e setores.
As leituras que inspiraram minha visão de retrospectiva e checkup foram “Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar”, de Daniel Kahneman, e “Pense de Novo – O Poder de Saber o Que Você Não Sabe”, de Adam Grant. Ambos altamente recomendados.
O primeiro ponto que quero compartilhar é a importância de uma retrospectiva robusta como fechamento de ciclo, especialmente ao final do ano. Não se trata apenas de refletir sobre como foi o ano, mas sim de voltar ao planejamento inicial e analisar resultados e processos (o que e como).
Curiosamente, eu, que ofereço serviços de apoio ao planejamento para meus clientes, não havia feito, como de costume, um planejamento detalhado para meu ano de 2023. Iniciei o ano trabalhando intensamente com diversos clientes desde janeiro, sem uma pausa adequada para um planejamento mais estruturado, tanto pessoal quanto profissionalmente, embora tivesse em mente minhas principais referências e alguns objetivos ambiciosos.
Assim, ao realizar a retrospectiva, percebi que não tinha o ponto de partida ideal. No entanto, essa lacuna abriu espaço para imaginar diferentes perspectivas ao revisitar meu ano de 2023.
A retrospectiva abrangeu várias dimensões da minha vida pessoal (familiar, saúde, financeira, social) e uma análise mais aprofundada das minhas atividades profissionais (CMO on Demand – consultor em marketing estratégico, Mentor em Gestão e Planejamento de Carreiras e Professor de MBAs e Cursos Online).
Utilizei agendas e registros financeiros, incluindo fluxo de caixa, para compreender cada mês. Consolidando essas informações, identifiquei o que deu certo, o que teve aumento, redução e as razões por trás dessas variações, aprendendo valiosas lições.
Aprendi muito ao perceber que alguns projetos foram experimentos com resultados diversos, gerando novos contatos e relacionamentos que se transformaram em negócios, enquanto outros tiveram atividade menor, sendo concluídos e não renovados. Compreendi o retorno financeiro, o prazer proporcionado, e o impacto de cada iniciativa no melhor ano da Wintepe. Entendi as consequências de focar nas entregas e não realizar prospecção, notando a diferença entre o primeiro e segundo semestre.
Outro aprendizado enriquecedor foi compreender o equilíbrio que busquei entre o momento profissional e as demandas pessoais e familiares. A retrospectiva tornou evidentes os ganhos e as perdas desse trade off relativamente consciente.
Com a mente a mil por hora, após identificar as principais áreas de aprendizado e parcerias a serem fortalecidas, ganhei uma nova perspectiva para elaborar meu planejamento para 2024. Mais do que nunca, defendo o exercício de retrospectivas, não apenas para indivíduos, mas também para organizações e grupos, onde líderes podem colaborar para enriquecer o processo, definir o foco futuro e embasar o planejamento de curto prazo, por exemplo, para o próximo ano.
Assim, iniciei meu plano para 2024 com a intenção de concentrar esforços no que trouxe mais resultados profissionais, buscar o equilíbrio desejado entre vida pessoal e profissional, prospectar novos clientes, criar produtos e fazer deste ano mais um dos melhores que já tive.
Certamente, ao meio e ao final do ano, será mais fácil realizar uma retrospectiva, pois o planejamento estará mais estruturado e detalhado, permitindo a revisão dos objetivos de longo prazo, visão e missão definidos há alguns anos em meu planejamento estratégico.
O plano não me prende, pois sei que posso revisar os elementos originais conforme necessário. Estar aberto a uma eventual revisão do próprio planejamento estratégico de médio/longo prazo, oportunizada pela retrospectiva, é crucial.
Outra prática que adotei, já que as ideias estavam fervilhando, foi criar um arquivo chamado “insights overnight” (penso e escrevo muito em inglês, talvez pela experiência de trabalhar em uma empresa americana por quinze anos).
Nos “insights overnight”, anoto pensamentos que surgem quando estamos relaxados, mas nosso cérebro continua processando informações do dia a dia. Guardo ideias para novas abordagens, produtos, leituras etc. Já está lá um tema e um processo para escrever um livro sobre liderança, novos cursos e formatos para aulas de marketing, empreendedorismo, produtos de serviços, potenciais parcerias, prospecção de novos clientes, e o conceito para explorar a ideia de checkups organizacionais e profissionais.
O hábito de escrever, assim como fiz na retrospectiva, permite uma reflexão aprofundada, valiosa para explorar, testar ou descartar ideias superficiais. Sempre recomendo escrever de qualquer maneira, assim como compartilhar essas ideias em voz alta, o que também traz ganhos e aprimoramentos.
Finalmente, chegamos ao checkup, para que o processo de retrospectiva não se limite a olhar para trás ou servir de base para o futuro, mas também seja um momento para entender melhor o presente, ou seja, onde e como estamos.
Inicialmente, o checkup organizacional ou de carreira seria a reflexão a partir de métricas e dados (os exames) da situação atual versus referências e padrões. A partir de desvios, podem-se propor ações/alternativas, caminhos e estratégias diferentes, considerando a revisão dos objetivos, contexto/ambiente ou mesmo a imaginação de cenários e situações.
Inicialmente, pensei no checkup de carreira explicitamente proposto por Adam Grant em seu livro “Pense De Novo”. Lembrei-me dos muitos clientes que auxiliei a planejar transições e movimentos profissionais. Seria ideal realizar uma revisão anual dos planos e avaliar a execução.
Rapidamente, percebi que uma abordagem bem elaborada de checkup (avaliação/acompanhamento) é válida para todo exercício de planejamento e gestão, algo que defino como o foco dos meus desenvolvimentos. Pode ser um checkup empreendedor ou um checkup de marketing estratégico/posicionamento/satisfação do cliente.
O checkup busca diagnosticar eventuais problemas ou condições que afetem os resultados planejados/desejados, ou mesmo revisar as bases e origens dos objetivos, escolhendo/definindo novas metas e caminhos alternativos para a jornada, assim como na medicina.
Acredito que alguns checkups podem ser fundamentais para a evolução de profissionais e organizações, e pretendo formatar e oferecer essa abordagem em breve. No entanto, não pude esperar
para compartilhar esses insights e escrever este artigo, pois faz parte do meu propósito.
Como sempre concluo, meus artigos, ideias de retrospectiva, insights overnight, checkups e, ao final, um processo de avaliação e replanejamento, só têm valor se colocados em prática. Então, mãos à obra!
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