Por Bruna Galati
O inverno que se abateu sobre as startups nos últimos tempos não atingiu as femtechs focadas em saúde e bem-estar da mulher. Embora os investimentos globais em healthtechs tenham caído 46,25% em 2022, chegando a US$ 8,6 bilhões, a participação das femtechs aumentou, de acordo com levantamento do Pitch Book.
Do total destinado ao setor de saúde digital pelos fundos de Venture Capital, 13,26% foram para as startups focadas em mulheres. Em 2021, eles respondiam por 8,75% dos aportes e, em 2020, por 7,6%. Nas projeções do Pitch Book, os investidores de risco devem destinar US$ 3 bilhões para as femtechs até 2030.
No Brasil, o segmento das femtechs tem tudo para aumentar de tamanho, já que ainda representa um nicho pequeno dentro do universo das startups, somando apenas 23, segundo mapeamento do Inside Healthecare Report. Em comparação, são 542 healthtechs e 13,8 mil startups no país. Entre as principais áreas cobertas pelas startups focadas em saúde da mulher estão a maternidade, nutrição e bem-estar; diagnósticos e tratamento de doenças; e wearables (desenvolvimento de dispositivos, como para monitoramento corporal).
Nesse segmento, um nicho com grande potencial de crescimento – tanto no Brasil quanto no mundo – são as femtechs focadas em produtos e serviços direcionados às mulheres que já entraram ou estão perto de entrar na menopausa. Globalmente, esse mercado foi avaliado em US$ 15,4 bilhões (R$ 81,3 bilhões) em 2021, e deve crescer a uma taxa anual de 5,29% até 2030, segundo relatório da consultoria Grand View Research.
O crescimento desse setor pode ser consequência do aumento da expectativa de vida da mulher brasileira, que é de 80,5 anos. Dados do Estudo Brasileiro de Menopausa, realizado em 2022 com mais de 1.500 brasileiras, apontam que a idade média para entrar na menopausa no país é aos 48 anos. Mas é normal que ela aconteça entre 45 e 55 anos. Isso significa que as mulheres terão mais de um terço de vida nessa fase de menopausa.
Femtech que desenvolve tratamentos para menopausa
Inserida neste contexto está a PlenaPausa, femtech que desenvolve tratamentos para a menopausa. A inspiração para as empreendedoras Márcia Cunha e Carla Moussalli fundarem a startup veio através de uma conversa. Marcia trabalhava em um projeto para uma plataforma de medicina integrativa quando o tema menopausa surgiu. “O que chamou a minha atenção foi o fato de que as dores apontadas pelas mulheres que estavam atravessando aquela fase eram muito próximas às dores enfrentadas pela minha mãe há 30 anos. Fui a campo falar com mais de 100 mulheres para ouvir se de fato ali existia uma demanda”, compartilha.
O resultado da pesquisa foi muito positivo, mostrando que havia oportunidade para trabalhar nessa área e encontrar soluções para a dor dessas mulheres, uma vez que a desinformação e a falta de resoluções eram grandes. Hoje, a PlenaPausa possui uma linha de suplementos fitoterápicos naturais que ajudam as mulheres a aliviarem os sintomas da menopausa, além de uma rede de apoio e informações com especialistas, passando de 8 mil usuárias atendidas.
Cerca de 86% das mulheres não sabem identificar os sintomas da menopausa, não correlacionam a insônia, alteração de humor e irregularidade menstrual com o climatério. O maior desafio da startup é informar essa mulher para que ela entenda que essa fase pode ser vivida com qualidade de vida e bem-estar.
Para ser ajudada nesse período, a mulher pode entrar no site da PlenaPausa e responder um protocolo existente na medicina para avaliar a menopausa. Ele indica em qual fase do climatério/menopausa a mulher está e o nível de sintomas. “A partir das respostas deste teste começamos a desenvolver produtos e serviços para ajudar a mulher a atravessar esta fase. Nossas três fórmulas de suplementos foram desenvolvidas para amenizar os 5 principais sintomas apontados pelas mulheres no teste, falta de libido, cansaço, alteração de humor, ansiedade e insônia. As fórmulas contribuem para a regularização dos sintomas e ajudam a ter mais disposição, energia, bem-estar emocional e uma boa noite de sono”, explica Márcia.
Hoje, mais de 8.500 mulheres já fizeram o teste da PlenaPausa e mais de 2 mil já participaram dos encontros mensais com especialistas e rodas de conversa entre mulheres. As vendas dos produtos iniciaram em fevereiro de 2022 e já foram enviados para todos os estados do Brasil.
Para 2024, o objetivo é crescer quatro vezes mais a receita da startup e focar no aumento da esteira de produtos antendendo demandas de autocuidado, saúde íntima e física das clientes. Além disso, a startup ainda não passou por uma rodada de investimento, está no bootstrapping até o momento.
“A disrupção das femtechs na indústria de produtos para a saúde e o bem-estar femininos e na criação de serviços digitais de apoio às mulheres que entram na menopausa serve como um lembrete importante do valor das estratégias orientadas por propósitos e do potencial inovador da diversidade, equidade e inclusão”, completa Márcia Cunha, fundadora e CEO da PlenaPausa.
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