*Por Murilo Campos
O setor de entregas last mile é um dos segmentos que mais crescem na conjuntura atual do mercado logístico, sendo potencializado de forma significativa durante a pandemia, por conta da expansão quase que desenfreada dos pedidos de refeições via internet ou aplicativos. Segundo dados da pesquisa Consumo Online no Brasil, realizada pela agência Edelman, durante o período de emergência de saúde pública, o número de pessoas que passaram a solicitar delivery de comida, pelo menos uma vez na semana, saltou de 40,5% para 66,1%. Já o índice diário subiu de 14,2% para 22,1%.
Até por esse movimento de mercado, todo o setor operacional de logística também se viu na necessidade de acompanhar essa tendência para atender às empresas de maneira satisfatória, uma vez que esse tipo de serviço hoje é demandado por grande parte das marcas que desejam fazer uma entrega bem feita e dentro do prazo estipulado. Porém, se de um lado esse progresso acelerado abriu um caminho gigantesco para o mercado de operadores logísticos, por outro evidenciou a necessidade de investir em organização. Isso porque o segmento convive com gaps estruturais claros, que prejudicam e limitam o seu potencial de crescimento.
Uma das lacunas mais comuns por parte das empresas do setor passa pelas estruturas frágeis de negócio. Hoje é bastante perceptível que o gerenciamento institucional acaba sendo permeado praticamente de forma exclusiva por intenções de curto prazo, sem possuir um plano estratégico estável e mais extenso. Prova disso é a ausência de ferramentas de gestão no dia a dia das operações, o que aumenta a probabilidade dos serviços serem executados de maneira falha.
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Outra dor latente no dia a dia dos operadores logísticos passa pela falta de conformidade jurídica. Como, na grande maioria dos casos, não podem costurar vínculos trabalhistas com os entregadores, essas companhias precisam superar o desafio de exercer uma governança sobre as suas frotas, porém sem teor de subordinação – já que este representa o vínculo empregatício. Como resultado desse cenário, a dificuldade atual é assegurar performance sem que ocorra uma gestão interpretada como subordinação.
A falta de clareza e assistência por parte dos próprios players envolvidos também é uma dor enfrentada pelo mercado. Por mais que o setor seja construído a partir do relacionamento entre duas empresas interessadas, a responsável pela venda e a operadora logística que entrega o produto, isso não quer dizer que esse vínculo seja sempre harmônico. Até porque, por mais que uma corporação dependa da outra, a realidade tem mostrado que essa troca acaba muitas vezes sendo deixada à mercê totalmente dos operadores logísticos, que, por sua vez, não conseguem realizar esse trabalho de forma eficiente justamente por conta de todos esses processos falhos.
Novo mercado das operações logísticas
Os operadores logísticos facilitam e solucionam um mercado em constante crescimento. Segundo a pesquisa Perfil dos Operadores Logísticos 2022, realizada pela Associação Brasileira de OLs, são esses profissionais responsáveis por movimentar mais de R$ 160 bilhões do PIB brasileiro, além de gerar 2 milhões de empregos diretos e indiretos. Porém, a realidade de trabalho desse setor, que nasceu sem estrutura, ainda está distante do seu verdadeiro potencial.
Felizmente, o próprio mercado mostra sinais de ter identificado esse déficit e, agora, surge um novo negócio, a fim de sanar dores que vão desde a necessidade de entender as diferenças em seus processos, até saber usar as ferramentas que contribuem com o seu crescimento. Prova disso é que atualmente já existem soluções baseadas em tecnologia que são voltadas justamente para a construção de uma gestão integrada e inteligente para esses players.
Com o objetivo de otimizar os fluxos operacionais, essas plataformas digitais atuam para que o gerenciamento logístico seja mais assertivo, simplificado e agilizado. Como consequência, os operadores passam a atuar acompanhados de um processo operacional muito mais eficiente, conquistando a melhora integral dos serviços prestados, e consequentemente, do nível de satisfação do cliente.
Além disso, o trabalho manual, que antes exigia muitas horas ou mãos atuando simultaneamente, agora pode ser feito de forma muito mais prática, abrindo espaço para que esses profissionais atuem em funções mais estratégicas, com foco principalmente em alavancar ainda mais a receita para a organização.
Todo esse impulso voltado ao gerenciamento mais eficiente contribui não só para os resultados financeiros dos operadores logísticos, mas também para todo o ecossistema desse mercado de entregas. Isso porque esse tipo de gestão contribui ainda para um trabalho muito mais humanizado por parte dos entregadores, que poderão ter um maior controle sobre o número e os horários das entregas. Vale dizer ainda que esse tipo de padronização de trabalho ajuda ainda a mitigar os riscos jurídicos com relação às ações trabalhistas, além do maior engajamento com a frota de entregadores.
Em outras palavras, podemos dizer que, após o crescimento desordenado do mercado de entregas last mile, chegou o momento de acertar as lacunas para que o setor possa atingir o seu verdadeiro potencial. E a tecnologia é uma verdadeira aliada dos operadores logísticos para a realização desse movimento.
*Murilo Campos é COO e participou ativamente da criação da Levo, com mais de 10 anos de experiência em operações logísticas e gestão de pessoas.
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