*Por Wellington Borel
A relação entre corporações e startups desempenha um papel crucial nas estratégias de inovação aberta. Por meio desse elo, é possível fortalecer modelos de gestão empresarial mais preparados para os atuais desafios e novas demandas do mercado, em contínua e acelerada transformação.
Há, no entanto, um paradoxo entre esses dois atores que precisa ser equacionado. De um lado, está a corporação, que possui recursos e governança, o que a torna menos propensa a correr riscos. Do outro, a startup, que é nativamente digital, possui em seu DNA agilidade e flexibilidade em seus processos, mas com recursos limitados.
O estudo O Panorama da inovação Aberta nas Empresas do Brasil, desenvolvido pela Softex, ouviu 63 organizações de todos os portes, mercados e regiões do país, e mostra que aproximadamente 88% das empresas brasileiras já desenvolveram ações de open innovation, e as startups são o principal (67%) perfil de parceiros nesses projetos.
A pesquisa também revelou que 76% das empresas vêm realizando investimentos em inovação com recursos próprios e 62,5% possuem programa de intraempreendedorismo. O estudo indica uma crescente participação da alta liderança na estratégia de inovação aberta (89,3%) e que o desenvolvimento de provas de conceito é a principal forma de relacionamento com startups, para 91,9% dos respondentes.
Confira aqui o Mídia Kit do Startupi!
Diante de todo esse potencial, enxergo alguns pontos que podem contribuir ainda mais para a evolução do relacionamento entre as corporações e as startups, fomentando parcerias valiosas para impulsionar o crescimento e promover a inovação.
A importância da tese de inovação
Para uma inovação aberta eficaz, as corporações devem estabelecer uma tese de inovação clara, com objetivos bem definidos, parâmetros financeiros e estratégicos, além de alinhamento com a alta liderança. Sem o comprometimento dos executivos de alto escalão, aprovar projetos relevantes de inovação aberta, especialmente aqueles envolvendo startups, será muito mais difícil. É responsabilidade da liderança assumir os riscos e superar possíveis obstáculos que possam surgir durante o projeto.
Áreas-chave envolvidas desde o início
A participação de profissionais especializados em governança, compras, jurídico, segurança e fusões e aquisições (M&A) é crucial para estabelecer uma colaboração eficiente com startups. Essas áreas muitas vezes podem atrasar o processo, mas sua participação garante alinhamento e reduz possíveis ruídos. As corporações devem incentivar suas equipes a participarem de discussões estratégicas e alinhamentos iniciais com as startups, visando promover agilidade e evitar atrasos desnecessários.
Olhar diferenciado para as startups
As corporações devem adotar uma mentalidade especializada ao se relacionarem com startups, reconhecer sua natureza de constante necessidade de aprimoramento e crescimento. Ao tratá-las como parceiros únicos, e compreendendo seus desafios específicos, as organizações podem aproveitar melhor o potencial das startups e estabelecer colaborações bem-sucedidas.
Aprendizado mútuo
Embora as corporações possam ocupar uma posição privilegiada, a alta liderança reconhece atualmente o imenso valor que as startups trazem em termos de inovação e novas perspectivas. Por isso, é essencial que as corporações envolvam seus departamentos de Recursos Humanos e Cultura para promover a aprendizagem organizacional e incentivar uma cultura de abertura e compartilhamento de conhecimento.
Competências empreendedoras
As corporações frequentemente investem no fomento do empreendedorismo e esperam que os fundadores e co-fundadores das startups demonstrem comportamentos e competências empreendedoras. O senso de urgência, a “atitude de dono” e a colaboração são características muito valorizadas pelas organizações. Ao interagir com elas, os empreendedores de startups devem demonstrar interesse genuíno pelo negócio e buscar contribuir além das discussões de contratação.
Clareza em torno das principais dores das corporações
É fundamental que as startups compreendam que as corporações têm desafios complexos e sistemas legados. É importante não se apaixonar apenas pela solução tecnológica que a startup oferece, mas sim entender a problemática enfrentada pela corporação. As startups devem entrar no jogo com a mentalidade de explorar diversas oportunidades e soluções inovadoras. Ter clareza sobre o problema que desejam resolver é primordial para uma parceria de sucesso.
Em um contexto de elevada competição e mudanças rápidas no mercado, a colaboração entre corporações e startups tem se tornado uma estratégia cada vez mais indispensável para garantir a rentabilidade e a sustentabilidade a longo prazo das empresas. As corporações devem estar preparadas para aproveitar ao máximo o potencial dessas parcerias e estar abertas para aprimoramentos, aprendizados e a busca conjunta por soluções inovadoras. Afinal, somente por meio da cooperação e do investimento em inovação é possível manter a relevância e enfrentar os desafios do complexo cenário atual.
* Wellington Borel é CEO da Algar Telecom Venture Builder
Acesse aqui e saiba como você e o Startupi podem se tornar parceiros para impulsionar seus esforços de comunicação. Startupi – Jornalismo para quem lidera a inovação.