* Por Ricardo Capucio
A sinergia operacional tem ganhado força, à frente dos recursos financeiros. Isto porque a necessidade mudou e a prioridade é apostar em empresas mais estabilizadas e capazes de gerar resultados comprovados.
O impacto da alta de juros, pandemia e guerra que acarretaram a “seca” nos aportes, passando quase dez meses para se ver uma abertura inicial de capital (IPOs) em território nacional, não apenas tornou os investimentos mais restritos com os empresários mais interessados por startups que realmente revolucionam seu segmento, como também alterou o sentido da procura pelos negócios.
As empresas com saúde financeira e contábil não dependem necessariamente do capital, mas de investidores que possam agregar estrategicamente no negócio, acelerando o seu crescimento. Acredito que a “bola da vez” a partir de 2022 serão os investimentos em startups maduras em busca de sócios estratégicos.
Sinergia Operacional: mercado de venture capital bateu recorde em 2021
O ano de 2021 foi histórico para o mercado de venture capital. Na América Latina o volume de investimentos de venture capital chegou a US$ 15.7 bilhões, patamar recorde e superior ao montante levantado nos dez anos anteriores, conforme os dados da associação Lavca (Association for Private Capital Investment in Latin America). O Brasil mordeu 48% dessa fatia e ganhou oito unicórnios somente em 2021. Hoje, já são mais de 28 startups que ultrapassam o valuation de US$ 1 bilhão no País.
Mas agora, a realidade é outra e as principais características buscadas pelos investidores estão relacionadas à saúde financeira, contábil, fiscal e a adoção de boas práticas, como governança, já que a economia está cheia de incertezas e a aversão ao risco aumentou, fechando as fartas torneiras de dinheiro.
De acordo com os dados da TTR (Transactional Track Record), mesmo com todos os desafios, o mercado de M&A crescerá na casa de 20% em comparação aos números de 2021. Acredito que a tendência é olhar para startups que tenham bom produto, escala, modelo de negócio consistente e estratégico.
* Ricardo Capucio Borges é advogado com experiência em direito das tecnologias e propriedade intelectual. Atualmente, é responsável pelas relações com investidores na Qualifica