Mark Kawano era um designer sênior na Apple até fundar sua própria empresa, a Storehouse. Kawano fez uma lista de mitos sobre o design na Apple simplesmente imperdível. O artigo foi publicado originalmente na Fast Company e o Startupi traz ele hoje para nossos leitores:
MITO 1: A Apple tem os melhores designers
“O pior erro é acreditar que a Apple tem os produtos com melhor design, melhor experiência de usuário, ou qualquer coisa… porque eles têm o melhor time de designers ou o melhor processo”, diz Kawano. Porém o designer, após anos de especialidade em experiência do usuário, internalizou uma verdade: “Na verdade é a cultura da enenharia e o jeito que a organização é construída para apreciar e apoiar o design. Todo mundo lá está pensando em UX [experiência de usuário] e design, não apenas os designers. E é isso que faz dos produtos muito melhores…” Se fala muito sobre um bom design ter que começar no topo –que um CEO tem que se importar com isso com a mesma frequência que os designers. As pessoas sempre falam que o Steve Jobs trouxe essa estrutura pra Apple, mas a razão dessa estrutura funcionar, não é porque um chefão mandava, era porque todo mundo se preocupava com design.
“Não é esse lugar no qual você entra e ganha superpoderes. É que agora você tem uma organização onde você pode passar seu tempo só no pensando no design dos produtos, ao invés de ter que brigar por seu lugar na mesa, ou ficar frustrado quando o melhor design é atropelado pelo engenheiro que só quer otimizar o produto para corrigir erros. Os designer de outras empresas tem que passar por todas essas coisas. Na Apple é declarado que a experiência é muito importante.”
Kawano também ressalta que todo mundo na Apple –de engenheiros a marketeiros– pensam como designers. O recursos humanos contrata as pessoas com essa mentalidade, assim como o Google contrata empregados que pensam como “Googlers”, a Apple contrata empregados que realmente levam em consideração o design em todas as suas decisões. “Você vê empresas que desfalcam os designers da Apple e elas aparecem com interfaces mais sexys ou algo interessante, mas não necessariamente movem uma agulho disso do negócio delas. Isso acontece porque todo o design pensado era para a interface, mas para se ter um produto com um bom design do jeito que o Steve Jobs descrevia, um objeto ‘holístico’, é um todo, não apenas a interface. É o design do modelo correto. O design do marketing, e do jeito que o produto será distribuído. Todas as peças são críticas.”
MITO 4: A paixão do Steve Jobs assustava todo mundo
Tem um conselho dentro da Apple difundido frequentemente –talvez você já o tenha ouvido antes– que um designer deve sempre pegar as escadas, porque se você encontrar Steve Jobs no elevador, ele te perguntaria o que você estava fazendo e uma das duas coisas aconteceriam:
1. Ele odiaria, e você poderia ser despedido.
2. Ele amaria, o detalhe ganharia sua atenção e você perderia todas as próximas noites, fins de semana e férias trabalhando no projeto.
Kawano ri ao falar isso, mas a conclusão que ele tira disso vai além da piada fácil.
“A realidade é, as pessoas que prosperaram na Apple são as pessoas que eram gratas e dividiam desejo e paixão de trabalhar com o Steve, além de serem realmente dedicadas com o consumidor e o produto. Elas estavam dispostas de desistir dos seus fins de semana e férias. E um monte de pessoas que reclamam que não era justo…. elas não percebem o valor de desistir dessas coisas enquanto estão tentando criar o melhor produto para o cliente e sacrificar coisas pessoais para chegar lá.”
“Nessas ocasiões ele perdia a calma, mas é só porque ele queria o melhor e esperava que todo mundo quisesse o mesmo. Ele tinha problemas em entender as pessoas que não queriam o mesmo e ficava imaginando porque elas estavam trabalhando pra ele se esse era o caso. Ele tinha dificuldades em entender porque as pessoas trabalhariam naquelas posições e não iriam querer sacrificar tudo por aquilo.”
E para Kawano? Ele já recebeu um conselho ou um elogio inesquecível de Jobs?
“Nada pessoalmente”, ele admite e logo ri. “A única coisa realmente positiva foi uma vez na cafeteria que ele disse que o salmão que eu peguei parecia ótimo e que ele ia pegar o mesmo.”
“Ele era super acessível. Eu tentei fazer com ele passasse na minha frente na fila, mas ele nunca faria algo assim. Isso era interessante também, ele demandava muito, mas quando era sobre outras coisas, ele queria sempre ser muito democrático, e sempre queria ser tratado como todo mundo. Portanto ele estava sempre oscilando e lutando entre esses dois papéis.”