O setor de automação comercial, marcado pela presença maciça de grandes players, está querendo se renovar, e as startups parecem ser o caminho pra esse movimento de “oxigenação”. Um exemplo dessa junção de mundos pode ser visto na última edição da Autocom, considerado o maior congresso de automação comercial do país. Pela primeira vez, a Autocom ganhou um espaço específico para as startups.
“Estamos com uma diretoria nova na Afrac [associação responsável pela organização da Autocom], que é formada por empresas que, há 20 anos, eram startups e não tiveram muita oportunidade. A gente venceu muito no grito e o segmento foi se consolidando”, explica Luis Garbelini, vice-presidente da Afrac, que organiza a feira há 15 anos.
Segundo o executivo, a tecnologia móvel, a difusão da internet e o acesso à informação transformaram o mundo e isso gerou muitas novidades para o setor de automação comercial. “Estamos querendo ajudar essas ideias que ainda estão incubadas a chegar ao grande mercado, que já está estabelecido, queremos oxigenar esse mercado.”
Foi então criado o “Espaço Startups” na 15ª edição da Autocom, com a presença de nove empresas que tinham que ter até três anos de atuação no mercado e dez funcionários. “Queríamos mostrar para a empresa que, se ela tem um vínculo com automação comercial, ela pode encontrar parceiros para crescer com a ajuda da Afrac.” Ele afirma que houve um cuidado especial em fazer com que as startups ficassem localizadas bem no meio da feira, e não num canto dos fundos.
Segundo o executivo, duas empresas de fidelização de clientes fecharam uma parceria no evento, porque uma tinha o software e a outra tinha o hardware de um serviço. “Elas só iam se encontrar lá na frente, e talvez, então a gente conseguiu encontrar o parceiro certo pra elas”, explica Luis.
Uma dessas startups expostas no setor foi a Kriptus, focada na segurança de tecnologia da informação. A empresa foi definida como startup pela Afrac, mas não me pareceu algo tão inicial. “A empresa existe há dez anos, mas somos uma startup na área de automação comercial”, explicou Luis Campos, diretor comercial. Segundo ele, a Kriptus criou um autenticador eletrônico de cupom fiscal, que será obrigatório a todos os varejistas em breve.
“Temos 20 funcionários e sede em Campinas. Desde 2003, nós funcionamos com a nossa própria receita”, explica o diretor. “Como estamos sendo pioneiros na criação desse equipamento, queríamos entrar em contato com ‘software houses’ para que elas pudessem testar nosso equipamento. Na Autocom, fizemos contato com mais de 60 empresas interessadas em participar do projeto-piloto.”
A Afrac parece mesmo empolgada com o setor. Eles disseram que querem aumentar de nove para 30 startups na edição do ano que vem da feira e pretendem criar planos de associação para quem é menor. “É um projeto que temos na entidade. Nós também criamos uma rede social para mostrar as startups aos players atuais do mercado.”
Para quem se interessou, a Afrac conta o que procura: startups que tenham alguma ligação com o negócio de automação, e não precisa ser “só o básico”. “Hoje, o comércio tem muito mais a ver com surpreender o cliente do que vender. Então, entra o CRM, o sistema de fidelização, a mobilidade”, conta Luis, da Afrac. “Tudo o que pode ajudar a melhorar o processo de venda e da gestão da loja é bem vindo.”
Foto: Mark Nye