* Por Leylah Macluf
No momento em que o Brasil tem cerca de 14 milhões de desempregados, um importante setor da economia corre o risco de colapsar. Trata-se da área de Tecnologia da Informação (TI). O absurdo da situação é que os problemas decorrem da falta de profissionais qualificados. Áreas de tecnologia de empresas de diversos setores têm vagas abertas que não são preenchidas. Sim, companhias estão desesperadas por bons profissionais. Mas estão tendo uma imensa dificuldade em encontrá-los.
O problema não é novo. Em agosto de 2019, a Brasscom divulgou um estudo mostrando que, de 2018 a 2024, o mercado demandaria 420 mil profissionais de tecnologia e, sem a mudança na formação de profissionais, haveria um déficit de 260 mil vagas. Com a pandemia, o problema se agravou. O home-office levou as empresas a criar infraestrutura para o trabalho à distância e varejistas tiveram que investir em plataformas de e-commerce. Isso sem falar no desafio das áreas de inovação em adaptar os seus negócios para o “novo normal”. As estimativas agora indicam que, somente neste ano, o número de vagas em aberto chegará a 200 mil. E logo o Brasil vai precisar de mais 500 mil profissionais na área.
A conclusão é óbvia: os jovens que estão saindo das escolas deveriam buscar uma formação no mundo da tecnologia.
Tecnologia não é mais lugar para “nerds”
Infelizmente, ainda há um certo estigma a respeito do perfil dos profissionais da área: “nerds” com afinidade em matemática e raciocínio lógico. Sim, para algumas áreas, principalmente voltadas à programação, ter inclinação para essas disciplinas é desejável. Mas o universo da tecnologia é muito mais amplo do que isso.
Essa ideia ultrapassada impede que muitos jovens criativos e dinâmicos entrem para o mundo da tecnologia. E aí é que está: todos saem perdendo. As empresas, que precisam mais do que nunca de pessoas criativas para atuar em tecnologia; e os próprios jovens, que acabam indo para outras áreas quando poderiam trilhar um caminho de sucesso na tecnologia.
Outra barreira de entrada diz respeito ao gênero: é a ideia, também muito ultrapassada, de que o mundo da tecnologia é masculino. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mulheres são apenas 20% das profissionais de TI. Não há uma razão, lógica ou emocional, que torne absurda a ideia de que as mulheres poderiam ocupar 50% ou mais desse mercado.
Tecnologia é lugar para gente dinâmica e aberta
Hoje, o setor de tecnologia demanda profissionais dispostos a trabalhar em equipe (e não isolados à frente do computador) e com donos da que talvez seja a qualidade mais desejada pelo mercado: capacidade de reaprendizado. Num mundo que muda com tanta velocidade, estar disposto a continuar aprendendo é básico. Mas é preciso ir além: os novos profissionais devem estar dispostos a ressignificar o que se aprendeu anteriormente e abraçar os novos conhecimentos.
Importante ressaltar: A capacidade de reaprendizagem parece algo simples, mas não é. Não se trata mais de pensar no conhecimento como uma jornada de acumulação. Mas de um processo de revisão e atualização.
Os profissionais com essa qualidade têm tudo para uma carreira brilhante
Quanto aos aspectos técnicos, a exigência é menor. Nos estágios iniciais, as empresas não demandam tantas capacitações por parte dos candidatos. Um jovem que entra como “júnior” numa empresa terá todo apoio para aprender os aspectos técnicos do trabalho. A everis, por exemplo, todo ano oferece diversos programas de treinamento para formar novos profissionais para ela e para o mercado.
Trabalhar com tecnologia pressupõe ser um “desenvolvedor de soluções” – algo que vai muito além da mera programação. Não é por acaso que, hoje, há nas grandes empresas profissionais com as mais variadas formações.
Portanto, fica aqui um convite aos jovens para se abrirem ao maravilhoso universo da tecnologia.
* Leylah Macluf é Diretora de Talentos da everis Brasil, empresa mantenedora do Cubo Itaú. Profissional com mais 20 anos de experiência em consultorias e grandes empresas multiancionais, atuando nos segmentos de estratégia e desenvolvimento humano. Formada em Administração de empresas, com MBA com foco em TI e Pós gradução em Psicologia Positiva, certificada em Coaching de Pontos Fortes pelo Intituto Gallup e Instituto Ecosocial. Atualmente atua como Diretora de Talent & Transformation para Américas na everis.