* Por Natália Niro
Empreender é sempre um desafio. Hoje, tudo acontece ao mesmo tempo, e as ideias percorrem o mundo sem barreiras ou limites, por meio de incontáveis novas informações. Para o público maduro, que soma mais de 30 milhões de brasileiros, há uma carência de soluções, uma vez que as empresas ainda estão aprendendo a entender suas necessidades específicas. Para tal, é importante pesquisar muito sobre a temática e, mais do que isso, colocar esse público maduro no centro do processo de inovação.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com mais de 60 anos deve apenas crescer: em 32 anos, o Brasil será o sexto país com maior parcela da população sênior, devendo chegar a 67 milhões de brasileiros. No mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o grupo cresce cerca de 3% ao ano. Essa população está envelhecendo muito mais rápido do que o previsto, e vivendo mais, o que aponta a necessidade de um olhar mais atento para soluções que atendam à sua realidade.
Hoje, de acordo com levantamento do Bank of America Merrill Lynch, o público sênior movimenta US$15 trilhões por ano mundialmente, sendo essa a terceira maior atividade econômica do mundo. Segundo o IBGE, no Brasil, isso representa quase 20% do consumo, ou cerca de R$1,6 trilhão/ano.
E, com o crescente desenvolvimento do mercado da longevidade, plataformas de empreendedorismo podem ser muito importantes para a visibilidade e alavancagem de negócios voltados para esse público. Atualmente, existe uma gama de oportunidades de recursos para os desafios da longevidade, mas, para usufruir bem desses meios, conhecer o consumidor é primordial. Mais do que apenas dar visibilidade, é essencial conversar com o nicho, explorando essas soluções em diversas vertentes. Felizmente, a longevidade caminha como tema recorrente nos negócios e é vista como oportunidade para empreendimentos sociais.
Com muita empatia e envolvimento desse público, é possível encontrar meios de gerar impacto positivo e empreender ao mesmo tempo, como fez a Neo Acelera, aceleradora de impacto social da Neo Química, que desde o ano passado vem mobilizando negócios sociais, por meio da promoção de relações potentes que auxiliem, acelerem e potencializem a saúde no Brasil. O programa foi desenvolvido em parceria com a unidade de inovação corporativa da Yunus Negócios Sociais, com apoio da Pipe.Social e da consultoria Hype60+, e reforça o posicionamento da marca – A saúde de todos é a nossa vocação – e o propósito de ajudar a garantir o direito à saúde de todo brasileiro.
Este ano, o foco está voltado para os desafios da maturidade e, com isso em mente, a Neo Acelera escolheu seis projetos – ISGAME, Mais Vívida, Divas Dance, Acvida Cuidadores, Sênior Geek e Dr. Pocket – para serem acelerados, considerando que já geram impacto social positivo para seus beneficiários e possuem potencial para ganhar escala.
Os negócios foram escolhidos entre 441 inscritos no programa e passarão por um programa de três meses de aceleração, com treinamentos imersivos e mentorias online, envolvendo especialistas do mercado e a equipe da Yunus Negócios Sociais. Toda a jornada da aceleração foi adaptada para a realidade virtual, explorando metodologias adequadas ao contexto atual e, ao final, um dos empreendimentos poderá receber um aporte de R$ 150 mil para se desenvolver, aumentando o impacto do negócio.
Além de projetos como estes, também notamos muitas pessoas 60+ empreendendo – uma curva que está subindo rapidamente. Isso se dá devido ao menor índice e contratação de trabalhadores com mais de 50 anos, de acordo com pesquisa da consultoria Robert Half, que após dados fornecidos por 1.161 respondentes, concluiu que, em 2019, 69% das empresas não contrataram trabalhadores nesta faixa etária. Entre os receios dos recrutadores com relação a esse perfil estão salário alto (31%), pouca flexibilidade (18%), desatualização (12%) e o risco de ampliar conflitos entre gerações (7%). Falamos de indivíduos extremamente ativos e capazes, mas que não conseguem mais se inserir em um mercado que constantemente fecha as portas para eles.
Por último, ao analisarmos tantos dados que apontam as atuais circunstâncias da terceira idade no país, se faz cada vez mais clara a necessidade de não apenas dar visibilidade a esse público, mas, também, de investir em soluções que atuem em benefício da qualidade de vida do grupo maduro, no intuito de suprir esse vácuo de oportunidades, tanto de produtos como de carreira.
* Natália Niro é gerente executiva da Neo Química.