* Luiz Felipe Tassitani
É inegável a evolução da prática jurídica nos últimos cinco anos. Desde os velhos aposentados scanners de mão até as plataformas analytics, que organizam dados para auxílio nas tomadas de decisão, ainda veremos muitas mudanças e os próximos cinco anos prometem ser ainda mais revolucionários.
As organizações passarão a enxergar o jurídico estrategicamente. Será uma corrida cada vez mais acirrada por eficiência, melhoria de processos, otimização de entrega e multidisciplinaridade.
Nos Estados Unidos e em outros países maduros na questão inovação, o movimento iniciou há alguns anos. As urgentes exigências do mercado motivaram a criação de novos cargos e carreiras para profissionais com qualificações nada tradicionais.
De acordo com levantamento feito pelo Jornal da ABA (American Bar Association) essa transformação ainda está no início. Existem algumas novas posições, comuns nos EUA, que ainda não são realidade por aqui, entretanto, como efeito da globalização, devem se popularizar em breve:
– Engenheiro do conhecimento jurídico: desenvolve ferramentas de competência e expertise na área jurídica;
– Especialista em equipes dedicadas aos clientes: responsável pelo planejamento, execução e gerenciamento cotidiano de um projeto;
– Supervisor de relações com os clientes e de profissionalismo: supervisiona a atuação dos advogados e funcionários nos relacionamentos corporativos externa e internamente;
– Consultor especializado de confiança: é um estrategista, a quem a firma recorre toda vez que precisa de uma expertise diferenciada;
– Especialista em preços: assessora a administração do escritório em políticas e negociações de honorários, formas de pagamentos e concessão de descontos;
– Mediador online: especialista em arbitragem de disputas online.
A inovação chegando ao Brasil
Em relação às novas ocupações que já emplacaram no nosso país, temos as Legal Operation (sem tradução em português). Comumente encontrada em Departamentos Jurídicos, essa nova atribuição ganha cada vez mais força, justamente, pelas inovações observadas pelo setor.
Sem a intenção de substituir o advogado enquanto prestador da prática do Direito, a missão do profissional de Legal Operation é assessorar todas as áreas do Jurídico na operação e estratégia a fim de otimizar processos e fluxos, aproximar o Direito de outras disciplinas com soluções eficientes – redução de custos, otimização de tempo e qualidade de serviços.
Há quem defenda que a posição do Legal Operation chamará atenção das matrizes internacionais, sendo responsável por expatriar inúmeros advogados que provarão seu valor com a experiência adquirida no Brasil. Lembrando que não há necessidade de submeter-se às associações como a ABA (American Bar Association), por exemplo, nos Estados Unidos, o que facilitaria exercer o cargo no exterior.
Para atuar em Legal Operation não é necessária a formação em Direito, mas entendo que a expertise adquirida pelo profissional durante a graduação e a prática da advocacia o certifique para que tome decisões mais assertivas e focadas nas necessidades do setor jurídico.
Oportunidades no novo cenário
Não há dúvida que o mercado jurídico passa por transformações significativas fortemente impactado pela inovação. Transformar-se diante dessa nova realidade é mais que necessário. Exige novas competências, habilidades e novas disciplinas dos profissionais. Com o apoio da tecnologia, o advogado capaz de dialogar com temáticas inovadoras será cada vez mais valorizado.
Nunca houve tantas oportunidades para aqueles com a mente aberta e sedentos para ampliar seu leque de atuação. As ferramentas estão disponíveis e ao alcance de todos.
* Luiz Felipe Tassitani é advogado sênior na Sompo Seguros S/A. Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Mackenzie, com MBA em Seguros e Gestão Jurídica Estratégica pela FIA – Fundação Instituto de Administração.