* Por Carlos Baptista
Não é novidade para ninguém que estamos vivendo uma nova era digital. Mesmo assim, muitas empresas ainda resistem ao progresso tecnológico ou a repensarem os seus modelos. A transformação digital, termo amplamente utilizado, não pode mais ser retardada por nenhum tipo de organização principalmente no pós-covid, momento para o qual estamos caminhando. As regras do jogo mudaram com a crise. Isso ficou muito claro diante dos desafios gerados pela aceleração dessas mudanças, motivadas pela pandemia. Mas, como as companhias devem se preparar para um mundo que já aponta ser diferente?
Sim, qualquer transformação, e neste caso de amplitude estrutural, passa a ser cansativa justamente porque só é feita em tempos de crise, de uma forma árdua e afobada. Ninguém se antecipa no sentido de se preparar e se organizar para uma mudança ou mesmo incorporar o processo de mudança como parte integrante do dia a dia. O ideal é fazer isso do modo menos desgastante possível. Por isso precisamos estar preparados para as próximas ondas e pensar em novos modelos de receita que nos possibilitem superar a crise e nos preparar para a retomada.
Essa situação é mais corriqueira do que parece em todos os tipos de empresa e segmentos mas ficou muito clara nas PMEs. Pesquisa do Capterra, realizada com cerca de 400 funcionários de empresas de diversos setores do país, aponta que 47% das PMEs não tinham nenhum plano de gestão para providenciar mudanças tecnológicas para se manterem competitivas no mercado.
Algumas atitudes devem ser adotadas para que a organização esteja mais preparada para as transformações:
Experimentação
Adotar uma cultura de experimentação é uma dica interessante em tempos incertos. Ao experimentar o novo, testar outros modelos de negócios, novas formas de gerar receitas, maneiras diferentes de abordar os clientes, por exemplo, abrem-se os novos horizontes. Não se pode aguardar outra crise para então adotar essa mudança. A melhor estratégia é realmente criar o futuro, sendo proativo, ao invés de se posicionar de forma reativa, o que gera desgaste.
Cultura ágil
Os métodos ágeis não devem ficar restritos às áreas de TI. Toda a organização precisa adotar uma cultura ágil e desse modo direcionar melhor os esforços de investimentos. O mindset ágil permite isso e permite que se faça esse ciclo de testes ao qual se refere acima. Essa agilidade ajuda a focar nos resultados, ou seja, caso o experimento não traga boas perspectivas, economiza-se tempo e dinheiro. Não adianta insistir em uma estratégia que não é boa e não se adapta ao perfil da empresa.
Nova liderança
A organização precisa adotar uma liderança mais inclusiva, que incentive o debate de novas ideias entre os colaboradores. Eles mesmos ajudarão a implementá-las. Abra a estratégia e sempre pergunte aos seus liderados se algo está escapando. Isso irá gerar um ambiente de cooperação acelerando o resultado e flexibilidade.
O fato é que a transformação é imperativa. Não há como fugir. É preciso manter e aproveitar a ‘onda’ trazida pela crise do coronavírus. A transformação digital é uma mudança constante e estava sendo ignorada por algumas organizações. Os negócios passarão por um período de retomada, de readaptação, mas essa transformação não precisa ser desgastante como foi no começo da pandemia, surpreendendo a todos da noite para o dia. Para isso, é preciso incentivar essa nova cultura, para que as organizações se antecipem e se preparem para as novas necessidades do mundo VUCA.
Carlos Baptista é especialista em transformação digital e processos ágeis para as empresas. Professor e coordenador do núcleo de seleção de alunos do MBA da FIAP. É empresário, consultor de negócios e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência em TI no Brasil e Portugal.