* Por Paulo Padrão
Quem trabalha com administração de empresas, especialmente em áreas ligadas à tecnologia, certamente já ouviu que os dados são o novo petróleo. De fato, motivos não faltam para essa comparação. Ambos, por exemplo, são indispensáveis para movimentar a indústria e exigem alto grau de conhecimento em sua extração, armazenamento e uso.
A semelhança entre dados e petróleo, claro, é apenas uma metáfora. Mas ilustra bem a importância que a estratégia de inteligência de dados tem para as companhias. Não basta possuir dados; é também necessário saber gerenciá-los para que os registros em estado bruto se tornem algo de valor.
É nesse contexto que a maturidade de dados, ou maturidade digital, tem se consolidado como um componente-chave para o resultado das operações. Segundo levantamentos mundiais, as empresas com estratégias de inteligência de dados mais maduras têm, em média, lucro até 20% maior do que suas concorrentes – e uma redução de custos de até 30%. Durante a pandemia do coronavírus isso ficou evidente, com companhias que sabem usar as informações digitais ganhando destaque diante de consumidores.
O outro lado da moeda, no entanto, é que poucas empresas podem, realmente, afirmar que estão prontas e que contam com um modelo maduro o suficiente para extrair o valor real dos dados. Estudos de mercado mostram que apenas 2% das empresas brasileiras poderiam ser consideradas data-driven, ou seja, com operações verdadeiramente orientadas por dados.
Evidentemente, o caminho para se alcançar o mais alto nível de maturidade de dados é longo e complexo. Essa trilha exige que a companhia empreenda uma jornada de transformação cultural, integrando e aprimorando aos poucos cada departamento ou sistema. Basicamente, se você não está impactando a cultura da organização, não está transformando os negócios.
Uma dica a se considerar é acompanhar o que os líderes de dados estão fazendo no mercado – sobretudo em sua área. Ao observar empresas de segmentos semelhantes, é possível ter bons exemplos sobre como essas organizações estão lidando com ambientes tecnológicos diversos, quais são os cases do setor, os desafios enfrentados e muito mais.
Outro ponto importante é contar com parcerias de credibilidade. Busque fornecedores e especialistas que possam agregar valor à jornada de transformação e amadurecimento para o uso de dados em sua organização e, evidentemente, que possuam reconhecimento de mercado nesse sentido. Invista em tecnologia, adotando não apenas os recursos mais modernos, e sim os adequados para suas demandas.
Para um plano verdadeiramente eficiente e maduro, os responsáveis pela área de dados devem conhecer as características da companhia, as lacunas da operação, as necessidades prioritárias e, ainda, saber como alcançar mais engajamento dos colaboradores nesse processo. Uma opção interessante para atenuar essas dificuldades é começar as implementações e projetos sempre em uma única área. Somente depois que esse setor estiver treinado em suas análises e aprendizados, ramifique e dissemine as melhores práticas para outros departamentos.
É preciso que a estratégia adotada tenha o suporte e o apoio das lideranças executivas e de negócios. O patrocínio deve vir do topo. Se os dados são um dos principais ativos da sua organização, a direção também deve valorizar o trabalho feito com eles.
Ter essa base é fundamental para desenvolver uma estratégia sólida e efetiva para o uso inteligente dos dados digitais. Ao compor esse cenário, com a infraestrutura técnica e especializada, os líderes podem, enfim, se debruçar sobre as necessidades reais do dia a dia. Isso é essencial, pois um dos grandes desafios para se criar uma estrutura de inteligência bem-sucedida é justamente a capacidade de identificar os problemas para a utilização dos registros dentro da companhia.
A pandemia do coronavírus nos mostrou que as coisas podem acontecer de forma imprevisível, nos obrigando a tomar decisões rápidas. Ao investir em um plano de inteligência de dados amplo, contínuo e baseado em confiabilidade, as empresas podem contar com informações assertivas para orientar essas decisões. Quem souber compreender a real importância dos dados estará à frente de seus concorrentes e pronto para enfrentar todo tipo de desafio – por mais surpreendente que possa parecer.
* Paulo Padrão é vice-presidente sênior e diretor-geral LATAM da ASG Technologies.