* Por Alexandre Gotthilf
Recentemente, o modelo home-office, no qual o funcionário trabalha 100% do tempo em casa, se tornou praticamente a única opção para que algumas empresas conseguissem manter suas operações em meio às restrições impostas pela pandemia. Com o avanço da vacinação e maior controle dos casos graves do coronavírus, algumas companhias voltaram a abrir os escritórios e começaram a trabalhar no sistema híbrido, no qual colaboradores exercem suas atividades presencialmente em alguns dias pré definidos.
O modelo híbrido teve resposta positiva tanto para gestores, quanto funcionários, já que a produção não foi impactada negativamente, e em muitos casos até melhoraram. Neste cenário, o que era uma opção emergencial para manter as atividades durante a pandemia, se tornou uma tendência de mercado e dificilmente o trabalho 100% presencial voltará.
Pesquisa da consultoria BMI realizada em agosto de 2021 com 56 empresas, revela que 80% apontaram que o modelo híbrido é ou será adotado pelos escritórios no pós-pandemia. O estudo destaca, ainda, que 66,1% dos gestores entrevistados observaram um aumento de produtividade e que esse é o principal motivo para manter o formato.
Além disso, a maioria dos funcionários também preferem esse novo modelo de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pela Great Place to Work (GPTW), 64,7% dos entrevistados preferem o trabalho híbrido, enquanto 16,4% acham melhor o home office e apenas 11,3%, totalmente presencial. O formato híbrido e home office já se tornaram, inclusive, pré-requisito para alguns candidatos se submeterem ou não a determinadas vagas.
Acredito que essa modalidade contribui, também, para a melhora da saúde mental das pessoas, que se sentem mais confortáveis em trabalhar de casa, por estarem próximas de suas famílias e não terem contratempos estressantes, como enfrentar trânsito ou transporte público lotado em horários de pico, por exemplo.
Tendo se popularizado durante a pandemia, a modalidade de trabalho à distância já era algo bastante comum principalmente em empresas de tecnologia, como é o caso da Plugify, pois já nascemos assim e por isso não sofremos as dores de mudanças drásticas em curto período de tempo, diferente de muitas empresas tradicionais. Estávamos prontos e confortáveis para os desafios impostos no primeiro momento, quando o isolamento social foi mais intenso.
No entanto, para empresas que tinham o modelo 100% presencial como padrão e estão em processo de adaptação, a mudança é mais complexa. As dicas a seguir podem fazer com que essa transição seja feita de forma mais tranquila e eficiente, não apenas para os colaboradores que já fazem parte do time, como também para os que estão chegando na equipe em meio às mudanças.
Para que toda a operação da empresa funcione em sintonia, mesmo com todos os seus colaboradores longe um dos outros, é necessário definir objetivos e metas claras para alinhamento de todos e estabelecer um canal de comunicação para todo o time.
A criação de rotinas eficazes também é um ponto crucial quando pensamos no trabalho híbrido e home office. Além de aumentar a produtividade da equipe, a dinâmica de trabalho tende a se tornar mais virtuosa. O cuidado na hora de agendar reuniões também deve ser implantado. Inúmeras calls são contra producentes e, por vezes, só servem para nos deixar esgotados. O ideal é analisar se de fato aquela reunião é necessária, brifar todos os convidados e deixar os objetivos estabelecidos. Desta forma, ao entrar na sala o papo é fluido e rápido.
Para finalizar, no trabalho à distância é fundamental criar proximidade entre as pessoas que integram o time, mesmo que por meio de encontros virtuais. Estabelecer, de forma recorrente, papos para conhecer melhor o colaborador que está do outro lado da tela, entender suas particularidades e seus anseios. Essa dinâmica, além de melhorar o ambiente de trabalho, proporcionando o entrosamento do time, é essencial para criar o sentimento de pertencimento no funcionário, o que por sua vez impacta diretamente na saúde mental.
O trabalho híbrido é uma realidade e veio para ficar. Por esse motivo é importante que empresas e colaboradores se adequem conforme suas necessidades e atendam às expectativas que essa modalidade nos impõe.
Alexandre Gotthilf é cofundador e CEO da Plugify, startup brasileira de HaaS – Hardware as a Service que simplifica o acesso e a gestão de TI para empresas de todos os portes. O executivo estudou na Graded School e cursou Relações Internacionais na ESPM e MBA em Administração e Gestão de Negócios na FGV. Antes de criar a Plugify, Alexandre foi Gerente Geral na Pitzi e Trader na Cisa Trading.