A Beeva Brazil, foodtech que combina ESG e tecnologia para inovar o mercado de mel e produtos derivados da apicultura, acaba de receber um aporte de R$ 4,5 milhões, através da CapTable, hub de investimentos em startups. A rodada seed atraiu 328 investidores.
Com um valuation de R$ 50 milhões, o desafio da Beeva é aliar a apicultura ao trabalho de preservação ambiental da caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, e geração de renda para a população da região que possui uma das mais baixas taxas de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.
“A caatinga é o único bioma do mundo que podemos chamar de nosso. Mas, ao mesmo tempo, a comunidade inserida nessa região sofre com as mais adversas situações. Por isso, além de trazer um alimento milenar e de grandes benefícios aos consumidores, queremos apoiar os apicultores desta área. É preciso desenvolver a caatinga proporcionando geração de renda aos produtores e trabalhadores da apicultura”, detalha Jatyr Oliveira, CEO da Beeva Brazil.
Startup baseada em ESG
Com o objetivo de atender aos mais altos padrões das práticas ESG, a Beeva empregou tecnologia desde o campo até os apicultores. A sede da empresa, que fica próxima de uma área alagoana de preservação ambiental, utiliza materiais que reduzem o consumo energético. Além disso, consegue reaproveitar a água utilizada e a devolve, após ser filtrada, ao lençol freático.
“Nas últimas cinco décadas, a humanidade fez o planeta sair do equilíbrio em que permaneceu por mais de 10 mil anos. Já transformamos metade das áreas habitáveis do globo em áreas de cultivo e pecuária. Nove entre cada 10 pessoas respiram ar insalubre. Há estudos que indicam que 25% é o limite de desmatamento do planeta, entretanto já atingimos 40% das áreas florestais devastadas pelo mundo. Buscar maneiras de transformar essa realidade é a missão da Beeva”, destaca Jatyr.
Para os produtores, a experiência compartilhada pela foodtech por meio da tecnologia permite extrair, de forma mais eficiente, o mel. Ao mesmo tempo, gera renda perene para milhares de trabalhadores da apicultura. “Acreditamos ser possível conciliar resultado financeiro e desenvolvimento socioambiental”.
Uso do Investimento
Com o aporte em mãos, a foodtech pretende usar para expansão dos negócios em três eixos. O primeiro é lançar novos produtos da linha alimentícia como própolis encapsulada, suplementos proteicos e novos tipos de méis.
Já na segunda vertente, a Beeva visa potencializar seu canal de e-commerce, que atua como B2C e B2B nacional e internacional.
Por fim, no terceiro eixo, o investimento captado será direcionado para marketing e comunicação, englobando fortalecimento da estratégia de marketing digital, ações de automação, ampliação do programa de embaixadores e trade marketing em parceria com key accounts e promoção das novas linhas de produtos.
“Buscamos desenvolver novas possibilidades de produção e consumo dos derivados da apicultura a partir de um modelo de negócio que promova o desenvolvimento sustentável em uma das regiões mais carentes do país”, explica Jatyr Oliveira.
Modelo de negócio
Inserida no mercado de alimentos nacional que tem um faturamento de R$ 656 bilhões ao ano, o que representa 9,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a Beeva possui um modelo de negócio onde adquire a matéria-prima de apicultores, principalmente daqueles que estão inseridos na caatinga, e então realiza o fracionamento dos produtos para venda.
Apoiado ao consumo de alimentos naturais e saudáveis, movimento que ganha cada vez mais força e é responsável por movimentar cerca de R$ 100 bilhões em 2020, a Beeva aposta ainda na inovação por meio de SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque, em tradução livre), cosméticos e bebidas.
Para o cofundador da CapTable, o modelo de negócio consolidado e inovador, alinhado às métricas ESG, foi um dos principais motivos que auxiliaram os investidores na decisão de aportar seu capital na startup.
“Conforme já revelamos por meio da pesquisa “Perfil do Investidor em Startups 2021”, o modelo de negócio é o principal critério dos investidores para aportar em uma startup. A Beeva apresenta um modelo sólido e eficiente dentro de um mercado que não para de crescer. Isso certamente pode ter facilitado a decisão dos 328 investidores em aportar na foodtech”, explica Guilherme Enck, cofundador da CaTable.
Entre os mais de 300 investidores que decidiram investir na Beeva Brazil está Cláudia Abreu, conselheira da Spray Mídia e ex-CEO da Mundo Verde. “A Beeva alinha geração de riqueza com a distribuição da mesma. Trata-se de uma empresa correta, que promove melhores práticas, lucrativa e que ainda impacta positivamente o seu entorno”, declara Abreu.
A rodada de captação da Beeva contou ainda com um coinvestimento do Grupo CT Angels, grupo de investidores-anjo que surgiu por meio do Startup Investor Program, curso promovido pela CapTable em agosto deste ano e que visa, com educação, criar mais valor dentro do ecossistema de startups. O valor aportado girou em torno de R$ 500 mil.
“O Grupo CT Angels nasceu por meio do nosso primeiro curso para investidores. Como um hub de investimentos em startups, a CapTable busca sempre fortalecer este mercado — através da educação — e mostrar o quão importante ele é para o país e todo o ecossistema de inovação”, explica Enck.
* Foto de destaque: Jatyr Oliveira, CEO da Beeva Brazil.
Quer acompanhar de perto todos os investimentos no ecossistema de startups? Siga as redes sociais Startupi e acesse nosso ranking de investimentos do mês.