O ano de 2021 registrou recorde no investimento em startups no Brasil e um forte interesse e esforço das empresas em comprar participações ou adquirir novos negócios em crescimento. Dados do Distrito Dataminer mostram que o volume de aportes em startups brasileiras feitos entre janeiro e novembro foi de US$ 8,85 bilhões, mais de três vezes o total investido no ano anterior. Falando especificamente dos investimentos feitos pelas Corporate Ventures, o volume total investido foi de US$ 662,1 milhões.
Para uma empresa, investir em startups é bem diferente do que investir em um fundo tradicional. Além da rentabilidade com a expectativa de venda futura do negócio a outra organização, esse tipo de investimento abre outras frentes, como entender o processo de transformação digital, fusão das atividades, parceria estratégica e aumento do patrimônio líquido. Ou seja, o retorno financeiro, por si só, não é o único prisma da operação.
“Se pensarmos que a chance de uma startup virar um unicórnio é abaixo de 1% e que o grande interesse de investidores e empreendedores é desenvolver negócios que possam ser vendidos rapidamente para outros, a aproximação com fundos de investimento e iniciativas ligadas a empresas pode ser bem mais interessante que um fundo de venture capital tradicional”, explica João Gabriel Chebante, especialista em “Corporate Venture” do Grupo FCamara, consultoria de soluções tecnológicas e transformação digital.
Para as startups que almejam ter investidores, João aponta 5 dicas que facilitam esse processo e ajudam a chamar a atenção de programas de Corporate Venture. Confira:
1. Estude o mercado de atuação da empresa por trás do programa de Corporate Venture
Por mais que a tese de investimento de Corporate Venture possa ser aberta, e por isso não ligada ao negócio principal da empresa, o momento do Corporate Venture no país ainda é muito inicial. Logo, dificilmente as empresas olharão neste primeiro momento para setores da economia além dos seus domínios. “É importante que a empresa esteja em sintonia com o que o mercado espera dela, trazendo inovações que atraiam o interesse de grandes companhias”, reforça Chebante.
2. Conheça a tese de investimento e as sinergias com o seu negócio
Como dito acima, em boa parte das situações e por causa da maturação ainda inicial das empresas com o ecossistema de inovação, elas irão procurar startups que estejam diretamente atreladas aos negócios principais delas, complementando-as ou gerando novas linhas de receitas. “Neste sentido, é um excelente exercício compreender como você pode agregar valor no relacionamento com a empresa que almeja como sua investidora, para que haja rápido diálogo e interesse”, explica o executivo.
3. Tenha um plano de negócio sucinto e claro
As startups, especialmente em estágios iniciais de desenvolvimento, podem sofrer correções e mudanças à medida que escolhas são feitas e os negócios se adaptam ao macro/microambiente. Por isso, alterações também podem acontecer no aspecto dos investimentos. É importante ter um plano que diga onde os recursos serão alocados, por que e como o negócio vai crescer, além das principais métricas atuais e potenciais de crescimento. “O trabalho de um gestor em Corporate Venture é basicamente analisar planos de negócios a partir de uma estratégia que querem seguir como tese para investimentos. Quanto mais objetivos e claros esses planos forem, melhor”, recomenda Chebante.
4. Lembre-se da importância e relevâncias das pessoas
“Um dos principais gestores de Venture Capital do país adora lembrar aos seus alunos que investir em startups é sempre um jogo sobre pessoas. Mesmo que seja um aporte em negócios em estágio avançado, a avaliação sobre as pessoas envolvidas no projeto terá um peso grande no processo,” garante o especialista. “No caso de um projeto que esteja nos primeiros estágios, esse requisito talvez seja o único ou até mesmo o critério decisivo para o aporte acontecer ou não”, complementa.
5. O fim precisa ser mais interessante que o começo
Quando uma startup é analisada, outro aspecto que o investidor, seja ele capitalista ou dentro de uma corporação, está avaliando é onde existem oportunidades naquele negócio de monetização em médio prazo, ou seja, de venda ou alienação via fusão ou aquisição. O gestor de Corporate Venture analisa a potencial fusão e identifica se há correlação com a expansão da organização-mãe, com novas fontes de receitas, fonte de receita com produtos, serviços, geografias, novos públicos, etc. “Se o empreendedor puder, ao longo da sua jornada, comunicar didaticamente ao investidor a jornada e as oportunidades de saída do negócio, tornará o relacionamento mais fácil e o investimento mais sólido”, finaliza Chebante.
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