* Por Ana Debiazi
Já diz a máxima: “Duas cabeças pensam melhor que uma”. Seguindo essa linha de raciocínio, interagir, compartilhar, buscar soluções em grupo, aprender com os outros, ouvir opiniões e refletir sobre elas proporciona ganhos que podem ir muito além dos planos iniciais, sejam eles quais forem.
Agora trazendo esse cenário a um contexto corporativo, podemos de certa forma associá-lo à prática da inovação aberta, ou open innovation. Afinal, trata-se de uma maneira de inovar descentralizada, disruptiva, que integra diferentes partes a fim de alcançar resultados em comum.
Aliado ao uso de tecnologias provenientes de startups, o conceito que promove a colaboração com pessoas e organizações externas à empresa para inovar torna-se ainda mais ágil e competitivo, gerando valor às soluções investidas.
Por isso, hoje, já ficou claro: quem não apostar na inovação aberta tende a ficar para trás.
Para se ter uma ideia, muitas empresas ainda vão além e constituem seus fundos de investimentos formando os chamados CVC ou CVB, corporate venture capital ou corporate venture builder. Assim, rentabilizam seus negócios de duas maneiras: sanando suas dores e perspectivas de crescimento e conquistando retorno financeiro na venda da participação com startups investidas.
Fato é que enxergar para onde o seu segmento está indo e se pautar nas tendências de futuro pode fazer a empresa se destacar das demais e usufruir das vantagens competitivas. Diante disso, reuni cinco dicas que considero fundamentais para inovar por meio das startups.
1- Leve em consideração a cultura da sua empresa
Sua empresa tem uma cultura que atua no dia a dia com os processos já instituídos, portanto terá dificuldades em absorver a inovação. A criação de um setor interno irá compreender a cultura e integrar os novos processos, que podem ser morosos. A inovação deve caminhar em paralelo às pessoas da empresa, entendendo suas dores e necessidades, seus horizontes. É importante implementar aos poucos e com cuidado na rotina. Todo organismo estranho tende a ser repelido, assim também funciona com a inovação.
2- Parta do seu core business e tenha uma equipe dedicada
Seu negócio tem um core de atuação o qual você já domina. Para que a inovação ocorra, é necessário que pessoas especializadas na área façam o mapeamento dos horizontes da empresa, desde as dores do dia a dia até soluções que podem trazer mais dinheiro ainda dentro do core da companhia, como olhar fontes novas e disruptivas de faturamento, os chamados horizontes um, dois e três.
Não tente misturar as coisas, por exemplo: o gestor de marketing também é o gestor de inovação, porque, no primeiro problema relacionado ao core, a inovação vai ser deixada de lado. Tenha uma equipe focada no processo de inovar, e envolva todos os colaboradores para ajudar no mapeamento dos horizontes, atuando tanto com soluções externas quanto com o intraempreendedorismo.
3- Veja a inovação aberta como um método
Quando iniciar seu processo de inovação, busque parceiros que ajudem a instituir o programa. Lembre-se novamente: sua empresa tem uma cultura e a inovação pode ser disruptiva. É necessário metodologia para implementar processos de inovação. Nesse sentido, vejo muitas empresas frustradas. Normalmente são aquelas que internalizaram os processos e sua cultura, e o dia a dia matou as iniciativas. Como aquelas feitas por programas de matchs, em que as dores são superficiais e as operadoras não ajudam na implementação da inovação.
4- Inovação sem rentabilização do investimento não é inovação!
A inovação aberta não pode ser um custo para a empresa, mas sim um investimento. Como disse, esse processo deve trazer benefícios de acordo com os objetivos por meio do mapeamento dos horizontes. Também deve trazer lucro para a organização, seja com faturamento novo, seja com a venda das participações nas startups.
5- Meça os resultados da forma correta
Ainda vejo muitas companhias se frustrarem por não conseguir mensurar o retorno financeiro em curto prazo. Inovação não é medida rapidamente. O processo traz retornos em médio/longo prazo. É claro que, no caso de dores operacionais latentes, os resultados serão percebidos de imediato. Mas, normalmente, são vistos no aumento da eficiência operacional ou na redução de custos. Para o aumento do faturamento e/ou novo faturamento, a percepção real é em médio prazo. Além disso, os indicadores para medição da eficiência e dos resultados da inovação não são os mesmos usados por empresas convencionais.
Ana Debiazi é CEO da Leonora Ventures, corporate venture builder com DNA inovador e com proposta de trazer soluções para os setores de educação, logística e varejo e promover a aproximação entre organizações já consolidadas e startups .