* Por Gustavo Alves
As agrotechs ou agtechs, empresas de base tecnológica que se propõem a resolver problemas do setor utilizando de novas tecnologias já fazem parte da realidade da vida no campo. O Brasil apresenta mais de 1.5 mil startups atuando no agronegócio, conforme pesquisa Radar Agtech Brasil 2020/2021, elaborado em parceria entre Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Homo Ludens Research and Consulting, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Trata-se de um incremento de 40% quando comparado com 2019.
Os dados mostram a evolução deste setor e modificam a maneira de fazer negócios. Diante da avaliação deste cenário, listei o que considero as principais tendências para o setor até o final de 2021.
1) Análise de dados aplicadas a Inteligência Artificial
Existem diversas soluções que criam formas de coletar dados de inúmeras fontes dentro da propriedade, máquinas, estações meteorológicas, solo, animais, entre outros, mas poucas soluções trazem de fato além das informações, resultados claros e objetivos de quais ações tomar diante dos dados, sendo que este cenário já começou a mudar.
Interpretar os dados coletados no campo e gerar um relatório de ações que devem ser tomadas é o grande foco das agtechs que auxiliam o produtor na tomada de decisão e é o que de fato agrega valor ao produtor.
Atualmente, os produtores rurais assinam contratos de financiamentos baseados em fornecimento de dados e assinatura digital, oferecendo maior segurança e facilitando a tomada de decisão pelos fornecedores de crédito no agronegócio, o que deve se intensificar até o final do ano.
2) Empoderamento dos produtores rurais
Os produtores rurais entendem mais sobre o seu próprio negócio e com a ajuda de dados coletados da própria propriedade, recibos, notas fiscais, análise de solo, condições climáticas, entre outras informações que antes estavam descentralizadas e desestruturadas, e somente serviam para trabalhar fatores pontuais do negócio, começam a ser estruturadas de forma a fornecer histórico e inteligência na tomada de decisão, formando agtechs.
Diante disso, o produtor rural que anteriormente era tido como o elo mais fraco da corrente, detém a informação que seus fornecedores tanto almejam, o entendimento estruturado e baseado em dados reais da porteira para dentro, informações que são extremamente necessárias para tomada de decisão de outros players no agronegócio, como na demanda de máquinas e equipamentos, comercialização, crédito e seguros.
3) Evolução da cadeia de suprimentos
Algumas iniciativas de grandes fornecedores nacionais e multinacionais passaram a acessar diretamente o produtor rural, médios e pequenos, aperfeiçoando a entrega de um produto com melhores preços e condições.
4) Plataformas de Crédito Digital para o Agronegócio – Agfintechs
Um dos setores que mais investe em tecnologia no país já pode acessar o crédito de maneira totalmente digital. As plataformas de crédito rural digital oferecem crédito para o produtor rural com agilidade, redução de burocracia, atendimento diferenciado, além de facilitar o acesso dos produtores localizados em áreas remotas.
As tendências mudam a maneira como a cadeia do agronegócio se relaciona nos mais variados temas, operações, financiamentos, comercialização, agricultura de precisão, seguros, crédito e diversas outras áreas do setor. A revolução 4.0 do agronegócio já é uma realidade e oferece inúmeros benefícios para o produtor e o mercado como um todo.
* Gustavo Alves é CEO da Nagro, agfintech que oferece soluções de crédito para o produtor rural e toda a cadeia.