Empoderar o pequeno e médio produtor de café por meio da tecnologia e desburocratizar seu acesso ao crédito, esse é o propósito da Culttivo, agfintech fundada em 2020 em São Paulo. A startup acaba de receber uma rodada de investimento de R$ 6,2 milhões liderada pelo Fundo Agro da KPTL, uma das principais gestoras de Venture Capital do Brasil, com 64 empresas de tecnologia no portfólio.
O acesso ao crédito é um dos principais gargalos da agricultura e a Culttivo é uma fintech do setor agro com o objetivo de oferecer acesso simplificado ao crédito para produtores de café. Por meio da plataforma, o interessado consegue simular e contratar o financiamento 100% de forma online, com o crédito disponível para uso em até 72 horas após a assinatura dos contratos. Para isso, a Culttivo conta com 19 armazéns gerais credenciados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, principais produtores nacionais.
Brasil fatura atualmente cerca de R$ 70 bilhões por ano com café, sendo que a soma de demanda por crédito é de aproximadamente R$ 30 bilhões por ano. Entretanto, o governo ofereceu R$ 5,9 bilhões em linhas de financiamento em 2021. Ou seja, há espaço de sobra para atuação do mercado privado. Os valores médios de empréstimo da Culttivo giram em torno de R$ 300 mil e a startup já concedeu mais de R$ 8 milhões em crédito desde sua fundação. A meta é alcançar R$ 500 milhões em empréstimos oferecidos em 24 meses.
À frente da Culttivo estão os cofundadores Gustavo Foz (CEO) e Gabriel Santos (COO), além de Gilberto Angelo e Guilherme da Costa Lima. A empresa foi erguida baseada no tripé de experiência com aproximadamente 20 anos dos empreendedores em trading de café e no mercado financeiro, conhecimento profundo do ciclo das commodities e o relacionamento com toda a cadeia produtiva.
Por outro lado, a oportunidade de mercado é enorme, está apenas no inicio. “Além de todos os incentivos financeiros existe uma conjuntura favorável, mostrando canalização de recursos para o agro. Queremos promover empoderamento e desburocratização do crédito para pequenos e médios produtores. É uma janela de oportunidade mal trabalhada pelos bancos”, explica Foz.
Segundo Mariana Caetano, Especialista de Investimentos do Fundo Agro da KPTL, o mercado financeiro está se aproximando cada vez mais do agronegócio. “Isso acontece à medida em que o direcionamento dos recursos oficiais não tem alcançado de forma efetiva parte dos produtores. A Culttivo trouxe uma solução que supre essa lacuna, a de dar crédito a pequenos e médios produtores com rapidez, facilidade e por uma equipe experiente e que entende do mercado agrícola e das demandas dos produtores, o que é bem difícil de se encontrar no mercado”, detalha Mariana.
A Culttivo entra na carteira do Fundo Agro da KPTL, fundo setorial que investirá até R$ 250 milhões em empresas de tecnologia do agro. Entre as atuais investidas estão a Agrisolus, com soluções de Inteligência Artificial para granjas e frigoríficos, e a Agrotools, uma das principais Agtechs brasileiras, com uma solução pioneira de rastreio e certificação. Entre os principais cotistas, está a Tridon Participações, family office do Grupo Jacto.
Uma curiosidade é que a Culttivo é cliente e parceira da Agrotools e utiliza sua ferramenta para garantir sua política de ESG — sigla em inglês para Meio-Ambiente, Responsabilidade Social e Governança. A ferramenta atesta que todo o processo passe por filtros de responsabilidade sócio-ambiental. A Culttivo não faz negócio com produtores que operem em área de desmatamento ou mantenham trabalho análogo à escravidão em suas propriedades.
* Foto em destaque: Os sócios da Culttivo, Gabriel Santos, Gilberto Angelo, Gustavo Foz, Guilherme da Costa Lima.
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