No último domingo (2), o Bitcoin bateu o recorde da taxa de hash, que se refere ao poder computacional usado por mineradores para emitirem novos bitcoins, ou seja, fazer mineração. Quanto mais alta a taxa de hash, mais significa que a fonte é forte e segura.
Segundo Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, isso quer dizer que o potencial de mineração está maior e a rede mais descentralizada.
“Esse potencial caiu quando Ellon Musk criticou o fato de a mineração de bitcoin estar centralizada na China. Então, os mineradores na China tiveram que desligar as máquinas e migrar para outros países. A crítica era com relação à fonte de energia poluente que estava sendo utilizada, que era o carvão. O que vemos agora é que a matriz poluente foi diminuída, o hash alcançou um topo histórico e o problema foi sanado, ou seja, o bitcoin está mais descentralizado e mais forte com rede melhor e mais segura”, explica.
Para Tasso Lago, espera-se uma nova onda de alta do Bitcoin devido ao saque da criptomoeda das corretoras e maior escassez. “Graficamente, estamos caminhando para mais uma nova onda de alta e o bitcoin deve atingir um valor próximo de 120 mil dólares até o fim do primeiro trimestre de 2022. O Ethereum também segue caminho de alta e deve chegar em 10 ou até 12 mil dólares até o fim do mesmo período. Já foram queimados mais de 1 milhão de Ethereum, ou seja, está ficando mais escasso, menos disponível e em breve teremos mais um choque de ofertas. Ou seja, o preço tende a ficar mais elástico e altista”, explica.
De acordo com especialista, o metaverso tende a ficar ainda mais forte em 2022, já que cada vez mais o mundo está olhando para um fluxo de dinheiro e informação menos centralizada, inovações que favorecem o uso de criptomoedas blockchain e desfavorecem empresas centralizadas.
“Boa parte dos ativos que se destacaram no ano de 2021 são do mundo metaverso. Contratos inteligentes como Luna e Fantom são concorrentes do Ethereum e ganharam bastante mercado. Orion atua na segunda camada que busca tornar rede eth mais barata e escalável. Solana também compete com Ethereum. As aplicações de cripto estão se valorizando muito porque estamos vendo muitos projetos se acoplarem a criptomoedas para serem desenvolvidos”, diz.
Para 2022, Tasso aposta em criptomoedas de infraestrutura como Polkadot e Atom. “Cada cripto tem sua blockchain e existe uma briga para ver qual é a melhor. Polkadot e Atom interligam essas blockchains para otimizar a eficiência, ou seja, une todo mundo. Acredito que ambas tendem a se valorizar bastante, assim como as criptomoedas de metaverso também em que eu destacaria o Axy Infinity. Cardano não entregou ainda os contratos inteligentes que promete, ou seja, tem risco maior, mas quando entregar, vai explodir. Assim que sinalizar melhoria da infraestrutura, tende a se valorizar muito”, ressalta.
Andrey Nousi, CFA e CEO da Nousi Finance, empresa de Consultoria e Educação financeira, enxerga forte potencial para a LUNA. “Stablecoins têm crescido bastante, são moedas pareadas ao dólar. Como temos visto muita gente investindo em stablecoins, essa moeda tem subido bastante. Hoje a Terra Lunaestá com capitalização no mercado de 30 bilhões de dólares. Tem subido bastante porque a demanda por UST tende a continuar subindo, já que é descentralizada e a regulamentação americana vai vir com tudo sobre as stablecoins centralizadas. Quanto mais aumenta demanda, maior potencial de aumento da Luna”, explica.
Andrey também destaca para 2022 as criptomoedas CRO, KDA e SAND.”A CRO, da Cryptocom, tem se valorizado muito porque a corretora tem feito programas agressivos de marketing. Comprou arena de basquete na NBA, patrocina UFC, Fórmula 1 e tem cartão que dá cashback em criptomoedas. A KDA se destaca pelo time de programadores forte e por realizar cerca de 480 mil transações por segundo, ou seja, possui alta escalabilidade sem aumentar consumo de energia. Já SAND permite que seus usuários criem seus próprios NFTs dentro do universo de metaverso e comercializem, o que é interessante economicamente para os investidores. Além disso, também está em destaque em grandes campanhas de marketing em parcerias com Snoop Dogg e na série Walking Dead”.
Para Tasso Lago, assim como o investidor em bolsa precisa diversificar em diferentes setores ao montar a carteira para conquistar melhor performance, o mesmo acontece entre as criptomoedas: “A maior parte do capital deve ficar alocada em Bitcoin e Ethereum. Aproximadamente 20% desloca para especular em criptos como MANA e SAND, por exemplo”, diz.
Também, segundo Tasso, é preciso que o investidor tenha estômago para aguentar as volatilidades e perceber o quanto você aceita de flutuação para aguentar posição. “Muitos investidores, em uma queda, ficam assustados e paralisados. Quando se está com medo, é que é a hora de comprar. Não adianta esperar o bitcoin bater os 80 mil dólares para resolver comprar porque a euforia é grande e se entra mal posicionado quando o foguete está subindo. Quando existe uma queda apocalíptica e pessoas desesperadas, é momento de comprar, mas o mercado é muito emocional”.
Por isso, ter caixa é sempre importante para aproveitar oportunidades de compra. “A graça de ter caixa é que, por mais que haja queda, você ainda vai ter como comprar barato em preço legal. Investimento não é só técnica, é comportamental e como lida com flutuação. Ao sentir que fez boa compra, você fica mais eufórico por mais que o mercado esteja caindo. Não é só gráfico, é emocional também. E se você não sabe lidar com emocional, vai tomar tombos. O mercado é feito de ciclos”, complementa Tasso.