A SleepUp, healthtech fundada pelas irmãs Renata Bonaldi, engenheira, e Paula Redondo, cientista da computação, acaba de receber um aporte de R$ 2 milhões dos grupos de investidores GVangels, Aimorés, Poli Angel, Sororité, Jupter, e 4 executivos, para ajudar na missão de democratizar o tratamento de insônia por meio de uma solução digital, acessível e eficaz.
A startup é a primeira terapia digital para insônia a receber a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Por meio de aplicativo, disponível para IOS e Android, a SleepUp utiliza terapias digitais comportamentais e cognitivas baseadas em psicologia e medicina do sono (como, por exemplo, a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia – TCCi), além de recursos de relaxamento e meditação.
A plataforma conta também com atendimento de especialistas por meio de telemedicina por vídeo e chat, além de dashboards na web para o acompanhamento de médico ou psicólogo. Para Angélica Nkyn, líder do investimento pela Sororité, comunidade de investidoras-anjo executivas que apoiam as Female Founders, “a startup se destaca por ser disruptiva e pioneira em ‘medical device’, além do fato de ser liderada por mulheres, que foram critérios para confirmar nosso investimento na plataforma”.
A solução da SleepUp atua na jornada inteira do paciente que sofre de distúrbios do sono, resolvendo uma grande dor das pessoas atualmente. “Tenho mais de 15 anos de experiência na área de inovação e a oportunidade foi identificada durante meu MBA na Inglaterra, onde eu estudava o uso de tecnologias vestíveis para o tratamento de doenças crônicas”, revela Renata, fundadora e CEO da healthtech. Ainda segundo a executiva, foi durante suas pesquisas que o distúrbio do sono apareceu em primeiro lugar entre as queixas dos pesquisados. Essa dor do mercado foi também onde os investidores viram um nicho com bom potencial de mercado e escalabilidade.
“Esse mercado cresce mais de 20% ao ano e tem atraído investidores no mundo todo. A terapia digital melhora a jornada do paciente e o desfecho clínico, e está alinhada com as tendências de medicina de precisão e medicina personalizado”, diz Roberto Ribeiro da Cruz, investidor líder pela GVAngels. Nesse mercado, a SleepUp se destaca como pioneira no Brasil.
“Investimos em startups ainda em estágio muito inicial, nosso olhar é 100% voltado para pessoas e temos certeza que com o time de founders da Sleepup vamos impactar positivamente a noite de sono de milhões de pessoas no mundo”, complementa Natan Sztamfater, investidor pela Aimorés.
O panorama da insônia no Brasil
Segundo pesquisa da Associação Brasileira do Sono (ABS), 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia. Em grandes cidades, como São Paulo, em que o ritmo de vida é muito agitado, os índices são ainda mais altos. Dados do EPISONO (Estudo Epidemiológico do Sono), do Instituto do Sono, revelam que 45% da população paulistana se queixa de insônia ou dificuldade para dormir. Em outra pesquisa realizada pela Euromonitor, 30% das pessoas estão insatisfeitas com as soluções atuais e 50% ainda buscam por novas soluções.
O quadro se intensificou ainda mais durante a pandemia de Covid-19. No Brasil, de acordo com um estudo do Ministério da Saúde realizado com mais de 2 mil pessoas, 41,7% apresentaram algum distúrbio do sono após o início do isolamento, o que acelerou a adoção de soluções digitais na saúde e as terapias digitais, classificadas como Software as Medical Device – SaMD, passaram a receber grande destaque internacional. Alvaro Taiar, que liderou o investimento pela Poli Angels, destaca que “houve um aquecimento muito relevante do mercado de healthtechs durante a pandemia, o que também contribuiu para que aumentasse a procura de investidores por soluções inovadoras neste segmento”.
Terapias digitais, são conhecidas como Digital Therapeutics (DTx) e são definidas como “intervenções terapêuticas baseadas em evidências, conduzidas por programas de software de alta qualidade para prevenir, gerenciar ou tratar um distúrbio médico ou doença”, segundo a Digital Therapeutics Alliance.
O aplicativo traz módulos gratuitos e pagos. A versão disponível gratuitamente dá acesso ao diário do sono, onde o usuário pode registrar a qualidade e a duração das noites dormidas, eventual uso de medicação, além de dicas de vida saudável, um teste clínico e relatórios diários sobre tratamentos. “Oferecer uma versão sem custo, em meio a um mercado extremamente elitizado, democratizando o acesso ao tratamento da insônia, potencializou a decisão de investir nesta iniciativa”, conta Nima Kaz, líder da Jupter.
Com o aporte, a startup mira agora o crescimento no mercado B2B e a internacionalização da marca. Entre os potenciais clientes estão farmacêuticas, operadores e prestadores de saúde e saúde corporativa. Para o futuro próximo, a SleepUp trabalha com projetos de desenvolvimento de algoritmos e Internet das Coisas para o monitoramento do sono, bem como inteligência artificial, visando focar cada vez mais em medicina personalizada e de precisão. Pretende também internacionalizar sua terapia digital para a América Latina, Europa e Estados Unidos, onde busca a validação clínica e regulatória.
Foto de destaque: Time da SleepUp. (Crédito: Divulgação).
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