A Circular Brain, circulartech que mitiga o impacto ambiental de resíduos eletroeletrônicos, recebeu um aporte de R$ 3 milhões em uma rodada seed liderada pela Barn Investimentos e que teve também a participação do BR Angels.
Fundada em 2019, por Marcus Oliveira, Fernando Perfeito e Marcello Fornari, a startup estruturou uma plataforma digital que conecta recicladores com compradores desse tipo de resíduo, integrando toda a cadeia produtiva. A partir daí, vem desenvolvendo programas de logística reversa e soluções globais de destinação ambiental de eletroeletrônicos para usuários como Huawei, GE, Honda, Panco e Intel.
O aporte irá contribuir para a startup passar de 20 recicladores parceiros conectados em 2021 para 100 recicladores parceiros conectados, ao redor do Brasil, até 2025. Hoje, sua rede já é capaz de gerenciar 3 mil toneladas de resíduos e atender 45 contratos de logística reversa com grandes empresas. A meta é alcançar um faturamento entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões nos próximos 12 meses.
“Os resíduos eletroeletrônicos crescem três vezes mais rápido em comparação aos resíduos comuns, mas ainda possuem taxas de reciclagem muito baixas, chegando a 17% no mundo e apenas de 1% a 3% no Brasil. Isso ocorre porque o mercado ainda é muito desconectado e informal. Para mudar esse cenário e melhorar nossos índices de reciclagem e reuso, implementamos um sistema que integra toda a cadeia e é capaz de rastrear os fluxos de produtos, partes, peças e materiais, assim como perdas e rejeitos gerados. Os benefícios vão desde a comprovação de descarte ambiental e cadeia de suprimentos circular, até um lastro de sistema de créditos”, explica o fundador e CIO Marcus Oliveira, que em 2009 lançou com seu pai o Grupo Reciclo, um operador na reciclagem de eletrônicos.
Através da plataforma, empresas compradoras de materiais, partes e peças de eletroeletrônicos podem se conectar com empresas que ofertam serviços ambientais, corporações e fabricantes para elaborar e gerenciar um programa de destinação adequado às suas necessidades. Ao mesmo tempo, a Circular Brain permite que recicladores se especializem e se certifiquem em resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, o que é obrigatório para fazer parte dessa cadeia e gera impacto em empregos diretos e indiretos.
“O modelo atual de reciclagem de eletrônicos é baseado em uma logística que envolve o transporte de material para grandes operadores que estão concentrados principalmente em São Paulo, um processo que gera alto impacto ambiental com emissão de CO2. Fechamos parcerias com diversos pequenos recicladores regionais, que não são acessados por grandes fabricantes de eletroeletrônicos, e disponibilizamos um software de gestão completo. Com este sistema, o reciclador registra a entrada dos equipamentos e a saída de vários tipos de componentes, desde os de maior valor, como ouro, prata e paládio, que são vendidos dentro de uma lógica de urban mining, até os contaminantes, como chumbo e mercúrio, que demandam um descarte adequado”, explica Oliveira.
Com este processo, a Circular Brain permite que fabricantes e grandes empresas usuárias de eletroeletrônicos descartem os equipamentos contratando os serviços de logística reversa oferecidos pelos operadores regionais cadastrados na plataforma da startup, que recebe um percentual das transações fechadas. A empresa também permite aos usuários da plataforma adquirir créditos de logística reversa emitidos e certificados a partir dos dados registrados pelos operadores no sistema.
“Com estes créditos, os fabricantes estão aptos a cumprir suas obrigações legais de coleta de eletroeletrônicos descartados pelos consumidores domésticos. No final do dia, nosso sistema gerencia toda a cadeia, resolvendo o problema do fabricante e do consumidor que deseja descartar seu produto adequadamente”, observa Flavio Zaclis, sócio e CEO da Barn Investimentos.
A demanda por melhores processos de reciclagem ganhou força no Brasil desde o ano passado, quando a logística reversa dos resíduos eletrônicos passou a ser contemplada na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Com o decreto, os fabricantes têm agora que comprovar a reciclagem de 1% da produção de 3 anos atrás, e o percentual irá subir ano a ano até chegar a 17% em 2025. Os grandes consumidores também devem assumir a responsabilidade pela reciclagem.
Para aumentar o engajamento no descarte de forma correta, a Circular Brain formou uma rede de quase 12 mil pontos de coleta em parceria com a startup Kangu, que realiza a coleta e entrega de mercadorias para o comércio eletrônico.
Para Orlando Cintra, CEO do BR Angels, a startup tem grande potencial para impactar o desenvolvimento sustentável no país. “Para o BR Angels, o investimento em um negócio não se limita ao aspecto financeiro. Nós analisamos o contexto em que a startup está inserida, quais benefícios ela pode trazer para a sociedade e para a economia, além do potencial de escalabilidade. Por isso resolvemos apostar na Circular Brain, um negócio que promete mudar a forma como o lixo eletrônico é gerido, trazendo mais segurança para nossos dados e sustentabilidade para nossas companhias”, conta.
* Foto de destaque: Marcus Oliveira CIO, Marcello Fornari CTO e Fernando Perfeito CGO.
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