* Por Bruna Zandonadi Schabbe
O fenômeno da economia colaborativa não surgiu no mundo apenas com a chegada da tecnologia. No Brasil, indígenas já utilizavam o compartilhamento de bens e as redes de apoio dentro das tribos como forma de desenvolvimento da sociedade.
Ocorre que o uso da internet tem trazido uma nova forma de nos relacionarmos com o mundo, inclusive aprimorando a já conhecida economia colaborativa e organizando-a de forma escalável em plataformas específicas para cada nicho.
Pessoas que precisam de algo podem encontrar alguém que ofereça esse algo. A ociosidade passa então a poder ser monetizada.
O número de plataformas especializadas cresce em velocidade inimaginável e, como consequência, tem tomado o espaço de empresas que seguem atuando de forma tradicional, a chamada “velha economia”.
Hoje o leque de possibilidades encontradas é tão amplo, que é difícil até de mensurar.
Algumas das plataformas que mais conhecemos se baseiam em deslocamento urbano, sendo elas Uber, Cabify e 99, Buser, Flapper. Já na logística de transporte de mercadorias, o chamado last-mile aqui no Brasil, conta com a Pakman e Loggi. No setor imobiliário, particulares disponibilizam suas residências como no caso do Airbnb, HomeAway, Home Exchange, Booking. Por sua vez, quando se trata de serviços, usuários do Helpie podem encontrar os mais diversos prestadores, desde marido de aluguel a garçom, na mesma plataforma. No mundo jurídico, grandes corporações contratam advogados correspondentes pelo Diligente ou Jurídico Certo, extinguindo a necessidade de deslocar um advogado da capital para uma cidade do interior para fazer uma única audiência.
O que todas essas plataformas acima mencionadas têm em comum?
No que tange sua estrutura, todas lançam mão de arquitetura escalável, seja por meio de plataformas baseadas na web, seja por App em dispositivos móveis, otimizando a contratação e agilizando as transações entre as partes. Incomparavelmente mais rápido do que ter que aguardar o profissional acessar seu e-mail com uma oportunidade, afinal de contas quem hoje não anda com um celular no bolso?
Todas contam com geolocalização, facilitando o encontro de profissionais próximos ao local de contratação, diminuindo o tempo de procura, seja de um imóvel para passar as férias ou de um chaveiro, que convenhamos, quando precisamos queremos o que estiver mais próximo.
Sistemas de classificação para controle de qualidade, garantem um nível de confiança entre consumidores e prestadores de serviços que não era possível até pouco tempo atrás. Prestadores de serviços e proprietários de bens compartilhados passam a ter flexibilidade na decisão de suas horas de trabalho ou disponibilidade do bem.
A principal razão pela qual os usuários têm dado preferência à colaboração está na economia financeira, afinal não faz mais sentido ter um bem que não é utilizado 100% do tempo se é possível pagar apenas pelo tempo utilizado. Já nos casos de prestação de serviços a maior razão das contratações é uma melhor adaptação aos horários e necessidades do interessado.
Os impactos da economia colaborativa estão em pauta constante, mas é indiscutível que ela amplia sobremaneira as possibilidades de consumo de um usuário. Sendo também inequivocamente mais conveniente, eficiente e escalável que os métodos tradicionais da velha economia.
Bruna Zandonadi Schabbel, Advogada, Fundadora e Diretora Operacional do Diligente, startup membro do Cubo Itaú. Atuação de 9 anos na advocacia, sendo 7 anos de experiência com foco em direito empresarial.