Olhos digitais que enxergam e ensinam um sistema de Inteligência Artificial deep learning através de câmeras convencionais, que vai aprendendo mais e mais. Essa é a proposta da SVA Tech, empresa de tecnologia fundada em Belo Horizonte, em 2014, e que oferece uma sofisticada solução de análise por vídeo em tempo real, transformando imagens em dados.
Quatro anos depois do primeiro investimento da KPTL com recursos do Fundo Criatec 3, a companhia recebe agora uma nova rodada de R$ 6 milhões, que tem entre os coinvestidores a Cedro Capital e a FC Partners.
A especialidade da SVA Tech é criar soluções sob medida para empresas com base na chamada Análise Inteligente de Vídeo (SVA – Smart Video Analytics, na sigla em inglês). A companhia mineira criou um software de Vídeo Software as a Service (VSaaS) para resolver as mais variadas dores dos clientes à medida em que o sistema vai sendo treinado e aprimorado a cada uso. O software de Inteligência Artificial desenvolvido pela SVA transforma imagens em dados que permite analisar a conformidade e comportamentos de ativos da indústria. No portfólio de clientes, grandes nomes como Vale, Gerdau, Air Liquide, SegurPro, CPFL.
Segundo o CEO Roberto Fernandino, parte do investimento será utilizado na reconfiguração do quadro societário e parte para impulsionar a operação, sempre focado no crescimento. “Vamos aumentar a equipe, fazer as demandas de expansão do software que grandes players nos solicitam. E evoluir a plataforma, dando ao cliente a liberdade de treinar as suas redes neurais para usar dentro das mais variadas aplicações. Além disso teremos um incremento das equipes operacionais, desenvolvimento e comercial”, afirma Fernandino.
Para Paulo Tomazela, sócio da KPTL e conselheiro da SVA Tech, a companhia já confirmou que pode ir mais além com estes recursos. “Como todo investimento de Venture Capital, os primeiros aportes são uma aposta. E as novas rodadas premiam as teses mais vencedoras, que demonstraram resultados mais consistentes e grande potencial de crescimento e retorno próximo”, explica Tomazela.
Uma das estratégias da SVA Tech para os próximos anos é a internacionalização, hoje a empresa já tem clientes na Europa e pretende fornecer a plataforma como serviço em outros países, expandindo soluções hoje já aplicadas em clientes no Brasil, inclusive em multinacionais brasileiras. Assim, busca aumentar a receita de exportação de forma relevante através de roll-out, alcançando às plantas no exterior de clientes já ativos no Brasil.
Alessandro Machado, sócio-diretor da Cedro Capital, afirma que a investida vem demonstrando nos últimos anos uma ótima competência tecnológica e comercial. “A empresa explora as mais diferentes aplicações da sua tecnologia de visão computacional em soluções voltadas para processos industriais e de segurança. A adoção dessas tecnologias ainda está em um estágio relativamente inicial em muitos setores, e há muito por ser desenvolvido ainda, gerando oportunidades em diferentes mercados para a SVA Tech acelerar sua expansão nos próximos anos”, detalha.
Ricardo Resende, sócio da FC Partners, conta que a SVA Tech entrou no radar em 2015, quando estava captando sua primeira rodada de investimento. “Apesar de não termos investido na época, continuamos acompanhando de perto a evolução da empresa, uma vez que esta solução de análise de vídeo sempre nos impressionou muito. Além de ser muito inovadora, possui um custo benefício superior à de seus concorrentes, em sua maioria multinacionais. O investimento permitirá à empresa expandir sua operação e alcançar novos mercados ainda inexplorados, o que nos deixa muito entusiasmados”, relata Resende.
Grandes cases deixam clara as potenciais aplicações do software
Os usos do VSaaS são os mais diversos e podem aprimorar processos nos mais variados segmentos. Na chamada Indústria 4.0 o sistema pode monitorar peças e componentes em tempo real, evitando e alertando para possíveis falhas. Um exemplo como a tecnologia dessa startup está transformando o processo de mineração de uma grande multinacional como a Vale.
Com milhares de vagões que transportam minério pelas ferrovias, os trens da Vale são supervisionados por centenas de câmeras que extraem dados das imagens. Por meio das câmeras são analisados em tempo real 98 itens de um vagão, como sistemas de freio, rolamentos, entre outros. O sistema também detecta se os funcionários estão usando capacete, óculos de proteção e outros equipamentos de segurança.
Outro case de sucesso é um projeto elaborado em conjunto com a CPFL, uma das principais companhias distribuidoras de eletricidade do País. Por meio de câmeras, o sistema acompanha em tempo real o andamento das obras de uma subestação. É uma plataforma de gestão de obras automatizada, com câmeras que vão avaliando se os trabalhos estão evoluindo, comparando constantemente com o programado e o cronograma. E sugerindo potenciais melhorias aos gestores.
Aplicado tanto em condomínios quanto empresas e indústrias, o controle de acesso por reconhecimento facial é outra tecnologia da SVA Tech com muita demanda. Com a pandemia, câmeras que controlam temperatura e uso de máscaras foram instaladas em diversas companhias. A plataforma também pode ser configurada para a detecção de presença, de elementos mascarados, fadiga de funcionários e motoristas, de objetos retirados e até para flagrar o uso de celular em locais proibidos. Enfim, a capacidade de aprendizado do software de vídeo análise e interpretação em tempo real é imensa, bem como as possibilidades de aplicação.
Foto de destaque: Roberto Fernandino, CEO da SVA.
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