Fundada em 2014, a Agenda Edu, plataforma que nasceu com o objetivo de ser uma agenda digital para escolas de educação infantil, anunciou a venda da empresa para a Eleva Educação, rede brasileira de escolas que possui entre seus investidores o economista e empresário Jorge Paulo Lemann. Segundo Anderson Morais, fundador e CEO da edtech, a ação envolveu uma necessidade mútua das duas empresas.
“A Agenda Edu buscava expandir a sua atuação de forma ainda mais sólida, com mais capital para dar próximos passos rumo ao sonho grande de fazer da tecnologia uma ferramenta que permitisse uma maior escala e melhoria da educação. A Eleva já nasce de uma visão de fazer educação de forma inovadora e aberta a novas tendências educacionais, sem perder o foco na excelência e no resultado, sempre buscando inovações que fossem capazes de melhorar o desempenho dos seus alunos ou trazer melhorias da eficiência nos processos operacionais. Assim, juntamos as aspirações de ambos para construirmos juntos o melhor ecossistema de soluções que uma escola possa ter para atingir esses objetivos”.
Logo no ano de sua fundação, a Agenda Edu foi acelerada pela Wave Accelerator. Já em dezembro de 2017, recebeu um investimento da DOMO Invest, acompanhado em dezembro de 2018 pela Omidyar Network e Bossa Nova Investimentos. No total, já recebeu cerca de R$ 4,5 milhões em aportes. Desta vez, os valores da transação não foram divulgados. “O que já é público e posso confirmar é que o pagamento aconteceu por meio de cash e ações do grupo Eleva”, pontuou Morais.
As primeiras conversas sobre um possível acordo com a Eleva foram iniciadas em agosto do ano passado e o exit, como é chamado esse tipo de negociação, nunca foi o objetivo, mas também nunca era tratado como sendo impossível. “Para nós, cofundadores e sócios da Agenda Edu, a busca pelo propósito sempre foi a base da tomada de decisão. Quando encontramos a Eleva e vimos a sinergia da nossa cultura, entendemos que isso não seria um ponto final, mas sim um próximo passo”.
Atualmente, a Eleva atende mais de 80 mil alunos em escolas próprias e cerca de 385 mil alunos, se levado em consideração o uso dos produtos e serviços de todas as empresas do grupo. “Certamente isso trará solidez e uma enorme base para teste e uso dos nossos produtos, somada a grande experiência”, completou.
Números da Agenda Edu
A Agenda Edu também coleciona números significativos no ecossistema: atualmente, suas soluções atendem mais de 2000 escolas em todo o Brasil, atingindo quase 1,5 milhões de usuários na base (educadores, responsáveis e alunos). Após a criação, a empresa foi expandindo seus serviços depois que entendeu que o problema de gestão na comunicação e engajamento em ambientes educacionais não estava restrito somente a um segmento em específico, mas a vários.
“Com isso, a plataforma foi ganhando novas funcionalidades e produtos “irmãos” como é o caso do Edupay (carteira digital para cobranças em ambientes educacionais), EduGo! (para gestão de segurança e controle de acesso a escola), EduMenu (com foco em cantinas escolares) e o + Edu (nossa plataforma de cursos voltados para transformação digital e inovação em Educação)”.
A partir de agora, com a participação da Eleva, serão reforçados um dos aspectos fundamentais para um aprendizado dinâmico, que é a comunicação entre famílias e escola, já trabalhado pela Agenda Edu e que é base para a construção de uma jornada educacional sólida. Anderson ressaltou que nessa fase, o envolvimento dos responsáveis é fundamental para o desenvolvimento infantil adequada.
“Além disso, as sinergias construídas junto ao Eleva nos permite trazer produtos já existentes, como o Laboratório Inteligência de Vida, que já atende uma base forte de alunos de educação básica com altíssimo padrão de qualidade, para mais e mais escolas. Fora isso, nosso foco continuará sendo desenvolver novas funcionalidades e produtos ou encontrar boas oportunidades que resolvam dores que ainda não resolvemos”.
Pandemia
Com as escolas fechadas por conta da pandemia do novo coronavírus, o CEO lembrou que a empresa percebeu um aumento considerável do uso das ferramentas pelas escolas clientes: elas passaram a usar cerca de cinco vezes mais os recursos oferecidos pela Agenda Edu, conforme visto nos indicadores internos da companhia. A procura de novas instituições interessadas em utilizar as soluções também foi grande.
“O aumento da procura fica evidente até mesmo no relatório feito pelo Google Startups Brasil, quando apontou que a Agenda Edu foi uma das empresas que mais cresceu dentro da categoria “adoção de novos hábitos” durante a pandemia da covid-19, tendo cerca de 266% de acréscimo nas buscas do Google. Fora isso, dados do Similar Web mostram que passamos de 400 mil acessos mensais em nossa plataforma web para mais de 2 milhões de acessos mensais no auge da pandemia, tendo permanecido em um patamar elevado apesar do passar dos meses”, disse.
Nova fase
O grupo da Eleva Educação já possuía uma unidade de negócios formada por três vertentes: Escolas de Excelência, Escolas Premium e uma plataforma de ensino. De hoje em diante, Anderson está trabalhando junto à sua equipe na criação de uma quarta vertente, focada em inovação e novos negócios. Segundo ele, a intenção é criar um ecossistema de soluções integradas que ajudem a melhorar a eficiência das escolas, o desempenho dos alunos e sua experiência no ambiente escolar.
“A gente segue com a mesma essência, mas com novos parceiros na jornada. Ao meu lado, estará Guilherme Cintra, que vinha tocando as iniciativas de inovação depois de anos como sócio da Gera (sócio majoritário da Eleva) e gestor escolar. Com nossas expertises, tenho certeza de que seremos capazes de construir as soluções que levarão nossas escolas parceiras a um novo patamar de qualidade”.
Por fim, Anderson destacou as lições que a pandemia vai deixar para a educação, um setor que, segundo ele, sempre foi um ambiente muito marcado pelo apego à tradição e processos sedimentados, o que dificultava a aceleração do processo de transformação digital. “É algo compreensível, dada a complexidade que é a gestão de uma escola. Mas a pandemia escancarou que não estávamos preparados para lidar com as complexidades do mundo atual”.
Entretanto, como empreendedor, ele também enxerga a quantidade de oportunidades que surgem do bom uso da tecnologia no ambiente educacional, ressaltando uma grande abertura e interesse dos educadores em se reinventar.
“Precisamos nos lembrar do que aprendemos: a importância da colaboração para a adaptação contínua necessária em um mundo mutante. Sabemos hoje que somos capazes de evoluir juntos para melhorar a educação para nossos alunos. Certamente ainda existe muito a ser feito mas, de forma colaborativa, continuaremos caminhando forte para que as dores das escolas e alunos sejam endereçadas por meio de boas soluções tecnológicas, não como fim em si mesmo, mas como “meios” pela qual pessoas podem resolvê-las”, finalizou.