Desde criança, somos orientados a seguir normas básicas de higiene, tanto na escola quanto em casa. Lavar as mãos antes de fazer as refeições, por exemplo, geralmente realizadas de forma individual, sempre foi um hábito muito comum a todas as pessoas. Porém, em tempos de pandemia, essa atividade não só continua a ser importante como também se tornou uma forma de proteção contra o novo coronavírus.
Por outro lado, o cuidado com o uso de superfícies que recebem contato físico a todo momento, como caixas eletrônicos, nem sempre foi muito levado a sério. Apesar das já conhecidas tecnologias aplicadas aos serviços bancários, como pagamento por aplicativos, nestes tempos, há quem ainda prefira ir presencialmente às agências para quitar seus débitos, ficando mais suscetível à contaminação.
Além disso, com a flexibilização da quarentena em algumas cidades do país, observa-se um outro agravante: muitas pessoas, ao chegarem em seus locais de trabalho, devem registrar sua presença através da autenticação biométrica, o famoso “bater o ponto”. No antigo normal, isso era feito de forma corriqueira, sem grandes preocupações. Agora, dado que o vírus é invisível e pode estar nesses locais, o risco de contágio é maior e o cuidado deve ser redobrado.
Desta forma, visando a segurança de trabalhadores tanto do setor público quanto privado, a Fujitsu Brasil, empresa de tecnologia da informação, criou uma sistema de autenticação baseado nas veias da palma da mão, impedindo o toque direto em um aparelho em que muitos terão acesso. Chamado de PalmSecure, ele funciona da seguinte forma: ao aproximar a parte da mão correspondente para leitura, o software compara o padrão das veias com os dados previamente registrados, através de raios infravermelhos.
Segundo Elizabete Brandão, gerente de Soluções em Segurança da Fujitsu Brasil, o sensor captura mais de 5 milhões de pontos de referência da palma da mão, o que, segundo ela, torna esta tecnologia uma das mais precisas do mundo. “As veias de uma pessoa têm riqueza distinta de características, o que torna as possibilidades de fraude praticamente inexistentes e permite um alto nível de segurança. Sua taxa de falha é de uma em cada 10 milhões”.
A tecnologia, utilizada atualmente por mais de 86 milhões de pessoas em todo o planeta, foi criada em 2004, mesmo ano em que começou a ser usada por bancos no Japão. A elaboração envolveu um intenso trabalho de pesquisa em outras áreas do conhecimento, sobretudo para assegurar que a emissão desses raios infravermelhos não fosse prejudicial à saúde. “A frequência utilizada é a Near-Infrared (NIR), que é absorvida pela hemoglobina oxigenada que está fluindo nas veias. Com a absorção, é possível fazer uma captura do mapa das veias que aparecem visíveis. Esta captura é utilizada para fazer a autenticação do usuário”, destacou. No Brasil, ela começou a ser utilizada em 2006.
Além de funcionar com um registro de presença para trabalhadores, basicamente, o dispositivo pode ser usado em qualquer ambiente que tiver controle de entrada e saída de pessoas. As possíveis aplicações do PalmSecure também incluem pagamentos com biometria, uso em caixas eletrônicos, controle de passageiros em aeroportos, admissão física em áreas fechadas, login em desktops e servidores, além de outras aplicações específicas para cada tipo de mercado. “Na área da saúde, pode ser utilizado para a autenticação de médicos e pacientes (no caso destes, a fim de garantir a identidade no momento de usar um plano de saúde) ou para controle de acesso físico às instalações”.
De acordo com a gerente, com o retorno gradual das pessoas às suas atividades após a flexibilização da quarentena, mais do que nunca, é necessária uma alternativa de segurança conveniente, higiênica e, principalmente, que não exija contato físico. “O reconhecimento facial, por exemplo, é uma opção que não exige toque, mas não funciona com uma máscara facial – item de uso obrigatório na maior parte do mundo atualmente”.
Além disso, segundo ela, a tecnologia da Fujitsu é eficiente e fornece uma maneira de reduzir o risco de transmissão viral, ao mesmo tempo em que eleva significativamente a segurança. “Em um edifício equipado com o PalmSecure, por exemplo, os moradores e colaboradores podem evitar o toque até mesmo no elevador. Com o PalmSecure não há necessidade de limpar teclados digitais ou mecânicos com desinfetantes à base de álcool logo após cada uso – tal medida é imprescindível quando se utilizam os dedos para inserir códigos alfanuméricos em teclados digitais ou mecânico”.
Elizabete avalia o comportamento do Brasil em relação ao uso de tecnologias que forneçam o máximo de segurança sanitária e de dados. “O Brasil é um país que adotou o uso da biometria já há alguns anos, porém, em sua maioria, utiliza a tecnologia de impressão digital, que tem cada vez mais se mostrado não ser uma tecnologia adequada, principalmente pela questão de contato com o sensor (toque)”.
Ela acredita, portanto, que a pandemia pode influenciar de forma definitiva uma mudança geral de comportamento, o que também deve aumentar a demanda por biometrias sem contato. “Importante ressaltar que não é somente o fato de ser uma biometria sem contato, mas também que seja uma biometria que ofereça segurança para os usuários”, finalizou.
Pagamento sem contato em drive-thrus
Apesar da reabertura de alguns setores da economia, muitos ainda não estão funcionando de forma plena em várias partes do país. Em algumas cidades do Estado de São Paulo, por exemplo, o consumo local em restaurantes e estabelecimentos similares, que estão funcionando em horários reduzidos, continua permitido apenas em ambientes arejados ou ao ar livre, respeitando as regras de distanciamento social.
Por outro lado, há quem prefira fazer o pedido sem sair do carro, através dos chamados drive-thrus. Em tempos normais, a solicitação era feita diretamente a um funcionário ou obrigava o consumidor a ter um contato físico com algum sistema, sobretudo para realizar o pagamento. Assim, pensando na comodidade e segurança dos usuários, a ConectCar, empresa de meio de pagamento automático de mobilidade, anunciou uma parceria com a rede de fast food Burger King (BK) para o pagamento sem contato nas refeições.
A tecnologia utilizada no drive-thru, chamada de RFID, consiste em antenas instaladas próximo às cabines de pagamento e retirada que identifica cada um dos clientes cadastrados na plataforma instantaneamente. No momento do pagamento, monitores posicionados ao lado do atendente da loja sinalizam a opção de quitar o pedido com ConectCar, identificando a placa do veículo e o status de pagamento.
Em seguida, ao dizer “Quero pagar com ConectCar”, a transação é finalizada e o cliente pode seguir à próxima cabine para retirar seu produto. “Por meio de integração sistêmica, as informações do adesivo são transmitidas para o sistema de PDV do Burger King, que possibilita o pagamento automático, utilizando o saldo da conta ConectCar, sem precisar pegar a carteira, ter contato com dinheiro, nem mesmo tirar a mão do volante”, explicou Felix Cardamone, CEO da ConectCar.
A solução de pagamento automático foi resultado de um processo estratégico de cocriação envolvendo os times de Tecnologia e Negócios das duas empresas. “Somamos a nossa experiência no ramo de pagamento automático e o know-how do time do BK sobre drive-thru para construirmos a melhor experiência para o cliente. Estamos em um projeto piloto que, em breve, terá expansão para mais lojas”.
Durante todo o mês de agosto, o projeto estará disponível aos clientes ConectCar apenas em uma unidade do Burger King no bairro Jardim da Saúde, em São Paulo. O acordo prevê a implantação da tecnologia, nos próximos meses, em mais de 150 unidades do BK em todo o país que contam com o serviço de drive-thru. Pela primeira vez no ramo de fast food, a empresa pretende expandir a ideia para outros segmentos, conforme adiantou Felix. “Alguns já estão em fase de testes como, por exemplo, lava-rápidos e outros serviços associados a veículos. Diversificar e ampliar os motivos de uso da ConectCar nos leva muito além da cancela, permitindo pagamentos via App ConectCar de forma muito simples, segura e eficiente”.
A base tecnológica utilizada para o pagamento sem contato físico é a mesma dos pedágios e estacionamentos, segmentos nos quais a ConectCar já é bastante conhecida. Entretanto, segundo Cardamone, a experiência neste caso é diferenciada, adequada às necessidades do drive-thru. “Aprimoramos nossa tecnologia para identificação imediata do cliente, sem a intervenção de qualquer outro tipo de interlocutor no processo. Estamos 100% integrados com o sistema BK. A comunicação direta e online permite uma experiência muito mais rápida e fluida, sem nenhum tipo de barreira, além de promover muito mais segurança com o pagamento automático”.
Recentemente, em parceria com a fintech Zapay, a ConectCar anunciou o pagamento de débitos veiculares em seu aplicativo, como DPVAT e IPVA, por exemplo. De acordo o CEO, o novo serviço já está entre os mais acessados da plataforma. “Atendemos uma necessidade de mercado que é trazer inovações para as mais diversas áreas que envolvam veículos, além de entregarmos serviços agregados em nosso app”, afirmou.
Felix afirmou não ter dúvidas de que a sociedade passa por um momento único e que as mudanças relacionadas aos hábitos de consumo, assim como os novos padrões de higiene, reforçam os serviços de pagamento a distância e sem contato como tendência. “O brasileiro é um early adopter de tecnologias e tem mostrado essa preocupação com a segurança e a conveniência que os pagamentos digitais trazem. No começo da pandemia diminuímos em 70% as solicitações de cancelamento e notamos, também, um aumento no uso do nosso produto em estabelecimentos que oferecem gratuidade do estacionamento ao retirar e carimbar o ticket, como a ida a um mercado, por exemplo. Isso revela a preferência do consumidor por produtos contactless, que optam por pagar o estacionamento via ConectCar sem contato físico. Não há dúvida de que a pandemia foi um acelerador desse comportamento que já vinha crescendo”.
Cardamone destacou o investimento da empresa em proteção de dados e segurança da informação e reforçou que a companhia está inteiramente alinhada e comprometida com as disposições da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que ainda não tem uma previsão concreta para entrar em vigor. “Já disponibilizamos aos nossos clientes o canal exclusivo para tratar dos direitos e dúvidas referentes à privacidade e proteção de dados. Somos uma empresa de tecnologia e meio de pagamento e garantir o compromisso de segurança e transparência com os nossos clientes é um valor primordial para a ConectCar”.
Por fim, adiantou que a organização deve lançar grandes novidades relacionadas aos meios de pagamento nos próximos meses. “Temos muitos planos. Somos uma MobFintech apaixonada por tecnologia, inovação e por encantar nossos clientes. O que podemos reforçar é o nosso hub de inovação, que envolve nossos acionistas Itaú e Ipiranga, além dos nossos parceiros, como a Localiza, Turbi e Burger King. Juntos, temos perseguido estratégias integradas que incluem benefícios e experiências exclusivas durante toda a jornada de nossos clientes B2B e B2C”, finalizou.
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