* Por Carlos Baptista
Tradicionalmente, sempre fomos instruídos a frequentar a escola, fazer graduação, estagiar, fazer pós-graduação, doutorado, mestrado, etc. Logo no ensino médio, o estudante já deve escolher a profissão que o acompanhará pelo resto da vida e acaba se especializando dentro dessa área. Por exemplo, ao abraçar o curso de Direito, ele assume que será advogado em sua vida profissional. Mas, no “novo normal”, o que realmente fará a diferença para ser bem-sucedido na carreira?
Em 2017, a consultoria PwC realizou um estudo que mostrou o futuro das profissões em 2030. A expectativa é que ao menos ⅓ das profissões sejam extintas e substituídas por robótica e Inteligência Artificial. Em contrapartida, novas profissões estão sendo criadas e ainda não existem profissionais para assumir esses novos postos. E como os profissionais podem se adaptar a essa volatilidade? Diversas correntes consideram que, para garantir o futuro da carreira, será necessário desenvolver habilidades além das habituais.
Após a pandemia, essas aptidões serão o grande diferencial para vislumbrar um amanhã com maior estabilidade profissional. Ao contrário do que algumas pessoas acreditavam, vivemos o mundo digital há algum tempo e a pandemia acelerou esse processo. Se no chamado mundo VUCA, termo que nasceu do acrônimo das palavras em inglês Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity (em português: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, respectivamente) essas capacidades já eram importantes, no mundo “VUCA 2.0” serão indispensáveis.
Neste futuro próximo, será praticamente impossível imaginar uma profissão tradicional, como por exemplo médico, que não tenha desenvolvido habilidades como empatia, criatividade, flexibilidade ou até mesmo outros conhecimentos técnicos que estejam fora da sua área de aprendizado original. O profissional pode ter escolhido originalmente uma profissão como médico ou advogado e conhecer também, por exemplo, de inovação e tecnologia bem como desenvolver as soft skills. Esse profissional precisará utilizar todo e qualquer tipo de conhecimento para poder enfrentar situações de adversidades, como a que a sociedade vive hoje.
A busca por essas habilidades vai diferenciar quem vai se destacar e potencializar no novo mercado de trabalho dos que encontrarão dificuldades. Diante disso, não é difícil prever o que exatamente será extinto do mercado de trabalho: tudo o que poderá ser industrializado e mecanizado por intermédio da tecnologia e inteligência artificial.
O tipo de habilidade necessária será totalmente mutável de acordo com o momento vivido e com o ecossistema do profissional em questão. O modo mais fácil de conseguir desenvolver essas habilidades é por meio de conhecimentos rápidos e direcionados para uma determinada prática. Esse tipo de aprendizado pode ser acessado em plataformas de nano-learning, ou por meio de palestras, eventos, artigos e livros.
Uma coisa ficou mais do que clara, o método tradicional de ensino vivenciado por tantas gerações ainda é essencial mas já não é suficiente. Para poder se destacar no mercado de trabalho do futuro, será primordial que o profissional seja o protagonista do seu conhecimento. Agindo dessa forma, o seu futuro será mais leve e as adversidades serão superadas com maior sabedoria e flexibilidade.
* Carlos Baptista é especialista em transformação digital e processos ágeis para as empresas. Professor e coordenador do núcleo de seleção de alunos do MBA da FIAP. É empresário, consultor de negócios e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência em TI no Brasil e em Portugal.