A Qualcomm Ventures já atua no Brasil desde o primeiro semestre de 2012, mas ainda não fez nenhum grande investimento – apenas colocou US$ 100 mil na Zoop, que ganhou a edição local de um concurso do fundo.
Carlos Kokron, diretor da Qualcomm Ventures para a América Latina, conversou comigo sobre o que eles querem em uma potencial parceria de investimento. Uma palavra pareceu ser o foco de Carlos na conversa: mobilidade. “Queremos apostar em empresas que tornem as experiências móveis mais interessantes, mais ricas e nobres, que ajudem a remover barreiras”, contou.
Ele conta que o braço de investimentos da Qualcomm busca investir em startups que criem aplicativos, soluções e plataformas para empresas e usuários finais.
“É um leque bastante amplo”, conta Kokron. “Pode ser nas áreas de jogos, mapas, vídeos, comércio móvel, pagamento móvel, tudo o que envolva mobilidade.” A escolha da mobilidade como área de foco de investimentos está diretamente ligada ao negócio central da Qualcomm: tecnologias para tablets e smartphones, além de soluções que podem ser integradas a computadores. “Nossa ideia é avançar a computação móvel e fazer com que a pessoa não precise ficar pendurada na internet fixa ou no Wi-Fi”, disse Carlos.
Por enquanto, as redes de internet móvel não estão em estágio ideal no Brasil, e Carlos reconhece isso. “É uma questão de tempo, sabemos que está havendo investimentos na qualidade das redes e, com redes melhores, os aplicativos ficam mais ricos”, explicou o diretor.
Dois exemplos de investimento da Qualcomm Ventures são o Waze, aplicativo de mapas que ficou em evidência como alternativa aos mapas da Apple, e o Zoom.us, ferramenta de videoconferências pelo celular. “O Waze foi um investimento que fizemos em Israel e a empresa não para de crescer no mundo inteiro. A tecnologia é interessante, porque usa o crowdsourcing, a geolocalização, a mobilidade. É um exemplo de empresa do nosso portfólio”, contou Carlos.
A ideia no Brasil, diz o diretor, é apostar em empreendedores que estejam trazendo soluções novas ou adaptando soluções antigas. “Somos um fundo e, além do aporte de capital, trazemos conhecimento, contatos e clientes”, conta. Segundo ele, a ideia do fundo é trazer capital na fase em que “se você passar na porta do banco ele vai querer pedir outras garantias”.
O foco dos investimentos é minoritário e Carlos afirma que a Qualcomm Ventures acredita no investimento com outros fundos na mesma empresa, já que pensam que isso é positivo para o crescimento da companhia.
A operação local no Brasil do fundo acontece com recursos próprios e não existem metas de investimento. Carlos conta que a Qualcomm viu potencial no Brasil pela demanda local, pelo tamanho do país e pelo quão conectado o brasileiro é. “Existe essa fome e essa sede do brasileiro de usar a tecnologia e estar conectado. Também existem empreendedores resolvendo problemas e trazendo novas utilidades”, disse.
Para 2013, Carlos espera que o mercado brasileiro de startups seja melhor que 2012. “O capital semente é abundante, o que é bastante positivo, e não tenho razão nenhuma para achar que 2013 vai ser pior”, disse. “No ano passado, tivemos alguns lançamentos de empresas na bolsa e elas acabaram frustrando expectativas. Isso gerou um pouco de ressaca e agora as expectativas estão mais reais.”
E se fosse você?
Se fosse empreender hoje em dia, Carlos conta que investiria em setores como saúde e educação móvel. “São setores com cadeias de valor complexo, porque depende de muito mais do que o empreendedor”, contou. Segundo ele, iniciativas envolvendo mobilidade e saúde podem reduzir custos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
“Também gosto de áreas que são aumentadas pelo fato de você estar com a internet no seu bolso, que usam, por exemplo, a geolocalização. Essas soluções são bastante interessantes e podem ajudar a trazer mais publicidade para os celulares”, completou.