O BV, ex-Banco Votorantim, anunciou nesta quinta, (13), um novo investimento de R$ 80 milhões na Weel, plataforma de antecipação de recebíveis, numa aposta para elevar a participação no nicho de empréstimos para empresas médias. Além do aporte, o banco vai ampliar o funding para a Weel em até R$ 800 milhões.
O movimento ilustra como o BV, especializado em empréstimos para compra de automóveis, está casando duas de suas prioridades para acelerar o crescimento das receitas nos próximos anos: empréstimos para empresas menores e investimentos em fintechs.
Esta estratégia foi descrita pelo BV, controlado pelo Banco do Brasil e pelo Grupo Votorantim, no prospecto preliminar da sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), apresentada no início dessa semana. O investimento está sendo feito por meio do braço de inovação do banco, BVx, que tem participações e parcerias com startups de energia renovável, educação e finanças, incluindo Guiabolso e Pravaler.
Segundo o diretor de estratégia e inovação do BV, Guilherme Horn, o investimento revela a percepção de como o nicho de empresas médias ainda é precariamente atendido pelo sistema financeiro tradicional. Emprestar recursos a empresas pequenas virou mais recentemente o novo centro da disputa entre bancos e fintechs, após uma onda de bancos digitais terem se concentrado sobretudo no crédito a pessoas físicas.
No ano passado, o Nubank e o Banco Original, enquanto fintechs de crédito, passaram a abrir contas digitais também para pequenos empreendedores, ao perceberem que muitas pessoas físicas tomavam empréstimos para investir em seus negócios. Além disso, empresas de pagamentos, como Cielo e Stone, estão gradualmente oferecendo mais crédito a empresas. “Estamos vendo que há demanda por parte das empresas, mas que ela ainda não é bem atendida pelo mercado”, disse Horn à Reuters.
Criada em 2015 em Israel pelos brasileiros Simcha Neumark e Shmuel Kalmus, e pelo norte-americano Russell Weiss, a Weel oferece recursos de capital de giro para empresas com faturamento médio anual em torno de R$ 2,5 milhões. A fintech usa inteligência artificial e big data para definir tanto o perfil das empresas que pedem antecipação de recursos quanto das que efetuam o pagamento e afirmam fazer todo o processo em poucos minutos, com taxas para tomador em média 21% menores do que as cobradas no mercado.
O modelo ganhou tração rapidamente. Após ter feito R$ 150 milhões em antecipação de recursos em 2018, no ano passado o valor subiu para mais de R$ 700 milhões. O interesse de investidores vem crescendo na mesma intensidade. Em abril do ano passado, apenas três meses após ter recebido US$ 6 milhões em aporte liderado pelo BV, incluindo os fundos de capital de risco Monashees e Mindset Ventures, a Weel anunciou outro aporte, este de US$ 30 milhões, da gestora de norte-americana Franklin Templeton.