* Por Fabiano Nagamatsu
Ano passado, Web3 foi um dos termos mais populares nas buscas de internet, combinado a NFT, criptoativos e Blockchain. Não é uma coincidência: essas tecnologias têm trabalhado em conjunto para descentralizar o ambiente online e fortalecer o conteúdo desenvolvido por usuários.
O entusiasmo com essa ideia tem tudo a ver com a descentralização do poder no mundo digital. Reunindo a segurança de transações que o Blockchain oferece e o registro de propriedade intelectual proporcionado pelos Tokens Não Fungíveis (NFT), o Web3 promete a construção de um novo paradigma de tecnologias conectadas – não somente as já citadas como também Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial, Machine, Learning, e por aí vai.
Esse conceito não é tão abstrato como parece. Na verdade, já passamos por evoluções na internet. A Web1 teve como premissa o compartilhamento de informações. Já na Web2, foi iniciada a concepção da importância do conteúdo e interações por meio de redes sociais gerado pelo usuário. E a Web3, que não é uma ideia tão nova (foi idealizada em 2014 por Gavin Wood – britânico cofundador da rede de blockchain Ethereum), começa a ser possível com a evolução das tecnologias que depende para seu pleno funcionamento.
Um detalhe importante: descentralização não significa obscurantismo. Na Web3, ainda existe a noção de prestação de contas. Mais do que isso: utilizando a tecnologia do Blockchain, no qual as informações ficam salvas em diversos servidores simultaneamente, existe muito mais transparência nas transações virtuais. Desta forma, é possível que tenhamos o controle dos dados trabalhados e monetizá-los com segurança a partir dessa nova evolução da internet. Ela confere um ambiente mais robusto para trabalhar e desenvolver nossa propriedade intelectual.
No ambiente de empreendedorismo inovador, esse é um avanço tecnológico extremamente relevante. O trabalho colaborativo de softwares abertos será muito facilitado, por exemplo. Podemos começar a trabalhar em um código aqui no Brasil enquanto alguém no Japão, Alemanha ou na China também estão contribuindo. Além disso, é possível vender os códigos muito mais rápido e com segurança. Pensando nisso, a Web3 será um divisor de águas para o desenvolvimento do Metaverso.
Qualquer conteúdo poderá ser monetizado neste novo ambiente. Inclusive este artigo, por exemplo. Eu poderia transformá-lo em um token e receber as criptomoedas a partir da audiência que ele recebe, curtidas e compartilhamentos. A Web3 será repleta de métricas para que possamos extrair dados para análises de sentimento, entre milhares de outras possibilidades.
Claro que tudo tem os dois lados da moeda. Com mais liberdade, também abrimos mais possibilidades para atitudes ilícitas, como lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Por mais que essas práticas sempre tenham sido uma realidade na sociedade tradicional, um argumento contra a evolução dos ambientes digitais é que a fiscalização poderia ser ainda mais difícil. Inclusive pensando em disparos e veiculação de fake news. No entanto, dada a vasta utilização do Blockchain para registro de informação na Web3, seu rastreamento também é facilitado.
De qualquer forma, o progresso existe e novas tecnologias são trazidas à tona o tempo todo. Cabe a nós evoluir como sociedade e utilizá-las de forma responsável e construtiva para melhorar a vida das pessoas e trazer soluções, ao invés de novos problemas.
Fabiano Nagamatsu é cofundador da Osten Moove e mentor de negócios no InovAtiva Brasil, maior programa de aceleração de startups da América Latina, indicado dois anos consecutivos entre os 10 mais influentes em mentoria e investimento do Startup Awards 2019, iniciativa da Abstartups, e finalista como mentor do ano em 2020 e 2021.