O mercado de Venture Capital apresentou retomada em 2024, registrando investimentos de R$ 9 bilhões, um avanço de 17% em relação ao ano anterior. No entanto, o volume de rodadas recuou 46%, passando de 228 em 2023 para 123 no período.
Os dados são do relatório da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) em parceria com a TTR Data, consolidando informações do quarto trimestre de 2024. O avanço do Venture Capital foi impulsionado pelo último trimestre, com transações anunciadas a partir de outubro.
“A recuperação do setor ocorre há alguns trimestres, pois as diligências vêm acontecendo e os empreendedores apresentam boas teses aos gestores. No entanto, a seletividade está maior devido à menor disponibilidade de capital, especialmente quando comparada ao biênio de 2020-21”, afirma Priscila Rodrigues, presidente da ABVCAP.
No último trimestre de 2024, os investimentos cresceram 59% frente ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 3,5 bilhões, mesmo com redução no número de operações.
“O Brasil enfrenta taxas de juros elevadas há quase quatro anos, tornando investimentos de risco menos atrativos, especialmente no Venture Capital”, comenta Priscila. “Apesar disso, boas captações continuam ocorrendo, permitindo que startups sigam em expansão com apoio dos fundos”.
Enquanto o Venture Capital cresceu, o Private Equity seguiu em retração, registrando investimentos de R$ 13,3 bilhões em 2024, uma queda de 44% em relação aos R$ 23,9 bilhões de 2023. No último trimestre do ano, os investimentos em Private Equity somaram R$ 4,8 bilhões, recuo de 51% frente aos R$ 9,8 bilhões do mesmo período de 2023. O volume de operações reduziu-se em menor proporção, passando de 84 para 70, uma queda de 17%.
“O setor de investimentos alternativos tem horizontes longos, com ciclos de seis a sete anos ou mais. Para avaliar o segmento, é necessário observar um período mais amplo e compreender a natureza cíclica do mercado”, explica a presidente da ABVCAP.
Priscila destaca que, além das taxas de juros, fatores estruturais também podem afetar os investimentos no país. Ela cita instabilidades macroeconômicas e políticas como obstáculos para atração de capital. “Internacionalmente, o Brasil é visto como um destino estável para investimentos, mas converter essa percepção em fluxos efetivos depende de sinais claros que garantam segurança jurídica e previsibilidade fiscal e política. Sem bases sólidas, a captação e a retenção de investimentos ficam comprometidas”.
No Corporate Venture Capital (CVC), o crescimento foi de 36% em 2024, com investimentos subindo de R$ 2,2 bilhões para R$ 3,5 bilhões. O CVC envolve investimentos de empresas em startups com sinergia estratégica aos seus negócios.”A TTR analisa outros mercados além do Brasil e observa recuperações e retrações semelhantes em Private Equity e Venture Capital. As diferenças se devem a especificidades locais. No caso do VC, os dados brasileiros se aproximam do que ocorreu no México em 2024, um dos principais players latino-americanos no segmento”, afirma Wagner Rodrigues, diretor da TTR Data.
Confira aqui o relatório na íntegra.
Valores consolidados por segmento e em diferentes períodos

Os maiores deals anunciados entre outubro e dezembro de 2024

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