* Por Henrique Volpi
A IoT terá um grande efeito de mudanças no mercado de seguros e poderá inclusive provocar mudanças no próprio modelo de negócios. Preços e serviços melhores, incluindo aí diversos graus de personalização de ofertas. A IoT e a telemetria trarão uma vasta gama de novos fluxos de dados que devem possibilitar um nível granular de informação. As seguradoras assim poderão disponibilizar produtos “on-demand“, assim como os “pay as you drive”, entendendo e monitorando o comportamento dos usuários na direção ou pedalando.
No caso dos seguros residenciais, na era das casas inteligentes, pode-se ainda prover um trabalho muito mais proativo com serviços de prevenção como:
– Recomendações para economias nas contas de energia elétrica;
– Ajustes nas luzes antes da família voltar para as suas casas com o monitoramento por GPS da sua proximidade;
– Ajustes de ar-condicionado e aquecimento antes mesmo do retorno à residência; e
– Chamadas automáticas para a polícia ou corpo de bombeiros quando necessário.
Com esta nova dinâmica de análise dos fluxos de dados, os “underwriters” não precisam trabalhar apenas com os dados históricos de sinistro e assim ter uma precisão ainda maior.
Por outro lado, a IoT e outras tecnologias, acabam por trazer as “big techs” como Amazon, Google e Facebook e algumas empresas de telecom para o jogo. Muitas destas empresas já têm este fluxo de dados e passam agora a poder fazer a sua monetização. Empresas ricas em dados podem fazer a construção de produtos de seguro e eventualmente contar com uma seguradora parceira ou mesmo cativa. As seguradoras já estabelecidas precisam utilizar esta oportunidade para entregar produtos inovadores junto com as “big techs”.
O ponto mais importante é que tecnologias como telemetria e IoT permitem uma nova abordagem. Ou seja, um trabalho de prevenção para se evitar danos e sinistros.
Já em relação a redução de custos, a quantidade de fluxo de dados pode evitar ou mitigar uma investigação ou vistoria pessoal no local, dando eficiência operacional e até uma experiência melhor para o usuário. Ao longo do tempo a precificação também é impactada positivamente considerando no caso de automóveis, por exemplo: posicionamento via GPS, fluxo de dados de aceleração, condições climáticas, dados do trânsito e informações sobre o estado de estradas e ruas.
Sensores em grandes depósitos podem monitorar a movimentação de produtos e alertar gestores de riscos sobre eventuais problemas ou roubos. Dispositivos conectados estão sendo também utilizados em fábricas e podem de forma automatizadas gerar manutenções de rotina.
No segmento de construção, sensores são sacrificados mas podem também monitorar e alertar o estado do concreto ou qualquer outra informação que possa ameaçar a estabilidade do projeto.
Os desafios são imensos visto que essa grande quantidade de fluxo de dados precisa ser capturada, guardada, analisada e transformada em informação. Dados soltos apenas não são necessariamente relevantes e transformá-los em informações de negócios é o grande objetivo.
Muitos dados. Grande mudanças. Oportunidades.
Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.