Os professores Carlos Américo Pacheco e Julio Gomes de Almeida, do Instituto de Economia da Unicamp, fizeram uma análise da política de inovação brasileira e chegaram a uma recomendação: é preciso mais ousadia e esforço. “As políticas de inovação no Brasil precisam levar em conta as enormes desvantagens relativas associadas à competitividade sistêmica do País. Como em outros casos de políticas que obtiveram êxito, a exemplo da política agrícola, é preciso compensar essas desvantagens. Isso exige instrumentos mais poderosos do que aqueles utilizados por nossos concorrentes”, recomenda o artigo, divulgado pela agência da inovação da Unicamp.
Segundo os pesquisadores, existe uma “quase dissociação” entre as políticas de inovação e industrial e a política de exportações que impede um crescimento mais robusto dos indicadores de inovação. Por isso, eles pedem revisão nas regras.
Entre os pontos expostos no estudo estão a necessidade de modificações que tornem as renúncias do setor mais efetivas e a ampliação da destinação de recursos destinados às pequenas e médias empresas. “Uma das mudanças sugeridas é que a subvenção, que prevê a oferta de recursos à empresa inovadora sem a necessidade de reembolso, possa ser usada para despesas de capital — por exemplo, para a aquisição de equipamentos —, e não somente para as despesas de custeio”, diz o texto divulgado pela agência da Unicamp.
O artigo fala também da escassez de investimento na infraestrutura de serviços técnicos e tecnológicos no país. “Uma regra básica, que o País não acompanha, é que os investimentos nas chamadas Tecnologias Industriais Básicas são efetivos quando na ponta são alocados cerca de três vezes mais do que nos órgãos centrais. A capacidade de investimento do Inmetro e do INPI foi recuperada, mas a rede de serviços, incluindo aqui especialmente o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], precisa receber recursos de fomento para poder dar capilaridade e estender esses serviços a um amplo conjunto de usuários”.
Veja um texto disponibilizado no site da Unicamp:
Foto: Eduardo Amorim