A Tupy, multinacional brasileira que desenvolve e produz componentes estruturais em ferro fundido de elevada complexidade geométrica e metalúrgica, anunciou uma parceria inédita com a USP para o desenvolvimento de pesquisa em reciclagem de baterias de lítio, cujo investimento inicial é de cerca de R$ 4 milhões.
O projeto de inovação será conduzido por 15 pesquisadores e, ao longo dos dois anos estabelecidos para a pesquisa, o número pode chegar a 20 profissionais envolvidos, entre professores, doutores, mestrandos e técnicos. Além da Tupy e da Escola Politécnica da USP, estão envolvidos na parceria a Fundação USP e o Embrapii.
Hoje, grande parte dos processos de reciclagem de baterias são por piro metalurgia, no qual a matéria-prima é incinerada. Além de consumir muita energia e gerar emissões de carbono, há grande perda na recuperação de materiais, principalmente, do lítio.
A iniciativa faz parte dos estudos que vem sendo conduzidos internamente, abrangendo diversas tecnologias que têm sinergia com os conhecimentos e segmentos nos quais a Empresa atua. “A pesquisa será concentrada na técnica de hidro metalurgia, um processo em que a matéria-prima é dissolvida em soluções ácidas e, então, extrai-se a substância desejada. Esse método consome menos energia, gera menos emissões de carbono e possibilita uma maior recuperação de materiais”, diz Élio Kumoto, gerente da Tupy Tech.
Os estudos serão conduzidos no Laboratório de Reciclagem, Tratamento de Resíduos e Extração da Escola Politécnica (Larex) e serão coordenados pelos professores Denise Espinosa e Jorge Tenório, ambos com mais de 20 anos de pesquisa em reciclagem de baterias.
“Um desafio importante para a viabilidade dos veículos elétricos é o ciclo de vida de produto, principalmente, quando falamos das baterias, que contêm uma variedade de matérias-primas metálicas, de terras raras e não renováveis. Para isso, é necessário investir em reciclagem, o que diminuirá a necessidade de extração e o impacto ambiental”, diz Jorge Tenório, coordenador do Larex e da Unidade Embrapii Tecno Green, sediada na USP.
Fernando Cestari de Rizzo, CEO da Companhia, destaca a sinergia do projeto com a estratégia da Tupy. “Acreditamos que conhecimento gera transformação. Foi investindo em P&D que a Empresa cresceu e se tornou referência mundial em componentes estruturais para o setor de bens de capital. Buscamos continuamente novas oportunidades de negócios que demandem soluções tecnológicas em metalurgias complexas e materiais. Somando isso à nossa forte atuação na economia circular, faz muito sentido que sejamos habilitadores desta iniciativa.”
A parceria é parte do planejamento estratégico da Tupy, que possui duas novas frentes de trabalho: a Tupy Tech, concentrada em projetos de P&D disruptivo para as oportunidades que possam ganhar ênfase mercadológica e serem escaláveis, e a Tupy UP, que visa converter, acelerar e escalar oportunidades em novos negócios e promover melhorias nos existentes, por meio da inovação e da transformação digital.