* Por Diogo Catão
Já faz um tempo que não há mais possibilidade de fugir do digital. Atualmente, a nossa sociedade é impactada de todas as formas pela inovação tecnológica e ferramentas criadas para solucionar problemas e otimizar processos no nosso dia a dia, tanto no âmbito pessoal como no profissional. Desde o portal de notícias que você confere no smartphone, ao acordar, passando pela transferência bancária via pix, a visualização das câmeras de segurança do condomínio na tela do seu celular, a emissão daquela nota fiscal, até a assinatura do contrato de trabalho. Hoje, tudo é digital.
Ainda temos um problema a ser superado quando falamos de inclusão digital, mas acredito que todos que estão lendo este artigo devem utilizar algum recurso que facilite sua vida por meio da tecnologia. São vários apps no smartphone, redes sociais, dispositivos eletrônicos, ferramentas de gestão de tarefas, organização de dados, compras, vendas e até mesmo as formalidades da nossa vida cívica, mostrando que essa transformação extrapola a esfera privada.
Em artigo de julho de 2021, na MIT Technology Review, Gustavo Caetano, CEO da Sambatech e Samba Digital, diz que “apesar do Brasil ser considerado, já há alguns anos, um polo crescente de tecnologia, há quem diga que a Transformação Digital só foi alavancada por um mix da urgência de mudança causada pela pandemia da Covid-19”. No mesmo artigo, Gustavo fala da pesquisa feita pela Samba Digital para mapear o mercado de transformação digital no Brasil. 45,7% das empresas brasileiras já estão implementando estratégias nesse sentido, enquanto apenas 1,9% não possuem planos.
Com o poder público não é diferente. São diversos os desafios que o setor enfrenta para oferecer melhores serviços para os cidadãos e tornar a vida de todos mais prática e ágil. Desafios esses que foram potencializados com a pandemia, trazendo uma nova camada de necessidades.
Imagina precisar comprar um imóvel ou renovar algum documento, e toda burocracia que esses procedimentos costumam envolver, no auge do isolamento social. Além disso, percebemos que várias outras questões influenciam na imagem que a sociedade tem do setor público: corrupção, descrença nos governantes e representantes, morosidade nos processos, desigualdade econômica e social, contexto político instável etc.
Apesar de ainda termos muito a evoluir enquanto organização social, não quer dizer que essa transformação esteja distante. O que antes era considerado utopia, hoje é uma realidade bem presente em diversas organizações.
Soluções que visam eliminar papel, otimizar processos, digitalizar serviços, promover análise de dados para tomada de decisão, gestão de orçamento, comunicação com os cidadãos, entre outras, já mudam a rotina de muitas empresas. Fazê-las se espalharem pelo poder público é questão de tempo, trabalho e educação. E já temos dados bem animadores.
Segundo Letícia Piccolotto, fundadora do BrazilLAB, o Brasil foi citado pela ONU como o 2º país das Américas em serviços digitais. Ele também está entre os 20 países com melhor oferta de serviços públicos online do mundo, já tendo eliminado 146 horas que o cidadão desperdiçava em deslocamento, filas e burocracia todos os anos. Ela ainda diz que em 2019, com a oferta de 500 serviços digitais, houve uma redução de R$ 345 milhões nas despesas anuais do governo;
E como encontrar essas soluções que estão transformando as instituições públicas no Brasil? Muitas são as startups que se dedicam a criar ferramentas voltadas para o setor público e suas necessidades, visando sempre o valor que esses serviços oferecem para a população, as chamadas Govtechs.
Precisamos acreditar nessa realidade e educar nossos gestores públicos para essa transformação, que ela pode ser realidade na rotina do setor público e que isso vai melhorar a vida de toda a sociedade.
Sempre vão surgir novas tecnologias e cabe aos empreendedores a visão de identificar quais dores do poder público estão precisando ser sanadas por meio delas. Assim, novas ferramentas e soluções podem ser desenvolvidas para resolver os problemas das instituições públicas e, assim, também impactar a sociedade positivamente.
E aos gestores públicos, o recado é ficar de olhos sempre atentos para promover essas melhorias das quais não podemos mais escapar. A conexão entre Poder Público e Govtechs é indispensável para avançarmos rumo à excelência nos serviços públicos prestados a toda a população.
Diogo Catão é CEO da Dome Ventures, Corporate Venture Builder focada em Startups Govtech, lançada em Setembro de 2021 e já com grande captação de recursos financeiros em duas rodadas, com 26 investidores.