O quadro Atores do Ecossistema de hoje apresenta Isadora Azzalin, uma empreendedora e entusiasta do ecossistema de startups, que trilhou uma jornada única, marcada por desafios, rumo a um compromisso apaixonado com a construção de um Brasil mais justo e tecnológico.
A história de Isadora começa em um ambiente familiar comum a muitos brasileiros. Criada por sua avó materna, devido à intensa rotina de trabalho de seus pais, Isadora já mostrava sinais de rebeldia e curiosidade desde jovem. Sua avó, uma figura forte que fugia de casa para estudar contra a vontade dos pais, influenciou significativamente sua trajetória.
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Desde cedo, Isadora teve contato com o empreendedorismo, principalmente o por necessidade. “Minha avó saiu de casa muito nova e foi fazer a vida como empregada doméstica. Ainda jovem, ela conheceu o avô, que tinha acabado de chegar ao Brasil da Itália. Meu avô era filho bastardo, e veio para o Brasil com o pai dele. Meu avô era típico italiano: brincalhão, divertido e trabalhador. Minha avó tinha vendinha dentro de casa, coisa de bairro”, conta.
A família de Isadora é marcada por mulheres pioneiras. Sua mãe foi a primeira da família a cursar um curso superior e, com o empreendedorismo dos avós, Isadora absorveu valores fundamentais desde cedo. A mãe, que passou por uma carreira internacional de sucesso, enfrentou desafios com um diagnóstico de câncer, mas isso não a impediu de fundar uma startup após a recuperação. “Minha mãe é uma heroína”, garante.
Quando chegou sua vez de escolher um curso superior, cogitou urbanismo, direito ambiental e até veterinária, mas aterrissou na área de Relações Internacionais, graduando-se na ESPM após um período na Itália. “A faculdade lá era totalmente voltada para a teoria, algo muito acadêmico. Depois de cursar um ano lá, decidi voltar para o Brasil e concluir os estudos aqui, que tem um ambiente mais voltado para o mercado, algo bem mais ‘mão na massa’”, diz. Sua carreira ganhou um novo rumo quando ela mergulhou no empreendedorismo durante a faculdade, organizando eventos e trabalhando com empresas internacionais.
Uma das primeiras grandes atividades de conexão com comunidades realizadas por Isadora foi a organização do Eneri, Encontro Nacional de Estudantes de Relações Internacionais. “Nessa edição, foram mais de 2 mil estudantes participantes. Ali eu tive um ‘banho de loja’ de cultura do Brasil, conheci muitos ‘brasis’, muitas realidades diferentes e aquilo me encantou profundamente”, lembra.
Isadora Azzalin por dentro do ecossistema empreendedor
Depois de quase meia década trabalhando em corporações, atuando com RI, ela decidiu que seu lugar era dentro do ecossistema empreendedor. “Eu abria o Sympla e me cadastrava em tudo o que tinha de graça em São Paulo para explorar. Acabei conhecendo muita gente. Foi ali que eu conheci o Cubo, Inovabra, Insper… Tudo por conta dos eventos gratuitos”. Foi nessa época em que começou a empreender com startup.
O envolvimento com a Pólen, uma startup de resíduos industriais, a levou ao ecossistema de inovação, onde sua participação no CASE foi um divisor de águas. Ali, ela se conectou com comunidades em todo o Brasil, participou do Startup Weekend e organizou três edições do evento, e em 2019, ingressou no time de comunidades da Associação Brasileira de Startups, ampliando seu impacto e organizando o primeiro FALCOM, iniciativa de formação de lideranças.
O ano de 2020 trouxe desafios inesperados com a pandemia, mas Isadora não se deixou deter. Trabalhando na Associação Brasileira de Startups, ela liderou iniciativas online para fortalecer comunidades, culminando na criação da versão online do StartupON, evento itinerante da Associação e da Jornada da Pessoa Voluntária em Comunidade de Startups. Seu objetivo de realizar mais de 60 eventos em todo o país foi impactado, mas sua dedicação às comunidades permaneceu firme. “A gente tem pessoas boas no Brasil inteiro, mas as oportunidades estão concentradas. A gente tem que mudar isso, é injusto.”
Então, em 2021, Isadora ingressou no hub State, focando em Cientistas, Cidades Inteligentes e Criativos. Seu desejo de explorar o lado das corporações a levou a uma jornada de inovação aberta. “Eu conhecia bem o lado das startups e o das comunidades, faltava eu conhecer o lado das corporações. Trabalhar com os cientistas também me ajudaria a conhecer o lado acadêmico do ambiente de inovação”, lembra.
Depois de se recuperar de um burnout e viajar de carro por seis meses pelo litoral brasileiro, ainda em 2021, Isadora migrou para o Sebrae. Com o objetivo de transformar a realidade dos empreendedores das 645 cidades do estado de SP, Isadora liderou o projeto Comunidade 645, impactando centenas de municípios e promovendo a colaboração entre agentes municipais para impulsionar a inovação.
Agora, Isadora levou sua energia para a Inovenow, uma das maiores edtechs do Brasil, onde promove o Acelera Nordeste, um programa de aceleração de startups com foco em comunidades e mentores. A visão de Isadora vai além do empreendedorismo; ela aspira a um Brasil mais justo, diverso e tecnologicamente avançado.
“Eu estou muito certa do mundo que eu escolhi trabalhar, é algo que eu vou fazer para sempre. Eu fiquei muitos anos “perdida profissionalmente”, mesmo que eu ganhasse bem e fosse promovida, eu não gostava do ambiente. Eu achava que o problema era comigo”, afirma. Hoje, realizada profissionalmente e com impactos concretos nos negócios de empreendedores do país inteiro, Isadora se vê inspirada. “Meus maiores sonhos são ver as pessoas do Brasil com mais oportunidades, um Brasil mais justo, em que a cor da pele importe menos, um país em que a gente tenha mais pessoas diversas em lugares de destaque, que a gente tenha mais negócios de alto valor agregado sendo criados e renda sendo distribuída, que a gente tenha um olhar positivo na construção das coisas. E as startups se propõem a fazer isso: olhar um problema e criar uma solução. Além disso, um país mais tecnológico. Eu quero ver um país mais desenvolvido nesse sentido. Olhando no micro, a gente tem as vidas transformadas também, como aconteceu comigo.”
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